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Reunião sobre o clima pede mudança de rumo no planeta

França foi um dos primeiros atores a formular um anúncio concreto, com uma contribuição de 1 bilhão de dólares ao Fundo Verde para o clima

O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, discursa na sessão de abertura da reunião (Timothy A. Clary/AFP)
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Da Redação

Publicado em 23 de setembro de 2014 às 16h30.

Nova York - O secretário-geral da ONU , Ban Ki-moon, pediu nesta terça-feira uma mudança do rumo do planeta diante dos riscos do aquecimento global , em uma cúpula sobre o clima que conta com a participação de mais de 120 chefes de Estado e governo.

"A mudança climática é a questão crucial de nossa era. Está definindo nosso presente. Nossa resposta definirá nosso futuro", afirmou Ban em um discurso de abertura da cúpula em Nova York, no qual pediu liderança para avançar em direção a um acordo no próximo ano.

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"Peço a todos os governos a comprometer-se em um acordo universal e significativo sobre o clima em Paris em 2015, e a cumprir com sua parte justa para limitar o aumento da temperatura global a dois graus Celsius", afirmou o secretário-geral das Nações Unidas.

A França foi um dos primeiros atores a formular um anúncio concreto: uma contribuição de 1 bilhão de dólares ao Fundo Verde para o clima, criado na cúpula de Copenhague em 2009 para enfrentar as consequências do aquecimento global.

Ativistas consideram a reunião em Nova York um ponto de inflexão na luta contra o aquecimento global. No domingo, quase 600.000 pessoas saíram às ruas em várias cidades do mundo. Em Nova York, a passeata reuniu 310.000 manifestantes.

"Podemos fazer história ou ser vilipendiados. Agora é nosso momento de agir", declarou ante o plenário o ator Leonardo Di Caprio, designado pela ONU como mensageiro da paz contra o aquecimento global e que participou da manifestação em Nova York.

Muitos cientistas afirmam que, diante dos níveis de emissões de gases de efeito estufa, as temperaturas terão aumentado ao fim do século XXI mais de quatro graus em relação à era pré-industrial. Caso seja alcançado um acordo em Paris, entraria em vigor em 2020.

América Latina olha para o Norte

Entre os países da América Latina, os presidentes que discursaram defenderam as ações da região e exigiram que os países industrializados do Norte cumpram com suas responsabilidades históricas.

"O Brasil não anuncia promessas, mostra resultados. Reduzimos a pobreza e protegemos o meio ambiente", afirmou a presidente Dilma Rousseff, indicando que no Brasil o desmatamento caiu 79% e que o país está cumprindo o compromisso de uma redução de entre 36 e 39% das emissões de gases do efeito estufa até 2020.

Dilma também citou o acúmulo de desastres naturais nos últimos anos, atribuídos por muitos cientistas ao aquecimento global, e recordou que os mesmos afetam em sua maioria os pobres.

"Em um mundo de injustiça ambiental, os pobres são os mais vulneráveis", disse, antes de pedir ações para reduzir a situação, incluindo um acesso melhor a serviços públicos, água potável e saúde.

Já o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, acusou as "potências poluentes" de quererem se aproveitar do aquecimento global, do qual seriam responsáveis, para aplicar sua fórmula capitalista.

"Querem disfarçar as mesmas fórmulas capitalistas tomando as bandeiras dos movimentos ambientalistas", afirmou.

O presidente boliviano Evo Morales, por sua vez, que falou em nome do G77 e da China, presidido por seu país, afirmou que as nações desenvolvidas devem tomar a iniciativa, em consequência de sua responsabilidade histórica no aquecimento global.

Morales citou as dúvidas sobre a sinceridade e credibilidade de alguns, como por exemplo os países que não ratificaram o abandonaram o Protocolo de Kyoto, como Estados Unidos e Canadá.

Mobilização de dinheiro e mercados

Mas a batalha para chegar a um acordo internacional está longe do fim.

China e Índia, que são ao lado dos Estados Unidos os maiores emissores de gases do efeito estufa, não enviaram seus principais líderes ao encontro e estarão representados apenas por um vice-primeiro-ministro, Zhang Gaoli, no caso de Pequim, e do ministro do Meio Ambiente, no caso indiano.

Pequim e Nova Délhi resistem a reduzir as emissões porque não aceitam desacelerar o crescimento e insistem que os países mais ricos devem pagar a maior parcela da conta.

Antes da reunião, a secretária para o clima da ONU, Christiana Figueres, disse não esperar que muitos países apresentassem metas com números, mas destacou a presença de todos os atores importantes: governos, municípios, empresas, grupos financeiros e ONGs.

"Devemos trabalhar para mobilizar dinheiro e mobilizar os mercados. Vamos investir nas soluções climáticas disponíveis. Precisamos de todas as instituições financeiras públicas para este desafio. E precisamos trazer o setor financeiro privado", disse Ban Ki-moon.

Quase 250 presidentes de empresas participam na reunião de Nova York, que parte com a vantagem, segundo a ONU, de evitar os erros de Copenhague-2009, onde os chefes de Estado e de Governo chegaram apenas no último momento.

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