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Rodada de negociação síria termina com cessar-fogo pendente

Ao avaliar os nove últimos dias de negociações, De Mistura disse que pela 1ª vez foram abordados "em substância" e "em detalhe" os pontos da agenda

Mediador da ONU: "A verdade é que as duas delegações demonstraram uma nova forma de maturidade e de compromisso de continuar neste processo" (Denis Balibouse/Reuters)
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EFE

Publicado em 31 de março de 2017 às 17h04.

Genebra - O mediador da ONU nas negociações de paz para a Síria , Staffan de Mistura, fez uma leitura esperançosa da quinta rodada que terminou nesta sexta-feira, mas também deixou claro que a continuação deste processo político depende da retomada do moribundo cessar-fogo.

Ao avaliar os nove últimos dias de negociações, De Mistura disse que pela primeira vez foram abordados "em substância" e "em detalhe" os pontos da agenda estipulada e antecipou que haverá uma nova rodada, cuja data será decidida em breve.

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Essa interpretação do resultado da rodada foi claramente diferente da que fizeram as delegações do governo sírio e da oposição, que se dedicaram a fazer recriminações mútuas e a acusar-se de falta de vontade real de avançar em direção a um acordo de paz.

"A verdade é que as duas delegações demonstraram uma nova forma de maturidade e de compromisso de continuar neste processo, apesar das recriminações e dos graves eventos no terreno", assegurou De Mistura, em referência à escalada dos enfrentamentos armados.

"Acho que posso falar por todos os participantes: devemos manter o impulso crescente ao processo político, inclusive se for apenas crescente", acrescentou, para depois diminuir o ar otimista de seus comentários e enfatizar que, "sem dúvida, também não vejo que isto se transforme imediatamente em um acordo de paz".

Anteriormente, ao fazer um balanço desta rodada, a delegação opositora acusou o regime do presidente sírio, Bashar al Assad, de empregar uma "retórica vazia" sobre a luta antiterrorista para dilatar as negociações.

Pouco depois, os enviados de Damasco disseram que não tinham diante de si "interlocutores patrióticos", mas um grupo que vive em função da "ilusão" da saída de Assad do poder, que o governo dos Estados Unidos deixou de considerar uma condição intrínseca para um acordo político na Síria.

Desde a mudança de governo, os EUA estão totalmente eclipsados nestas negociações, que se apoiam em um acordo temporário de cessar-fogo promovido por Rússia, Turquia e Irã.

A próxima reunião convocada para os dias 3 e 4 de maio a fim de revitalizar essa trégua - entre esses três países, o governo sírio e as facções armadas da oposição - será essencial para as perspectivas do próximo encontro de Genebra.

Os grupos armados boicotaram a última destas reuniões em protesto pelas constantes violações pelas quais acusava o regime e pela inexistência de um mecanismo para identificar os transgressores.

"Um êxito real nessa reunião reforçaria (o processo de) Genebra e vice-versa", declarou De Mistura, que há poucos dias enviou cartas aos governos russo, turco e iraniano nas quais lhes pedia para atuar de forma urgente para que se restabeleça amplamente o cessar-fogo.

Às repetitivas retóricas do governo e da oposição em Genebra, enquanto os ataques e atentados se multiplicam na Síria, se somaram os fortes rumores sobre a intenção que De Mistura teria de deixar a condução destas negociações.

Apesar de ter sido questionado diretamente, De Mistura evitou comentar o assunto, mas a forma como expôs seus planos das próximas semanas fazem duvidar que esteja pensando em deixar o cargo.

De Mistura pareceu não dar importância a estas conjeturas e disse que se deve levar em conta apenas o que se escute dele mesmo ou do secretário-geral da ONU, António Guterres.

O mediador, de 70 anos, também fez uma espécie de confidência em público, ao dizer que as negociações "mais difíceis não são as dos manuais, mas com a família", em referência aos constantes pedidos de sua esposa para que abandone esta árdua missão.

Sobre o que ainda falta percorrer neste processo, o mediador disse que não há medida exata sobre o tempo que se precisará, mas que seriam necessárias muita estratégia e determinação para pôr fim a um dos conflitos mais cruéis da história moderna.

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