Mundo

"Sábio" italiano diz que plano de Napolitano é inútil

Valério Onida admitiu que a iniciativa de Napolitano não é mais que uma solução temporária para que o Parlamento possa eleger o novo chefe do Estado


	Giorgio Napolitano, presidente da Itália: o plano de Napolitano é identificar as reformas necessárias para solucionar a incógnita da política italiana.
 (Fabrizio Bensch/Reuters)

Giorgio Napolitano, presidente da Itália: o plano de Napolitano é identificar as reformas necessárias para solucionar a incógnita da política italiana. (Fabrizio Bensch/Reuters)

DR

Da Redação

Publicado em 4 de abril de 2013 às 16h52.

Roma - Um dos "sábios" que compõem as duas comissões constituídas pelo presidente da Itália, Giorgio Napolitano, para buscar soluções ao atual bloqueio político do país admitiu que a iniciativa em questão é "inútil".

Valério Onida, presidente emérito do Tribunal Constitucional italiano e um dos quatro membros da comissão de analistas jurídico-institucional, afirmou que essa é sua opinião sobre os grupos de trabalho que integra. As declarações de Onida, que não sabia que estava sendo gravado, foram ao ar nesta quinta-feira na "Rádio 24".

Na ocasião, o presidente emérito do Constitucional italiano atendeu uma ligação de uma senhora que se fez passar pela cientista social Margherita Hack e passou a contestar o comentário da interlocutora sobre a "inutilidade" destes grupos de analistas, anunciados no último sábado por Napolitano para identificar as reformas necessárias para solucionar essa incógnita da política italiana.

Desta forma, Onida admitiu que esta iniciativa, promovida por Napolitano após o fracasso das duas rodadas de consultas com os partidos, não é mais que uma solução temporária para que o Parlamento possa eleger o novo chefe do Estado, que poderá dissolver as Câmaras e convocar novas eleições caso não consiga formar um governo.

"É provavelmente inútil. Serve para cobrir este período de bloqueio, já que o Parlamento não alcançou uma solução, enquanto a eleição do novo presidente ocorrerá dentro de 15 dias... Então, o novo presidente poderá fazer novas tentativas ou, no máximo, dissolver as Câmaras", declarou Onida.

"Portanto, este período de bloqueio fica assim um pouco coberto, podemos dizer assim, por esta tentativa, esta coisa (...) Mas, eu concordo que não servirá para nada fundamental", acrescentou.


O interlocutor lhe pergunta se pelo menos estes grupos de analistas deverão propor uma mudança da lei eleitoral, algo no que Onida confia.

"Penso que voltaremos a votar, em breve ou muito em breve. É um Parlamento bloqueado. Grilo não quer saber de nada (...) Berlusconi naturalmente espera ter alguma vantagem ou proteção, enquanto o PD fez esta tentativa de se atirar à piscina com Grilo e não conseguiu. E há um bloqueio", acrescentou Onida, ao falar das posturas do líder do Partido Democrata (PD), Pier Luigi Bersani, do ex-primeiro-ministro Silvio Berlusconi e do comediante Beppe Grillo (M5S).

Em relação a Berlusconi, Onida declarou que o mesmo é um "idoso" que deve se dedicar "ao desfrute de sua aposentadoria e deixar os italianos em paz" e, além disso, opinou que o candidato mais idôneo para suceder Napolitano é o ex-primeiro-ministro Giuliano Amato.

As críticas geradas por estas declarações - incluídas as da formação de Berlusconi, que pediu sua renúncia da comissão de analistas - obrigaram o presidente emérito do Constitucional a divulgar um comunicado em que reconhece que foi "ingênuo" ao pensar que sua interlocutora era Margherita Hack e, inclusive, nega que o trabalho destes grupos seja "inútil".

"Expresso meu pesar pelo incomodo que a difusão desta conversa tenha trazido ao presidente da República e peço desculpas a Berlusconi porque uma se tratava de uma opinião privada, expressada em tom irônico, que pode se tornar injustamente ofensiva ao ser publicada", afirmou Onida.

Acompanhe tudo sobre:EuropaItáliaPaíses ricosPiigsPolítica

Mais de Mundo

Milei se reunirá com Macron em viagem à França para abertura dos Jogos Olímpicos

'Tome chá de camomila', diz Maduro após Lula se preocupar com eleições na Venezuela

Maduro deve aceitar resultado das eleições se perder, diz ex-presidente argentino

Macron só vai nomear primeiro-ministro após Jogos Olímpicos

Mais na Exame