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Resgate começa a avançar nas áreas mais afetadas pelo terremoto

Cerca de 90 mil pessoas, incluindo militares e policiais, trabalham contra o tempo para enviar a locais seguros as 16 mil pessoas que continuam isoladas em abrigos

Equipe de resgate no Japão: até trem-bala japonês retomou seus serviços (Paula Bronstein/Getty Images)

Equipe de resgate no Japão: até trem-bala japonês retomou seus serviços (Paula Bronstein/Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 18 de março de 2011 às 11h48.

Osaka, Japão - Uma semana depois do maior terremoto da história do Japão, as regiões devastadas começaram nesta sexta-feira a recuperar algumas infraestruturas essenciais e os sobreviventes a receber, a conta-gotas, alimentos e eletricidade.

O número de mortos pelo pior desastre do pós-guerra japonês já ultrapassou os 6.900, acima dos cerca de 6.500 que perderam a vida em 1995 no terremoto que assolou a cidade de Kobe, e espera-se que aumente ainda mais, já que há mais de 10.300 desaparecidos.

Cerca de 90 mil pessoas, incluindo militares e policiais, trabalham contra o tempo para enviar a locais seguros as 16 mil pessoas que continuam isoladas em precários abrigos localizados em áreas arrasadas de províncias como Miyagi, Ibaraki e Fukushima.

Além disso, há centenas de milhares de evacuados, boa parte deles por conta da crise na usina nuclear de Fukushima, onde os operários tentam por todos os meios evitar um grande vazamento de radioatividade que causaria um desastre e obrigaria o aumento da área de evacuação.

A emissora de televisão pública "NHK" falava nesta sexta-feira de perto de 400 mil pessoas abrigadas em 2 mil refúgios, muitas delas sem alimentos, eletricidade, gasolina nem calefação para ajudar a suportar as baixas temperaturas que castigam o nordeste do Japão.

As estradas, portos e aeroportos danificados estão sendo reparados pouco a pouco, e nesta sexta-feira a estrada de Tohoku, a principal via do nordeste, estava parcialmente aberta aos veículos de emergência.

O aeroporto de Sendai, que foi bastante afetado pelo tsunami, também foi aberto para a aterrissagem e decolagem de aviões e helicópteros de resgate.

Nessa mesma cidade, capital da província de Miyagi, quase todas as lojas da área comercial próxima à estação ferroviária reabriram nesta sexta-feira, assim como na vizinha Tome, onde foi possível restaurar a provisão elétrica.


Além disso, o "Shinkansen" - ou trem bala japonês - retomou nesta sexta-feira seus serviços entre as cidades de Morioka e Akita, após permanecer pela primeira vez em sua história paralisado durante uma semana.

Com a abertura das estradas, os veículos começaram a circular de novo, facilitando o auxílio às regiões devastadas, mas ainda muito lentamente: no povoado de Minamisanriku (também em Miyagi), que foi praticamente "engolido" pelo mar, os sobreviventes lamentam a escassez de alimentos, combustível e remédios.

"Passou uma semana e agora temos que enfrentar o frio. Em princípio havia umas dez pessoas doentes e agora são já 30, com resfriados, febres, diarreia e asma", declarava à "NHK" uma das enfermeiras de um abrigo desta área, que ainda está sem remédios e eletricidade.

Devido ao elevado número de imóveis destroçadas pelo tsunami, o governador de Miyagi, Yoshihiro Murai, reconheceu a impossibilidade de dar um teto aos sobreviventes em curto prazo, e pediu que na medida do possível se desloquem a outras regiões.

"As condições de vida melhorarão se os cidadãos se deslocarem a outras províncias. Não é um pedido vinculativo, mas espero que as pessoas afetadas cooperem", disse, citado pela agência local "Kyodo".

Estima-se que o realojamento dos afetados se prolongue por entre seis meses e um ano, até que se complete a construção de casas temporárias, acrescentou.

O Governo também avalia organizar uma grande transferência dos sobreviventes que estão nos abrigos da região de Tohoku a outras áreas, e o próprio primeiro-ministro, Naoto Kan, pediu nesta sexta-feira a outras províncias que colaborem na hora de acolhê-los.

As condições são especialmente duras para alguns pacientes que, por temor à radioatividade, tiveram que ser retirados de hospitais próximos à usina nuclear de Fukushima.

Segundo dados divulgados pela "Kyodo", pelo menos 21 doentes, muitos deles idosos, perderam a vida durante estas operações de transferência.

Além dos danos humanos, as primeiras avaliações revelam que o terremoto e o posterior tsunami destruíram pelo menos 11.991 casas, 1.232 trechos de estradas e causaram quase 270 incêndios.

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