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Resistência aos antibióticos já é realidade, diz OMS

Resistência aos antibióticos deixou de ser uma ameaça, advertiu a OMS, ao destacar que infecções atualmente consideradas menores podem voltar a ser fatais

Laboratório de microbiologia: "esta grave ameaça não é mais uma previsão, e sim uma realidade", diz a Organização Mundial de Saúde (Jorge Dirkx/AFP)
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Da Redação

Publicado em 30 de abril de 2014 às 13h19.

Genebra - A resistência aos antibióticos deixou de ser uma ameaça e se tornou realidade, advertiu a Organização Mundial de Saúde ( OMS ), ao destacar que infecções atualmente consideradas menores podem voltar a ser fatais.

O relatório alarmista da organização, o primeiro sobre a resistência aos antibióticos em escala mundial, afirma que "esta grave ameaça não é mais uma previsão, e sim uma realidade em cada região do mundo, afeta a todos, independente da idade ou país de origem".

Os antibióticos são considerados pela OMS um dos pilares de nossa saúde , que nos permitem viver saudáveis por mais tempo.

Mas o uso inapropriado os tornou praticamente ineficazes em um período de poucas décadas.

"A menos que os diferentes atores envolvidos atuem em caráter de emergência e de maneira coordenada, o mundo prossegue para uma era pós-antibióticos, na qual infecções correntes e feridas menores, que durante décadas eram curadas com facilidade, podem voltar a matar", adverte Keiji Fukuda, subdiretor geral da OMS para a segurança alimentar.

"Se não adotarmos medidas significativas para prevenir melhor as infecções e modificar a forma como produzimos, prescrevemos e utilizamos os antibióticos, vamos perder pouco a pouco estes benefícios da saúde pública mundial e as consequências serão devastadoras", completa.

O documento, baseado em dados de 114 países, alerta que existe resistência a vários agentes infecciosos e insiste em sete bactérias resistentes, responsáveis por doenças graves como infecções hematológicas (septicemia), diarreias, pneumonias, infecções urinárias e gonorreia.

Segundo a OMS, os resultados "muito preocupantes" corroboram a resistência aos antibióticos, em particular aos considerados como "último recurso", utilizados contra certas bactérias resistentes.

As ferramentas essenciais para lutar contra a resistência aos antibióticos, como sistemas elementares para assegurar o acompanhamento e vigilância do fenômeno, são insuficientes ou inexistentes em vários países, critica o organismo da ONU.

Aumento do risco de morte

A OMS alerta para a generalização em todo o mundo da resistência aos carbapenemas, um tratamento de último recurso contra infecções potencialmente mortais causadas por uma bactéria intestinal corrente, a Klebsiella pneumoniae (causa importante de doenças contraídas em hospitais como a pneumonia, as infecções hematológicas ou as contraídas por recém-nascidos ou pacientes em cuidados intensivos).


Os especialistas também constataram uma forte resistência - em particular na África, sudeste da Ásia, América e Oriente Médio - da bactéria E. coli às cefalosporinas e fluoroquinolonas de terceira geração, dois tipos de antibióticos antibacterianos amplamente utilizados.

Nos anos 1980, quando foram introduzidas as fluoroquinolonas, a resistência era praticamente nula: atualmente o tratamento se tornou ineficaz para mais da metade dos pacientes em diversas partes do mundo.

A OMS destaca ainda que o fracasso das cefalosporinas de terceira geração como tratamento de último recurso contra a gonorreia (doença venérea que infecta mais de um milhão de pessoas por dia) foi confirmado na África do Sul, Austrália, Áustria, Canadá, França, Japão, Noruega, Grã-Bretanha, Eslovênia e Suécia.

Em outro aspecto da questão, as infecções com estafilococo aureus (dourado) resistentes à meticilina alcançam 90% dos casos em certas regiões das Américas e 60% em algumas regiões da Europa.

Como consequência da resistência aos antibióticos, "os pacientes ficam doentes por mais tempo e aumenta o risco de morte".

As pessoas infectadas com estafilococo dourado resistente à meticilina apresentam, por exemplo, um risco de morte 64% mais elevado que aquelas que apresentam uma forma não resistente da infecção.

Para a OMS, o uso inapropriado dos antibióticos é uma das principais causas da resistência: nos países pobres, as doses administradas são muito pequenas e nos países ricos o uso é excessivo.

A OMS denuncia também a falta de vigilância da utilização dos antibióticos em animais destinados ao consumo.

O relatório foi divulgado em conjunto com o lançamento de uma campanha mundial da OMS para combater a resistência aos medicamentos. A organização recomenda, em particular, a adoção de sistemas para monitorar o fenômeno, prevenir infecções e desenvolver novos antibióticos.

A organização destaca que cada pessoa pode contribuir na luta contra a resistência, com o uso de antibióticos apenas com receita médica e a conclusão do tratamento indicado, mesmo quando o paciente sente que está melhor, e jamais compartilhar antibióticos com terceiros.

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Genebra - A resistência aos antibióticos deixou de ser uma ameaça e se tornou realidade, advertiu a Organização Mundial de Saúde ( OMS ), ao destacar que infecções atualmente consideradas menores podem voltar a ser fatais.

O relatório alarmista da organização, o primeiro sobre a resistência aos antibióticos em escala mundial, afirma que "esta grave ameaça não é mais uma previsão, e sim uma realidade em cada região do mundo, afeta a todos, independente da idade ou país de origem".

Os antibióticos são considerados pela OMS um dos pilares de nossa saúde , que nos permitem viver saudáveis por mais tempo.

Mas o uso inapropriado os tornou praticamente ineficazes em um período de poucas décadas.

"A menos que os diferentes atores envolvidos atuem em caráter de emergência e de maneira coordenada, o mundo prossegue para uma era pós-antibióticos, na qual infecções correntes e feridas menores, que durante décadas eram curadas com facilidade, podem voltar a matar", adverte Keiji Fukuda, subdiretor geral da OMS para a segurança alimentar.

"Se não adotarmos medidas significativas para prevenir melhor as infecções e modificar a forma como produzimos, prescrevemos e utilizamos os antibióticos, vamos perder pouco a pouco estes benefícios da saúde pública mundial e as consequências serão devastadoras", completa.

O documento, baseado em dados de 114 países, alerta que existe resistência a vários agentes infecciosos e insiste em sete bactérias resistentes, responsáveis por doenças graves como infecções hematológicas (septicemia), diarreias, pneumonias, infecções urinárias e gonorreia.

Segundo a OMS, os resultados "muito preocupantes" corroboram a resistência aos antibióticos, em particular aos considerados como "último recurso", utilizados contra certas bactérias resistentes.

As ferramentas essenciais para lutar contra a resistência aos antibióticos, como sistemas elementares para assegurar o acompanhamento e vigilância do fenômeno, são insuficientes ou inexistentes em vários países, critica o organismo da ONU.

Aumento do risco de morte

A OMS alerta para a generalização em todo o mundo da resistência aos carbapenemas, um tratamento de último recurso contra infecções potencialmente mortais causadas por uma bactéria intestinal corrente, a Klebsiella pneumoniae (causa importante de doenças contraídas em hospitais como a pneumonia, as infecções hematológicas ou as contraídas por recém-nascidos ou pacientes em cuidados intensivos).


Os especialistas também constataram uma forte resistência - em particular na África, sudeste da Ásia, América e Oriente Médio - da bactéria E. coli às cefalosporinas e fluoroquinolonas de terceira geração, dois tipos de antibióticos antibacterianos amplamente utilizados.

Nos anos 1980, quando foram introduzidas as fluoroquinolonas, a resistência era praticamente nula: atualmente o tratamento se tornou ineficaz para mais da metade dos pacientes em diversas partes do mundo.

A OMS destaca ainda que o fracasso das cefalosporinas de terceira geração como tratamento de último recurso contra a gonorreia (doença venérea que infecta mais de um milhão de pessoas por dia) foi confirmado na África do Sul, Austrália, Áustria, Canadá, França, Japão, Noruega, Grã-Bretanha, Eslovênia e Suécia.

Em outro aspecto da questão, as infecções com estafilococo aureus (dourado) resistentes à meticilina alcançam 90% dos casos em certas regiões das Américas e 60% em algumas regiões da Europa.

Como consequência da resistência aos antibióticos, "os pacientes ficam doentes por mais tempo e aumenta o risco de morte".

As pessoas infectadas com estafilococo dourado resistente à meticilina apresentam, por exemplo, um risco de morte 64% mais elevado que aquelas que apresentam uma forma não resistente da infecção.

Para a OMS, o uso inapropriado dos antibióticos é uma das principais causas da resistência: nos países pobres, as doses administradas são muito pequenas e nos países ricos o uso é excessivo.

A OMS denuncia também a falta de vigilância da utilização dos antibióticos em animais destinados ao consumo.

O relatório foi divulgado em conjunto com o lançamento de uma campanha mundial da OMS para combater a resistência aos medicamentos. A organização recomenda, em particular, a adoção de sistemas para monitorar o fenômeno, prevenir infecções e desenvolver novos antibióticos.

A organização destaca que cada pessoa pode contribuir na luta contra a resistência, com o uso de antibióticos apenas com receita médica e a conclusão do tratamento indicado, mesmo quando o paciente sente que está melhor, e jamais compartilhar antibióticos com terceiros.

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