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Rebeldes castigarão homem que arrancou coração de soldado

A direção rebelde também saúda "o papel desempenhado pelos jornalistas cidadãos para revelar este tipo de atos"


	Rebeldes sírios preparam um foguete, em Alepo: o regime sírio rejeita qualquer solução que implique uma saída de Assad do poder
 (Miguel Medina/AFP)

Rebeldes sírios preparam um foguete, em Alepo: o regime sírio rejeita qualquer solução que implique uma saída de Assad do poder (Miguel Medina/AFP)

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Da Redação

Publicado em 13 de junho de 2013 às 07h48.

Damasco - O Exército Sírio Livre (ESL) prometeu nesta quarta-feira "castigar com severidade" as atrocidades cometidas por seus homens, em meio à comoção mundial gerada por um vídeo que mostra um suposto chefe rebelde arrancando o coração e o fígado do cadáver de um soldado do regime de Assad.

"Qualquer ato contrário aos valores pelos quais o povo sírio pagou com seu sangue e perdeu seus lares não será tolerado, o culpado de abusos será castigado com severidade, mesmo que seja um membro do Exército Sírio Livre", o principal grupo armado da oposição, indicou o Estado-Maior do ESL em um comunicado.

O ESL afirma ter dado instruções para que "tenha início rapidamente uma investigação sobre este vídeo divulgado nas redes sociais e no qual a pessoa, que afirma ser membro do ESL, comete um ato monstruoso contra o cadáver de um suposto soldado do regime criminoso" de Bashar al-Assad.

Os autores deste vídeo serão detidos e julgados, prossegue o comunicado, no qual o grupo convoca os cidadãos sírios a não hesitar em informar a direção rebelde de "qualquer ato contrário à lei cometido por pessoas que se apresentam como membros do ESL ou de qualquer outro grupo combatente".

A direção rebelde também saúda "o papel desempenhado pelos jornalistas cidadãos para revelar este tipo de atos".


O vídeo divulgado na segunda-feira provocou uma onda de condenações em todo o mundo, assim como entre os próprios militantes rebeldes, que consideram que desprestigia sua causa e prejudica suas tentativas de obter apoio ocidental.

Segundo a Human Rights Watch (HRW), o homem visto no vídeo retirando os órgãos de um cadáver de uniforme e levando o coração à boca ameaçando devorá-lo é "um comandante da brigada rebelde Omar al-Farouk", do ELS.

Entrevistado via Skype pela revista americana Time, o rebelde, identificado como Khalid al-Hamad, diz ter agido deste modo depois de encontrar no celular do soldado morto vídeos mostrando que ele havia humilhado sua mulher, que estava nua, e suas duas filhas.

Nas imagens, o rebelde arranca o coração e o fígado do soldado de uniforme, antes

de gritar: "Juramos diante de Deus que devoraremos seus corações e seus fígados, soldados de Bashar o cão!".

Em seguida, o insurgente afirma ter outro vídeo no qual é visto cometendo outras atrocidades, um fenômeno crescente na guerra entre as tropas do regime de Assad e a rebelião.

Desde o início de março de 2011, após a eclosão de uma revolta popular que se transformou em guerra civil, se multiplicaram os vídeos que mostram atrocidades no país. O regime e os rebeldes, que se enfrentam em um conflito que já deixou 94.000 mortos (segundo dados de uma ONG), se acusam mutuamente de crimes de guerra e contra a humanidade.


Regime sírio rejeita qualquer "diktat"

No âmbito diplomático, Washington indicou que uma conferência internacional sobre a Síria poderá ser realizada no mês de junho em Genebra.

Moscou e Washington pediram que todos os esforços sejam feitos em prol de uma solução política para este conflito que deixou mais de 94.000 mortos, segundo o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH).

Washington pediu que Assad aproveite esta oportunidade para sentar-se à mesa de negociações com a rebelião, mas ressaltou que ele não poderá participar de um futuro governo de transição.

O regime sírio rejeitou qualquer solução que implique uma saída de Assad do poder.

"A Síria não aceitará nenhum 'diktat' e seus amigos também não aceitarão", proclamou o vice-ministro sírio das Relações Exteriores, Faysal Moqdad, em entrevista na noite de terça-feira à rede oficial síria Al-Ijbariya.

O chefe da diplomacia russa, Serguei Lavrov, pediu que a oposição apoie os esforços de Moscou e Washington para organizar a conferência.

"É importante que todos os participantes da reunião expressem um claro apoio à iniciativa russo-americana destinada a implementar o comunicado de Genebra", declarou Lavrov, citado pelas agências russas.


No campo de batalha, o Exército sírio, apoiado por tanques e pela aviação, tentava nesta quarta-feira deter um ataque de rebeldes contra a prisão central de Aleppo (norte), onde milhares de pessoas estão detidas, indicou o Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH, próximo aos rebeldes).

Cerca de 4.000 presos, entre eles islamitas e criminosos de direito comum, estão detidos nessa prisão localizada na periferia de Aleppo, uma região controlada majoritariamente pelos rebeldes.

Em Damasco, uma pessoa morreu na explosão de uma bomba detonada por controle remoto colocada em um carro na Praça dos Omíadas, de acordo com a mesma fonte.

Pelo menos quatro pessoas morreram em bombardeios do Exército no setor docampo de refugiados palestinos de Yarmouk, segundo o OSDH.

E combates foram travados nas províncias de Damasco, Hama e Homs (centro), assim como em Idleb (noroeste) e Deraa (sul).

As comunicações telefônicas e a internet foram cortadas, indicou a agência oficial Sana.

Dois projéteis disparados a partir da Síria atingiram uma área do monte Hermon, nas Colinas de Golã ocupadas por Israel, sem deixar vítimas, segundo o Exército israelense.

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