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Putin visita Papa em busca de apoio diplomático

"Putin quer deixar seu status de pária, e espera alcançar isso com o Papa", diz o pesquisador Boris Falikov, da Universidade de Ciências Humanas de Moscou

Vladimir Putin: o Vaticano tem mantido uma atitude muito cautelosa quanto ao envolvimento da Rússia nos conflitos no leste da Ucrânia, o que vem gerando críticas afiadas dos católicos em Kiev (Mikhail Klimentyev/RIA Novosti/Kremlin/Reuters)
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Da Redação

Publicado em 8 de junho de 2015 às 17h11.

Cidade do Vaticano - O presidente russo Vladimir Putin se reunirá na quarta-feira no Vaticano com o Papa Francisco , para discutir o conflito na Síria e na Ucrânia e tentar sair de seu isolamento internacional.

Defensor de um modelo alternativo ao Ocidental, baseado em grande parte em valores conservadores, Putin espera encontrar apoio no pontífice argentino.

"Putin quer deixar seu status de pária, e espera alcançar isso com o Papa", com quem se reunirá pela segunda vez, explica Boris Falikov, do centro de estudos religiosos da Universidade de Ciências Humanas de Moscou.

"No entanto, o cálculo Putin está errado, porque (desde a última reunião bilateral em 2013) houve a anexação da Crimeia e a invasão do leste da Ucrânia", lembra o estudioso.

Na Ucrânia, os rebeldes separatistas pró-russos são em sua maioria ortodoxos obedientes ao patriarcado de Moscou. Por sua vez, as forças leais a Kiev tem entre suas fileiras ortodoxos e greco-católicos, sob a autoridade de Roma.

Em 25 de novembro de 2013, o chefe de Estado russo, que afirma ser um fervoroso ortodoxo, foi recebido pela primeira vez pelo Papa Francisco. Desde então, a guerra civil síria se tornou incontrolável, e o conflito ucraniano colocou o Vaticano e o Papa ante um novo desafio diplomático, em que a Santa Sé tem uma estreita margem de manobra.

O Vaticano tem mantido uma atitude muito cautelosa neste conflito, o que gerou críticas afiadas dos católicos em Kiev por não ter condenado abertamente a política russa na Ucrânia.

O Vaticano mantém há décadas um diálogo com o patriarcado russo, que considera de suma importância.

A aproximação entre as duas igrejas atingiu tal ponto que se chegou a planejar uma visita do Papa a Moscou.

Essa visita foi um evento histórico, tendo sido a primeira viagem de um Papa à Rússia desde a separação das igrejas do Oriente e do Ocidente, durante o cisma de 1054.

Mas a crise ucraniana tornou-se um importante ponto de discórdia neste diálogo.

O patriarca da Igreja Ortodoxa russa Kirill recusou o convite para a Jornada Mundial da Juventude de 2016 em Cracóvia, Polônia, um país que apoia fortemente Kiev.

De acordo com o vaticanista Giuseppe Rusconi, há também "uma convergência entre a Rússia e o Vaticano em defender valores não negociáveis", como a rejeição do casamento gay.

A Santa Sé também pode encontrar um aliado na Rússia, em sua tentativa de se aproximar da China, de acordo com vários observadores da diplomacia do Vaticano.

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Cidade do Vaticano - O presidente russo Vladimir Putin se reunirá na quarta-feira no Vaticano com o Papa Francisco , para discutir o conflito na Síria e na Ucrânia e tentar sair de seu isolamento internacional.

Defensor de um modelo alternativo ao Ocidental, baseado em grande parte em valores conservadores, Putin espera encontrar apoio no pontífice argentino.

"Putin quer deixar seu status de pária, e espera alcançar isso com o Papa", com quem se reunirá pela segunda vez, explica Boris Falikov, do centro de estudos religiosos da Universidade de Ciências Humanas de Moscou.

"No entanto, o cálculo Putin está errado, porque (desde a última reunião bilateral em 2013) houve a anexação da Crimeia e a invasão do leste da Ucrânia", lembra o estudioso.

Na Ucrânia, os rebeldes separatistas pró-russos são em sua maioria ortodoxos obedientes ao patriarcado de Moscou. Por sua vez, as forças leais a Kiev tem entre suas fileiras ortodoxos e greco-católicos, sob a autoridade de Roma.

Em 25 de novembro de 2013, o chefe de Estado russo, que afirma ser um fervoroso ortodoxo, foi recebido pela primeira vez pelo Papa Francisco. Desde então, a guerra civil síria se tornou incontrolável, e o conflito ucraniano colocou o Vaticano e o Papa ante um novo desafio diplomático, em que a Santa Sé tem uma estreita margem de manobra.

O Vaticano tem mantido uma atitude muito cautelosa neste conflito, o que gerou críticas afiadas dos católicos em Kiev por não ter condenado abertamente a política russa na Ucrânia.

O Vaticano mantém há décadas um diálogo com o patriarcado russo, que considera de suma importância.

A aproximação entre as duas igrejas atingiu tal ponto que se chegou a planejar uma visita do Papa a Moscou.

Essa visita foi um evento histórico, tendo sido a primeira viagem de um Papa à Rússia desde a separação das igrejas do Oriente e do Ocidente, durante o cisma de 1054.

Mas a crise ucraniana tornou-se um importante ponto de discórdia neste diálogo.

O patriarca da Igreja Ortodoxa russa Kirill recusou o convite para a Jornada Mundial da Juventude de 2016 em Cracóvia, Polônia, um país que apoia fortemente Kiev.

De acordo com o vaticanista Giuseppe Rusconi, há também "uma convergência entre a Rússia e o Vaticano em defender valores não negociáveis", como a rejeição do casamento gay.

A Santa Sé também pode encontrar um aliado na Rússia, em sua tentativa de se aproximar da China, de acordo com vários observadores da diplomacia do Vaticano.

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