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Revolta nos EUA sinaliza novo período histórico, diz consultoria Eurasia

Invasão do Congresso americano, na capital dos EUA, que simboliza a democracia, coloca em evidência polarizaão política e outros elementos que costumam marcar mudanças de era

Manifestante invade o Congresso americano (Win McNamee/Getty Images)
CA

Carla Aranha

Publicado em 6 de janeiro de 2021 às 20h06.

A invasão do Congresso americano, um dos baluartes da democracia mundial, evidencia o aumento da polarização política nos países ocidentais que pode resultar em um novo período histórico. "Estamos assistindo a um colapso do centro político do Ocidente associado a um questionamento sobre as lideranças e a desigualde socioecônomica, ingredientes que costumam marcar mudanças de era", analisa oo cientista político americano Christopher Garman, diretor executivo para as Américas da consultoria de risco político Eurasia. Veja, a seguir, os principais trechos da entrevista.

Estamos presenciando um momento histórico, em que a decadência dos Estados Unidos ficou mais evidente com o ato de invasão ao Congresso, algo inédito?

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Não diria que se trata de uma decadência só dos Estados Unidos. Pelo menos nos últimos cinco anos, vários fatores têm se somado para a insatisfação da população na Europa e outros países ocidentais também. Já existe um desemprego estrutural que deverá se exacerbar nos próximos anos com as inovações tecnológicas, acentuando o desemprego estrutural. Vários elementes estão se somando, desde o problema econômico, o aumento da polarização política e a insatisfação da população.

São ingredientes como esses que costumam caracterizar mudanças de períodos históricos, não?

Sim. E acredito que a pandemia do coronavírus é mais um fator para desestabilização que estamos vivendo. Com a crise econômica provocada pela covid, provavelmente vai haver mais desigualdade socioeconômica, inclusive nos países mais ricos. É preciso lembrar também que nos últimos dez anos boa parte dos países europeus e os Estados Unidos receberam novas ondas de imigrantes, algo que nem toda a população vêm com bons olhos. Pesquisas mostram que 40% dos americanos se sentem estrangeiros em seu próprio país. Isso provavelmente acontece em função de vários fatores, mas é um elemento a mais para o descontentamento da população.

Esse caldeirão de insatisfação ficou mais percpetível na revolta desta quarta em Washginton?

Sim, sem dúvida, mas esses evento são apenas mais um sintoma de um fenômeno maior. O que está acontecendo é um colapso do centro político dos países ocidentais.

Ao mesmo tempo, a China aumenta seu poder econômico e se sai relativamente bem da crise da covid. Como isso afeta a disputa geopolítica entre a China e o Ocidente?

Não sei se temos bases para afirmar que o Ocidente está em decadência ou perdendo essa disputa, mas certamente há tendências estruturais que não apontam para sinais positivos. Veja o Brexit, a eleição do Trump e seu poder de mobilização das massas. As bases da polarização estão aumentando.

Os Estados Unidos devem seguir divididos?

Isso é bem provável. Trump conseguiu falar com as massas que se sentem subtraídas da economia e do jogo político. É a classe média ou menos favoreicda que tem dificuldade de encontrar emprego e não se vê representada pelas lideranças políticas mais tradicionais.

Trump ainda tem um apetite eleitoral?

Ele tem pelo menos uma intenção de continuar sendo um líder, mesmo que seja de um movimento popular. Nesta quarta tivemos a demonstração de que ele consegue mobilizar as massas, inclusive por meio das mídias sociais.

 

 

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