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Rússia "não ameaça ninguém" na Venezuela, diz Chancelaria

Porta-voz do ministério de Relações Exteriores criticou americanos e disse que operação na América do Sul não tem prazo para acabar

Russos na Venezuela: Kremilin endurece o tom após pedido de Trump para exército do país saia de Caracas (Carlos Jasso/Reuters)

Russos na Venezuela: Kremilin endurece o tom após pedido de Trump para exército do país saia de Caracas (Carlos Jasso/Reuters)

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AFP

Publicado em 28 de março de 2019 às 09h30.

A Rússia "não ameaça ninguém" na Venezuela, ao contrário de Washington - declarou Moscou nesta quinta-feira, 28, reagindo à denúncia por parte dos Estados Unidos sobre o envio de militares russos para Caracas.

"A Rússia não infringiu nada, nem os acordos internacionais, nem o Direito venezuelano. Ela não muda o equilíbrio de forças na região e não ameaça ninguém, diferentemente de Washington", ressaltou a porta-voz do Ministério russo das Relações Exteriores, Maria Zakharova. Ela classificou as críticas de autoridades americanas esta semana de "tentativa arrogante de ditar para Estados soberanos como têm de se relacionar entre eles". "Nem Rússia nem Venezuela são províncias dos Estados Unidos", insistiu.

Segundo ela, os militares ficarão no país o tempo que for necessário. "Eles se ocupam da aplicação dos acordos firmados no campo da cooperação técnica e militar. Por quanto tempo? O tempo que for necessário. Tanto tempo quanto for necessário para o governo da Venezuela", completou a porta-voz.

Enquanto os Estados Unidos reconhecem Juan Guaidó como presidente interino do país e exigem a saída de Nicolás Maduro, a Rússia acusa os americanos de tentarem organizar um golpe de Estado no país.

Na quarta-feira, o presidente americano, Donald Trump, pediu à Rússia que saia da Venezuela, após a tensão criada pelo envio de militares e material russos para Caracas. Dois aviões russos, um Antonov An-124 e um Ilyushin Il-62, chegaram na semana passada ao território venezuelano. Segundo a imprensa local, transportavam 99 militares e 35 toneladas de material, sob o comando do chefe do Exército de Terra, general Vasili Tonkoshkurov.

Denunciada pelos Estados Unidos, a presença de militares russos na Venezuela "não está, em nenhum caso, ligada a possíveis operações militares", garantiu o adido de defesa da embaixada da Venezuela na Rússia, José Rafael Torrealba Pérez, nesta quinta, em Moscou, citado pela agência Interfax.

"Insisto no fato de que se trata apenas de cooperação militar e técnica. A presença militar russa não está, em nenhum caso, vinculada a possíveis operações militares", declarou Torrealba Pérez.

Ele afirmou ainda que um representante do Ministério venezuelano da Defesa também visitará Moscou no final de abril. Uma fonte diplomática russa que não quis ser identificada, citada pela agência pública de notícias Sputnik, disse que este envio não tinha "nada de misterioso" e que entra "no marco da cooperação técnica e militar" entre os dois países.

Rússia e Venezuela fecharam, em 2011, um acordo de cooperação militar que prevê a venda de armas russas para Caracas financiadas com crédito russo.

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