Exame Logo

Retorno do PRI consolida alternância política no México

Peña Nieto conseguiu assim 38,21% dos votos, contra 31,61% de López Obrador e 25,39% de Josefina Vázquez Mota, candidata do Partido Ação Nacional (PAN)

Presidente mexicano Enrique Pena Nieto: Peña Nieto chega ao poder com um país ferido por uma violência de narcotraficantes e outros grupos do crime organizado (Claudia Daut/México)
DR

Da Redação

Publicado em 24 de dezembro de 2012 às 12h58.

Cidade do México - O México realizou neste ano uma etapa fundamental na consolidação de sua transição política com o retorno ao poder do Partido Revolucionário Institucional (PRI) após 12 anos na oposição, situação que viveu pela primeira vez em sua história quase centenária.

Enrique Peña Nieto, de 46 anos, assumiu a presidência do México no último dia 1º de dezembro após ganhar o pleito de 1º de julho. Essas eleições, como quase todas na recente história eleitoral do país, não estiveram isentas de irregularidades.

Nessa votação, Peña Nieto, o candidato eleito pelo PRI, obteve 19.158.592 votos, muito à frente do candidato da esquerda, Andrés Manuel López Obrador, que recebeu 15.848.827.

Peña Nieto conseguiu assim 38,21% dos votos, contra 31,61% de López Obrador e 25,39% de Josefina Vázquez Mota, candidata do Partido Ação Nacional (PAN), a legenda que governou o México nos últimos 12 anos.

"O cidadão Enrique Peña Nieto é o presidente eleito dos Estados Unidos Mexicanos para o período de 1º de dezembro de 2012 a 30 de novembro de 2018", sentenciou o principal tribunal eleitoral ao validar a eleição no último dia 31 de agosto.

Encerrou-se assim a revisão de 365 pedidos de julgamento de insatisfação apresentados em sua maioria pela coalizão esquerdista de López Obrador em 296 dos 300 distritos eleitorais, e uma geral para tentar anular a eleição presidencial.

A esquerda se amparou na Constituição ao alegar que a compra em massa de votos que denunciou manchava o princípio de autenticidade das eleições e, além disso, pediu a anulação da candidatura de Peña Nieto por ter supostamente excedido o máximo permitido para despesas de campanha.


Confirmado seu triunfo nas urnas, Peña Nieto levou o PRI ao poder 12 anos depois de a legenda deixar a presidência após ter comandado a vida política do México durante sete décadas, um período no qual o país chegou a ser qualificado como a "ditadura perfeita".

Porém, esse retorno ao poder acontece com um PRI que viveu transformações, com um país mudado e uma população que dificilmente aceitaria a concentração do poder de outrora, mas também com desafios diferentes daqueles de 12 anos atrás.

"No atual marco democrático, o PRI deverá ter pela frente um México inseguro e violento, sem possibilidade de voltar o relógio aos tempos da ditadura perfeita", comentou Enrique Krauze, um dos mais respeitados comentaristas políticos do México.

"Acho que a sociedade aberta de hoje é mais incerta e perigosa que a sociedade protegida de ontem, mas também é mais real", acrescentou Krauze.

Peña Nieto chega ao poder com um país ferido por uma violência de narcotraficantes e outros grupos do crime organizado que gerou dezenas de milhares de mortos, a maioria em disputas internas entre os diferentes cartéis.

Essa violência marcou a última etapa da gestão de Felipe Calderón, que quando assumiu o poder, em 2006, envolveu as Forças Armadas em tarefas de segurança pública por considerar que os corpos policiais estavam sobrecarregados ou não eram aptos para essa luta.

A participação militar permitiu ao México ter vários triunfos na luta contra os cartéis, incluindo a morte de um de seus principais líderes, Heriberto Lazcano, conhecido como "El Lazca", principal chefe do temido grupo "Los Zetas", abatido em um choque armado com tropas da Marinha no último dia 7 de outubro.


O novo governante, que durante a campanha eleitoral foi pouco claro na hora de definir qual seria sua estratégia para enfrentar o crime organizado, inaugurou seu mandato com uma mensagem na qual deixou claro qual será sua principal preocupação.

"O primeiro eixo de meu governo é conseguir um México em paz. Poremos o cidadão e sua família no centro das políticas de segurança", afirmou em seu discurso de posse.

"Estou convencido de que o crime não é combatido apenas com a força", acrescentou, ao anunciar um programa integral para a prevenção que une os esforços coletivos de todo o governo e de todos os níveis do poder.

Por enquanto, em um gesto poucas vezes visto na recente história política do México, os três principais partidos assinaram no dia seguinte à posse presidencial um pacto para a governabilidade democrática, a transparência e a proteção de direitos e liberdades, entre outros temas.

"O México começa uma nova etapa de sua vida democrática. Chegou o momento do encontro e do acordo", declarou nessa ocasião o novo presidente.

Terminou, assim, uma etapa de desencontros políticos e foi aberta uma fase na qual o PRI, sem maioria no parlamento, se vê forçado a buscar consensos, não só com as demais forças políticas, mas com os governadores dos estados, que a cada dia ganham mais poder.

Veja também

Cidade do México - O México realizou neste ano uma etapa fundamental na consolidação de sua transição política com o retorno ao poder do Partido Revolucionário Institucional (PRI) após 12 anos na oposição, situação que viveu pela primeira vez em sua história quase centenária.

Enrique Peña Nieto, de 46 anos, assumiu a presidência do México no último dia 1º de dezembro após ganhar o pleito de 1º de julho. Essas eleições, como quase todas na recente história eleitoral do país, não estiveram isentas de irregularidades.

Nessa votação, Peña Nieto, o candidato eleito pelo PRI, obteve 19.158.592 votos, muito à frente do candidato da esquerda, Andrés Manuel López Obrador, que recebeu 15.848.827.

Peña Nieto conseguiu assim 38,21% dos votos, contra 31,61% de López Obrador e 25,39% de Josefina Vázquez Mota, candidata do Partido Ação Nacional (PAN), a legenda que governou o México nos últimos 12 anos.

"O cidadão Enrique Peña Nieto é o presidente eleito dos Estados Unidos Mexicanos para o período de 1º de dezembro de 2012 a 30 de novembro de 2018", sentenciou o principal tribunal eleitoral ao validar a eleição no último dia 31 de agosto.

Encerrou-se assim a revisão de 365 pedidos de julgamento de insatisfação apresentados em sua maioria pela coalizão esquerdista de López Obrador em 296 dos 300 distritos eleitorais, e uma geral para tentar anular a eleição presidencial.

A esquerda se amparou na Constituição ao alegar que a compra em massa de votos que denunciou manchava o princípio de autenticidade das eleições e, além disso, pediu a anulação da candidatura de Peña Nieto por ter supostamente excedido o máximo permitido para despesas de campanha.


Confirmado seu triunfo nas urnas, Peña Nieto levou o PRI ao poder 12 anos depois de a legenda deixar a presidência após ter comandado a vida política do México durante sete décadas, um período no qual o país chegou a ser qualificado como a "ditadura perfeita".

Porém, esse retorno ao poder acontece com um PRI que viveu transformações, com um país mudado e uma população que dificilmente aceitaria a concentração do poder de outrora, mas também com desafios diferentes daqueles de 12 anos atrás.

"No atual marco democrático, o PRI deverá ter pela frente um México inseguro e violento, sem possibilidade de voltar o relógio aos tempos da ditadura perfeita", comentou Enrique Krauze, um dos mais respeitados comentaristas políticos do México.

"Acho que a sociedade aberta de hoje é mais incerta e perigosa que a sociedade protegida de ontem, mas também é mais real", acrescentou Krauze.

Peña Nieto chega ao poder com um país ferido por uma violência de narcotraficantes e outros grupos do crime organizado que gerou dezenas de milhares de mortos, a maioria em disputas internas entre os diferentes cartéis.

Essa violência marcou a última etapa da gestão de Felipe Calderón, que quando assumiu o poder, em 2006, envolveu as Forças Armadas em tarefas de segurança pública por considerar que os corpos policiais estavam sobrecarregados ou não eram aptos para essa luta.

A participação militar permitiu ao México ter vários triunfos na luta contra os cartéis, incluindo a morte de um de seus principais líderes, Heriberto Lazcano, conhecido como "El Lazca", principal chefe do temido grupo "Los Zetas", abatido em um choque armado com tropas da Marinha no último dia 7 de outubro.


O novo governante, que durante a campanha eleitoral foi pouco claro na hora de definir qual seria sua estratégia para enfrentar o crime organizado, inaugurou seu mandato com uma mensagem na qual deixou claro qual será sua principal preocupação.

"O primeiro eixo de meu governo é conseguir um México em paz. Poremos o cidadão e sua família no centro das políticas de segurança", afirmou em seu discurso de posse.

"Estou convencido de que o crime não é combatido apenas com a força", acrescentou, ao anunciar um programa integral para a prevenção que une os esforços coletivos de todo o governo e de todos os níveis do poder.

Por enquanto, em um gesto poucas vezes visto na recente história política do México, os três principais partidos assinaram no dia seguinte à posse presidencial um pacto para a governabilidade democrática, a transparência e a proteção de direitos e liberdades, entre outros temas.

"O México começa uma nova etapa de sua vida democrática. Chegou o momento do encontro e do acordo", declarou nessa ocasião o novo presidente.

Terminou, assim, uma etapa de desencontros políticos e foi aberta uma fase na qual o PRI, sem maioria no parlamento, se vê forçado a buscar consensos, não só com as demais forças políticas, mas com os governadores dos estados, que a cada dia ganham mais poder.

Acompanhe tudo sobre:América LatinaEleiçõesMéxicoPolítica

Mais lidas

exame no whatsapp

Receba as noticias da Exame no seu WhatsApp

Inscreva-se

Mais de Mundo

Mais na Exame