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Rebeldes dizem ter expulsado tropas de Kadafi de Misrata

O porta-voz militar dos opositores, porém, afirmou que Kadafi não está perdendo a batalha na cidade

Rebeldes na Líbia: conselho rebelde acredita que, se Kadafi sair de Misrata, perderá Trípoli (Christophe Simon/AFP)

Rebeldes na Líbia: conselho rebelde acredita que, se Kadafi sair de Misrata, perderá Trípoli (Christophe Simon/AFP)

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Da Redação

Publicado em 26 de abril de 2011 às 09h05.

Misrata, Líbia - Os rebeldes líbios anunciaram nesta segunda-feira que expulsaram as tropas de Muammar Kadafi para a periferia de Misrata, cenário de combates nos últimos dois meses, no mesmo dia em que a Otan apontava um golpe simbólico ao líder da Libia, destruindo seus escritórios em Trípoli.

Vários chefes de grupos combatentes de Misrata, a 200 km a leste de Trípoli, declararam que as forças governamentais, alvo de ataques há dois dias, haviam se retirado da cidade, estando nos bairros periféricos.

"Houve confrontos no limite oeste. Restam alguns soldados escondidos na cidade, que têm medo de serem mortos, mas já não existem mais grupos de militares", precisou um dos chefes.

Já o porta-voz militar do Conselho Nacional de Transição (CNT), da oposição em Benghazi, coronel Ahmed Omar Bani, advertiu que "Kadafi não está perdendo em Misrata (...). A situação lá é um desastre".

"Misrata é a chave para Trípoli e se ele (Kadafi) abandonar a cidade, abandonará Trípoli, e não é louco para fazer isto" (veja infográfico sobre os confrontos na Líbia no final da matéria).

Depois de violentos combates e bombardeios, que causaram pelo menos 55 mortos e mais de 200 feridos, entre sábado e domingo, Misrata vive uma certa calma desde a manhã desta segunda-feira. Sobre algumas zonas residenciais da cidade, caem esporadicamente alguns foguetes e morteiros, que causaram pelo menos nove vítimas civis mas, segundo um correspondente da AFP, não se ouviam ruídos de combates.

O médico Mohamed Alfagieh disse que havia "corpos carbonizados", encontrando-se, também, morteiros de 155 mm entre os restos de algumas casas.

Os rebeldes dizem ter "limpado" o bairro central de Zuabi.


Em uma mesquita, um muezim entoava "Deu é grande, é meu único guia". "Reza há horas para acalmar as pessoas", explicou à AFP Seilam Naas, um morador de 55 anos, que perdeu dois primos em 48 horas, um em mãos de franco-atiradores e o outro, por um tiro de morteiro.

Nos bairros controlados antes pelos pró-Kadafi, o avanço dos rebeldes permitiu liberar moradores, alguns dos quais permaneceram trancados em casa durante semanas, devido aos franco-atiradores.

Em Trípoli, alvo desde sexta-feira de intensos bombardeios da Otan, os escritórios de Kadafi, situados em sua mansão do setor de Bab Al Aziziya, foram destruídos por um ataque aéreo da Otan, segundo um jornalista da AFP.

Três pessoas morreram e 45 ficaram feridas no ataque, 15 delas gravemente, declarou o porta-voz do regime, Musa Ibrahim, durante entrevista à imprensa diante do prédio destruído. "Kadafi está num lugar seguro e dirige a batalha", acrescentou.

Em Bruxelas, a Otan anunciou ter realizado um ataque seletivo em Trípoli contra "um centro de comunicações utilizado para coordenar os ataques contra civis".

Saif al Islam, filho de Kadafi, denunciou um "ataque covarde" contra os escritórios de seu pai. Isto pode "aterrorizar crianças, mas não abandonamos a batalha e não temos medo", declarou ao canal de televisão Allibiya, afirmando que o combate levado a cabo pela Otan "já está perdido".

À noite, três potentes explosões estremeciam o leste da capital.

Uma coalizão internacional cumpre na Líbia desde 19 de março passado um mandato da ONU para acabar com a sangrenta repressão à revolta contra o regime de Kadafi, no poder há 42 anos.

No dia 31 de março, a Otan assumiu o comando das operações.

Entenda a situação dos confrontos na Líbia:

 

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