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Rei da Espanha recusa encontro com Milei em meio à crise diplomática, diz jornal

Milei havia solicitado uma audiência com o monarca durante sua visita a Madri na sexta-feira

Javier Milei, presidente da Argentina (Tiziana Fabi/AFP)
AFP

Agência de notícias

Publicado em 20 de junho de 2024 às 14h57.

Última atualização em 20 de junho de 2024 às 15h46.

Uma nova visita nesta sexta-feira à Espanha do presidente argentino, Javier Milei , depois de uma primeira viagem em maio que provocou uma crise diplomática, gerou críticas do governo espanhol, que considerou "lógico" que o líder sul-americano não fosse recebido pelo rei Felipe VI.

"Acho que é lógico, o rei é o chefe de um Estado no qual o presidente Milei desrespeitou o presidente do governo espanhol", disse a ministra da Defesa da Espanha, Margarita Robles, ao canal Telecinco nesta quinta-feira, 20, sobre o fato de que Felipe VI não se reunirá com Milei.

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De acordo com o jornal El País, Milei havia solicitado uma audiência com o monarca durante sua visita a Madri na sexta-feira — para receber o prêmio anual do Instituto Juan de Mariana, um think tank neoliberal — sem receber uma resposta, tendo em vista que a política externa é orientada pelo Ministério das Relações Exteriores do governo.

A Casa Real não quis comentar à AFP.

Fontes do Ministério das Relações Exteriores destacaram que "Milei demonstrou uma atitude reiterada de buscar o confronto e ofender nossas instituições e nossa democracia, algo sem precedentes nas relações internacionais e nas práticas diplomáticas entre as nações".

Para essas fontes, é "surpreendente e anômalo que um presidente estrangeiro não solicite, em nenhuma de suas primeiras visitas à Espanha, uma reunião institucional com seu homólogo, como fazem todos os presidentes do mundo".

As fontes disseram esperar que nesta sexta-feira "Milei esteja no nível do povo argentino e respeite as instituições espanholas", algo que "ele não fez (...) em sua visita anterior", há um mês.

Em maio, em Madri, para participar de uma convenção do partido de extrema direita Vox, Milei se referiu à esposa do presidente do governo, o socialista Pedro Sánchez, como uma "mulher corrupta", o que levou a Espanha a retirar seu embaixador em Buenos Aires.

O presidente argentino estava fazendo eco às críticas da direita espanhola contra a esposa de Sánchez, que está sendo investigada pelos tribunais por suposto tráfico de influência e corrupção.

O governo argentino descartou uma resposta ao gesto de retirada do embaixador, dizendo que a crise não é "entre países", mas "entre pessoas".

Condecoração em Madri

A nova visita de Milei a Madri também provocou polêmica porque sua única outra atividade planejada, além de receber o prêmio, é uma reunião com a presidente regional de Madri, a conservadora Isabel Díaz Ayuso, que lhe dará uma condecoração.

Ayuso, uma figura em ascensão na direita e a face visível da ala linha-dura do Partido Popular, "demonstra profunda deslealdade para com as instituições espanholas", pois não informou ao Ministério das Relações Exteriores com antecedência "sobre seu encontro com um líder estrangeiro, conforme exigido" por lei, disseram as fontes do Ministério.

"Não creio que a condecoração de Isabel Díaz Ayuso a Javier Milei tenha origem em um amor repentino pelo povo argentino. Acho que ela está fazendo isso por maldade", disse Patxi López, porta-voz socialista no Congresso.

Ayuso defendeu seu encontro com Milei nesta quinta. "É uma honra receber o presidente legítimo" da Argentina, disse ela no Parlamento regional de Madri.

Milei, que não poupou xingamentos contra Sánchez, chamou-o de "covarde" na terça-feira em uma entrevista a um canal argentino por ter enviado "todos os seus ministros para insultá-lo", e acusou-o de aplicar "o modelo de [ Nicolás ] Maduro [ da Venezuela ]" para atacar a liberdade de expressão na Espanha.

A origem do conflito está nos comentários feitos pelo ministro dos Transportes da Espanha no início de maio, que sugeriu que Milei tomava drogas ao fazer seus discursos, ao que o líder argentino respondeu assegurando que o governo de Sánchez estava trazendo "pobreza e morte" ao seu povo.

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