Saiba qual a capacidade nuclear da Coreia do Norte
Veja quais são seus objetivos e possíveis consequências segundo explicações de Crispin Rovere, especialista australiano em política nuclear
Da Redação
Publicado em 6 de janeiro de 2016 às 10h29.
A Coreia do Norte anunciou nesta quarta-feira ter realizado seu quarto teste nuclear , o primeiro com uma bomba de hidrogênio.
Veja quais são seus objetivos e possíveis consequências segundo explicações de Crispin Rovere, especialista australiano em política nuclear.
A Coreia do Norte é uma potência nuclear?
Crispin Rovere: Não, ao menos por enquanto, porque não demonstrou sua capacidade de equipar um míssil balístico com uma carga nuclear.
Mas avança no campo tecnológico. Já havia realizado três testes nucleares, em 2006, 2009 e 2013, provavelmente com bombas de plutônio de baixo rendimento nos dois primeiros e de urânio no terceiro, neste caso talvez com um artefato miniaturizado.
No quarto afirma que se trata de uma bomba termonuclear de hidrogênio.
Os especialistas têm suas dúvidas: "Os dados sísmicos indicam que a explosão não é compatível com a provocada por uma bomba H".
Qual é a capacidade balística de Pyongyang?
CR: O foguete lançado em dezembro de 2012 e a colocação em órbita de um satélite (que não sobreviveu) foi essencial para o desenvolvimento de um míssil balístico intercontinental (ICBM), embora persistam os obstáculos técnicos.
Os especialistas ressaltam que o foguete entrou no espaço mas não retornou à atmosfera seguindo uma trajetória de tiro contra um alvo terrestre.
A Coreia do Norte demonstrou que podia enviar um foguete ao espaço, mas que era incapaz de fazê-lo voltar à Terra.
Também estimam que levará muito tempo para poder introduzir uma carga nuclear em um míssil balístico intercontinental.
Onde ocorreu o teste?
CR: Assim como os anteriores, ocorreu nas instalações nucleares de Punggye-ri, em uma região isolada e montanhosa do nordeste do país, a 100 km da fronteira com a China e a 200 km da fronteira russa.
Os especialistas sul-coreanos estimam que a construção do complexo começou há mais de 20 anos. Satélites espiões o observam, pelo menos até as últimas semanas.
Para que serve este quarto teste e por que agora?
CR: "O objetivo é, acima de tudo, mostrar ao mundo que a Coreia do Norte se dotou de tecnologia em seu programa de armas nucleares, com uma bomba de hidrogênio que fornece bastante potência graças à fusão nuclear, enquanto as anteriores se baseavam na fissão", explicou à AFP Toshimitsu Shigemura, professor da Universidade de Waseda e especialista em Coreia do Norte.
"Este teste é, na realidade, em preparação para um congresso do partido em maio. Até este momento Kim Jong-Un não tinha grandes conquistas a exibir, mas agora pode se utilizar deste êxito que seu avô e seu pai, Kim Il-Sung e Kim Jong-Il, não puderam reivindicar", acrescentou.
Kim Jong-Un considerou provavelmente que era o momento ideal porque os Estados Unidos estão ocupados em outros lugares (Síria, Iraque, Arábia Saudita e Irã) e o presidente chinês enfrenta dificuldades econômicas, afirma Shigemura.
Quais são as consequências internacionais?
CR: O teste será analisado no exterior (Estados Unidos, Coreia do Sul, Japão), mas é possível que pouco se saiba dele, para além da informação comunicada pelo regime norte-coreano.
A China, principal interlocutora de Pyongyang, "enfrentará uma pressão crescente, ao mesmo tempo nacional e internacional, para punir e frear Kim Jong-Un e para obrigá-lo a renunciar as suas armas nucleares", estima Xie Yanmei, analista do International Crisis Group no norte da Ásia com sede em Pequim.
As relações com a Coreia do Sul também podem se ressentir e Seul pode se ver tentada, como o Japão, a reforçar seu arsenal legislativo e militar diante da ameaça representada pelo regime comunista norte-coreano.
Os testes nucleares de mísseis anteriores foram condenados e punidos através de resoluções do Conselho de Segurança das Nações Unidas, que se reunirá na quarta-feira.
Probabilidade: alta O conflito de maior risco para 2016 é a intensificação da guerra civil na Síria resultante do aumento do apoio externo às partes beligerantes, inclusive intervenção militar de potências.
Probabilidade: moderada O segundo maior risco, segundo o relatório, é o de um ataque com vítimas em massa nos Estados Unidos ou em algum país aliado. O governo americano também teme a ocorrência de um ciberataque às infraestruturas críticas do país.
Probabilidade: moderada Outra preocupação é a eclosão de uma crise severa com/ou na Coreia do Norte causada por mísseis, armamento nuclear, testes balísticos, alguma provocação militar, ou, ainda, devido à instabilidade política interna.
Probabilidade: moderada Um ponto de atenção constante é o risco de instabilidade política nos países da União Europeia decorrentes tanto do grande fluxo de refugiados e imigrantes, como de crescentes agitações da sociedade civil, ataques terroristas isolados, ou ainda da violência contra refugiados e imigrantes.
Probabilidade: alta Contínua fratura política na Líbia, com intensificação da violência e mais intervenção militar por parte dos Estados Árabes.
Probabilidade: alta Aumento das tensões entre Israel e os territórios palestinos, difundindo protestos, ataques contra civis e confrontos armados.
Probabilidade: alta Intensificação da violência política na Turquia envolvendo vários grupos curdos e Forças de segurança turcas, exacerbada pelo transbordamento da guerra civil síria.
Probabilidade: alta Aumento da instabilidade política no Egito, incluindo ataques terroristas, particularmente na Península do Sinai.
Probabilidade: alta Aumento da violência e instabilidade no Afeganistão resultante do fortalecimento da insurgência talibã.
Probabilidade: alta Contínua divisão do Iraque devido a ganhos territoriais pelos extremistas do Estado islâmico, acompanhada da violência sectária entre sunitas e xiitas.