Rússia nega, após protestos, intenção de restringir liberdade na rede
Milhares de manifestantes protestam contra um projeto de lei sobre o desligamento da internet no caso de ameaças externas
EFE
Publicado em 11 de março de 2019 às 10h36.
Moscou — Após uma protestos em Moscou , o Kremlin informou nesta segunda-feira que não tem a intenção de restringir a liberdade dos internautas russos com o projeto de lei sobre o desligamento da internet no caso de ameaças externas.
"Todos são a favor da liberdade na internet, os autores da lei, a administração presidencial, o governo, ninguém é partidário de restringi-la e limitá-la as possibilidades de trabalho na rede global", disse à imprensa o porta-voz da presidência russa, Dmitry Peskov.
Ontem, as ruas de Moscou reuniram de 6.500 e 15 mil pessoas contra os planos dos deputados russos de aprovar uma lei sobre o desligamento da rede no país no caso de ameaças externas.
"Vi pela televisão que um dos participantes do ato dizia que as autoridades da Rússia pretendem 'apertar o botão e desligar internet', mas isso está muito errado", garantiu o porta-voz do Kremlin, que ressaltou que a legislação pretende garantir que não haja "blecautes" provocados pelo "outro lado".
No mês passado, a Câmara dos Deputados da Rússia adotou em primeira leitura um projeto de lei para garantir a estabilidade do funcionamento do segmento russo de internet e a desconexão da rede mundial no caso de situações de crise ou ataques cibernéticos contra o país. A segunda leitura do texto no Parlamento está prevista para acontecer quarta-feira.
Caso seja aprovada definitivamente, os operadores seriam obrigados a garantir a "gestão centralizada do tráfego", ou seja, o seu controle pelo Estado.
Segundo os críticos da iniciativa, o surgimento dessa medida faz parte de uma política das autoridades para restringir a liberdade na internet após os protestos de 2012 contra o governo, os maiores na Rússia desde a queda da União Soviética.
O presidente russo, Vladimir Putin, admitiu anteriormente a possibilidade de desligamento da rede mundial no país diante de eventuais ameaças externas, mas ressaltou que o governo não faria isso "por iniciativa própria".