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Quem é a primeira-ministra da Finlândia que enfrenta ameaça nuclear russa

Mais jovem governante europeia lidou com discriminação por causa de situação familiar; depois de propor adesão à Otan, entrou na mira de arsenal russo

Sanna Marin, primeira-ministra mais jovem da Europa, enfrenta ameaça nuclear da Rússia (Valeria Mongelli/Bloomberg via Getty Images/Getty Images)

Sanna Marin, primeira-ministra mais jovem da Europa, enfrenta ameaça nuclear da Rússia (Valeria Mongelli/Bloomberg via Getty Images/Getty Images)

CA

Carla Aranha

Publicado em 14 de abril de 2022 às 14h13.

Última atualização em 14 de abril de 2022 às 14h31.

Mais jovem líder feminina na política da Europa, a primeira-ministra finlandesa Sanna Mirella Marin, de 36 anos, enfrenta um dos maiores desafios de sua carreira. Diante da guerra na Ucrânia, que chegou ao seu 50º dia nesta quarta, dia 13, o país anunciou que deve solicitar adesão à Otan, aliança militar dos países ocidentais, provocando uma reação imediata da Rússia. O país deverá reforçar sua presença na região com armamentos nucleares e mísseis hipersônicos caso a ideia se concretize, segundo Dmitri Medvedev, vice-presidente do Conselho de Segurança russo.

A situação na fronteira entre a Finlândia e a Rússia já amanheceu mais tensa nesta quinta, dia 14. Marin, que assumiu o cargo de primeira-ministra em 2019, após a renúncia de seu antecessor, Antti Rinne, líder do partido Social Democrata, revelou o início da realização de exercícios militares na Finlândia com a participação dos Estados Unidos, Reino Unido, Letônia e Estônia. "O artigo 5º da Otan oferece garantia aos países membros de que um ataque a um país é um ataque a todos", disse Marin. "Não darei, no entanto, nenhum cronograma sobre quando a Finlândia deverá apresentar sua candidatura, mas deverá ser logo".

Primeira pessoa da família a conquistar um diploma universitário, Marin está habituada a situações adversas. Filiada ao partido Social Democrata desde os vinte anos, ela começou a trabalhar como padeira e caixa de uma loja aos 15 anos de idade para pagar as contas. Durante um bom tempo, ela se sentiu constrangida a falar abertamente sobre sua família -- seus pais se separaram quando ela ainda era criança e sua mãe se casou novamente, com uma mulher. Além disso, a família enfrentou dificuldades financeiras.

"Me sentia invisível por não me sentir à vontade para falar sobre o assunto", comentou em entrevistas recentes. "Mas minha mãe sempre me apoiu muito e disse que eu podia fazer qualquer coisa que quisesse, ela sempre acreditou em mim", afirma.

Ainda na época da faculdade de administração de empresas, na Universidade de Tampere, Marin decidiu entrar para a política. Aos 27, ela se tornou líder da Câmara de Vereadores de Tempere, cidade ao norte da capital, Helsinki, e, em 2015, foi eleita deputada pelo partido Social Democrata. O estado de bem-estar social e políticas de saúde política sempre foram suas principais bandeiras.

Casada desde 2020 com Markus Räikkönen, um ex-jogador de futebol, a primeira-ministra tem uma filha de quatro anos. O casal se divide entre Tampere, uma das maiores cidades da Finlândia, e Helsinki -- ao todo, o país tem 5,5 milhões de habitantes. Antes da pandemia, quando era ministra de Transporte, ela chegou a propor a semana de trabalho de quatro dias. "As pessoas merecem passar mais tempo com suas famílias e ter tempo para hobbies e outros aspectos da vida, como cultura", chegou a dizer há dois anos. "Esse poderia ser o próximo passo em nossa vida profissional".

Tendo como vizinhas a Suécia, que também deve pleitear a entrada na Otan, e a Noruega, duas das economias mais prósperas da Europa, a Finlândia deixou de ser uma região agrícola, nas últimas décadas, para se tornar um país com o PIB fortemente baseado em serviços, que responde por mais de 65% da geração de riquezas, e na indústria.

 

 

 

 

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