Rússia vai invadir a Ucrânia? Entenda por que o mundo está preocupado
A Rússia anexou a Crimeia da Ucrânia em 2014 e diz que as águas ao seu redor pertencem agora a Moscou, apesar da maioria dos países não reconhecer
Isabela Rovaroto
Publicado em 17 de novembro de 2021 às 14h27.
Última atualização em 17 de novembro de 2021 às 14h28.
O secretário-geral da OTAN, Jens Stoltenberg, alertou a Rússia que a aliança militar ocidental estava ao lado da Ucrânia em meio a uma grande e incomum concentração de tropas russas nas fronteiras da Ucrânia.
Enfatizando que o importante agora é evitar que as situações saiam do controle, Stoltenberg exortou a Rússia a ser transparente sobre as atividades militares, a reduzir as tensões e evitar uma escalada.
"Precisamos ter olhos abertos, precisamos ser realistas sobre os desafios que enfrentamos. E o que vemos é um aumento significativo e grande do exército russo", disse Stoltenberg em entrevista coletiva com o ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Dmytro Kuleba, em Bruxelas.
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Ele disse que não queria especular sobre as intenções da Rússia, mas acrescentou: "Vemos uma concentração incomum de tropas e sabemos que a Rússia estava disposta a usar esse tipo de capacidade militar antes para conduzir ações agressivas contra a Ucrânia."
Os movimentos das tropas russas nos últimos dias geraram temores de um possível ataque. Moscou rejeitou essas sugestões como inflamatórias e reclamou do aumento da atividade na região por parte da aliança transatlântica da OTAN.
A Rússia anexou a Crimeia da Ucrânia em 2014 e diz que as águas ao seu redor pertencem agora a Moscou, apesar da maioria dos países continuar a reconhecer a península como ucraniana.
Os separatistas apoiados pela Rússia assumiram o controle da região de Donbass, no leste da Ucrânia, naquele mesmo ano, e soldados de ambos os lados continuam a ser mortos regularmente no conflito.
O aumento de tropas na fronteira - que a Ucrânia estimou na semana passada em 100 mil - é perigoso, disse Stoltenberg, porque reduziu o tempo de alerta, caso a Rússia decida "conduzir uma ação militar agressiva contra a Ucrânia".
"Isso é parte das forças perto da fronteira entre a Rússia e a Ucrânia, mas também parte das tropas e capacidades que estão dentro da Ucrânia, o que significa que estão na Crimeia, que está anexada ilegalmente, e também vemos os militantes, os separatistas em Donbass, que também faz parte da Ucrânia, apoiados pela Rússia ", afirmou.
Uma fonte da OTAN, solicitada a descrever como a Rússia está enviando seu equipamento militar para a Ucrânia, disse: "Grandes equipamentos como tanques, artilharia de autopropulsão e veículos de combate de infantaria são deslocados à noite para evitar que imagens reveladoras apareçam nas redes sociais e na mídia - da mesma forma que fizeram durante o aumento militar russo na primavera."
O Ocidente não pode excluir um ataque russo à Ucrânia enquanto a atenção internacional está voltada para a crise de migração de Belarus, ou que a Rússia estabeleça uma presença militar permanente nem Belarus, disse ele.
"Eu não excluiria isso como uma possibilidade", disse ele.
França dialoga
O presidente Emmanuel Macron afirmou que a França está disposta a defender a "integridade territorial" da Ucrânia.
Em uma conversa telefônica de cerca de duas horas, Macron expressou a "profunda preocupação" da França e sua disposição de "defender a integridade territorial da Ucrânia", segundo o gabinete do presidente francês.
Putin respondeu dizendo que as autoridades ucranianas "dificultaram" as negociações, afirmou o Palácio do Eliseu, acrescentando que essa linha de raciocínio era "frequentemente" usada pelo líder russo.
EUA e UE criticam
Os Estados Unidos e a União Europeia já expressaram sua crescente preocupação com os movimentos recentes de tropas russas na fronteira com a Ucrânia.
O secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, disse na semana passada que seria um "grave erro da Rússia repetir o que fez em 2014" quando tomou a Crimeia de Kiev.
E nesta segunda-feira, o Ministério das Relações Exteriores da Alemanha pediu a Moscou que exerça "moderação" na fronteira ucraniana e "retorne à mesa de negociações".
A Ucrânia tem enfrentado grupos separatistas apoiados pela Rússia desde que o país anexou a península da Crimeia em 2014.