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Reciclagem de vidro pode movimentar R$ 220 milhões por ano no Brasil

Para otimizar o processo e se adequar à nova legislação de resíduos sólidos, fabricantes propõem modelo de gerenciamento de embalagens inspirado em países europeus

Na Alemanha, o sistema de gerenciamento instituído em 1991 elevou as taxas de reciclagem de 37% para 87% , correspondendo a 2,6 milhões de toneladas; na Suíça é de 95%. (Creative Commons/Epicbeer)

Vanessa Barbosa

Publicado em 19 de janeiro de 2011 às 16h25.

São Paulo - Tudo o que é vidro vira vidro. A expressão comum na indústria vidreira resume bem o potencial de reaproveitamento desse material, que é 100% reciclável. Entretanto, trata-se de um produto pouco coletado e subaproveitado no Brasil. Mas isso deve mudar.  Buscando se adequar às novas exigências legislativas para gestão de resíduos sólidos e otimizar a reciclagem no setor, a Abividro (Associação Brasileira das Indústrias Automáticas de Vidro) propõs ao Ministério de Meio Ambiente um modelo de gerenciamento inspirado em experiências europeias.

A ideia é instalar no Brasil uma instituição gerenciadora responsável por intermediar as relações entre municípios, cooperativas de catadores, beneficiadoras, fabricantes de vidro e envasadoras. Além disso, o órgão iria negociar operações de compra e venda de recicláveis triados, gerir a logística reversa e promover campanhas de conscientização sobre reciclagem.

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"O modelo que propomos atende a todos os pontos da Política Nacional de Resíduos Sólidos, ao implementar a responsabilidade compartilhada, criar um sistema de logística reversa e assegurar a destinação adequada dos materiais recicláveis", afirma o superintendente da Abividro, Lucien Belmonte, reforçando a necessidade de cooperação de outros setores de embalagens. "É preciso uma larga discussão entre todos os envolvidos", diz. "Sozinho ninguém resolve esse problema".

Segundo ele, a estimativa é que após quatro anos de sua instalação no país, a gerenciadora fará com que o índice de reciclagem do setor vidreiro atinja 50%. Em termos financeiros, equivale a passar dos atuais R$ 60 milhões movimentados por ano pelo setor para R$ 120 milhões/ano. De acordo com a Abividro, se os esforços resultarem na adesão de todos os envasadores existentes no país e de todos os municípios brasileiros, é possível que o setor de reciclagem de vidro movimente cerca de R$ 220 milhões/ano.

Na Europa, caçambas de lixo seletivas para vidro são comuns. (Wikimedia Commons)

Exemplo que  vem de fora
Na Alemanha, o sistema de gerenciamento instituído em 1991 elevou as taxas de reciclagem de 37% para 87% , correspondendo a 2,6 milhões de toneladas, e na Suíça de 95%. Nesses países, é comum encontrar caçambas de lixo especiais para o descarte de embalagens de vidro de acordo com a cor (transparente, verde e marrom). Segundo o superintendente da Abividro, os vidros devem ser preferencialmente separados por cor para evitar alterações de padrão visual do produto final e agregar valor.

Os índices de reciclagem de vidro no Brasil passam por uma atualização. Até o 2008, falava-se em 47% de aproveitamento de todo material produzido, algo em torno de 470 mil toneladas. Mas, desde a criação, no ano passado, de um novo modelo de medição definido pela ABNT, ainda não se tem um dado mais atualizado. Segundo o superintendente da Abividro, é provável que reciclemos bem menos do que a metade. São embalagens de vidro usadas para bebidas, produtos alimentícios, medicamentos, perfumes, cosméticos e outros artigos que vão parar direto no lixo, correspondendo em média a 3% dos resíduos urbanos. "Um desperdício para um material que poderia ser totalmente reaproveitado", argumenta Belmonte.

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