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Putin e Kim Jong-un se reúnem nesta terça-feira; saiba o que deve ser discutido

Em entrevista à rede de TV estatal russa, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, afirmou que as negociações bilaterais serão prioridade durante as reuniões

Putin e Kim: líderes devem conversar sobre cooperação militar (Andrey Rudakov/Getty Images)
André Martins

Repórter de Brasil e Economia

Publicado em 12 de setembro de 2023 às 08h13.

O líder da Coreia do Norte, Kim Jong-un, e o presidente da Rússia, Vladimir Putin devem se reunir nesta terça-feira, 12, na cidade de Vladivostok, no leste russo. Ontem, o Kremlin e a agência estatal norte-coreana KCMA confirmaram a reunião. Kim viajou para Rússia de trem, segundo informação do jornal Chosun Ilbo, um dos principais da Coreia do Sul.

Em entrevista à rede de TV estatal russa, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, afirmou que as negociações bilaterais serão prioridade durante as reuniões.

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A expectativa é que Kim e Putin tenham um encontro a sós, além de reuniões de membros de governo dos dois países. Um jantar do governo russo em homenagem ao líder norte-coreano também está na programação, segundo Peskov. A última vez que Kim esteve na Rússia foi em 2019.

"A Coreia do Norte é nossa vizinha. É claro que, como com qualquer outro vizinho, consideramos nosso dever construir relações boas e mutuamente benéficas. É isso que fazemos, e o que o presidente Putin faz de forma muito consistente", disse o porta-voz.

O que Putin e Kim devem conversar?

A reunião acontece após autoridades norte-americanas divulgarem na semana passada que a Coreia do Norte e a Rússia iriam organizar um encontro entre seus líderes no mês de setembro para discutir cooperação militar. Os russos e norte-coreanos não informaram quais assuntos serão tratados no encontro.

Segundo a agência Reuters, os americanos acreditam que Putin busca mais armas e munições para reabastecer suas reservas em declínio, em meio a contraofensiva da Ucrânia. Analistas estimam que os norte-coreanos possuem milhões de projéteis de artilharia e foguetes baseados em projetos soviéticos que poderiam potencialmente dar um enorme impulso ao exército russo. O acordo, se concretizado, pode prolongar ainda mais o conflito que já dura mais de 17 meses.
Em junho deste ano, após o ministro da Defesa russo, Sergei Shoigu, realizar visita à Coreia do Norte, quando Kim Jong-un o convidou para uma exposição de armas e um enorme desfile militar em Pyongiang, os Estados Unidos acusaram os norte-coreanos de fornecer armas aos russos, incluindo artilharia ao grupo mercenário Wagner. Autoridades russas e norte-coreanas negaram as acusações.

Em troca do possível apoio militar, Kim exigiria de Putin ajuda energética, alimentar e de tecnologias para armas avançadas, de acordo com a Reuters. Nos últimos meses, Pyongyang tem lançado testes de mísseis balísticos intercontinentais no mar. Apesar da possibilidade aventada, o Kremlin tem histórico de não realizar grandes transferências de tecnologia para aliados. Por isso, a visita pode ter mais um fator simbólico do que de cooperação militar.

Jon Finer, vice-conselheiro-chefe de segurança nacional do presidente dos EUA, Joe Biden, disse a repórteres no domingo que a Coreia do Norte “pode ser a melhor e a única opção” da Rússia para comprar armas em meio a guerra na Ucrânia. “Temos sérias preocupações sobre a possibilidade de a Coreia do Norte vender potencialmente armas aos militares russos. É interessante refletir por um minuto sobre a mensagem que isso passa quando a Rússia dá a volta ao mundo à procura de parceiros que a possam ajudar e termina na Coreia do Norte”, disse Finer a bordo de um avião que transportava Biden da Índia para o Vietnã.

Relação entre Rússia e Coreia do Norte

Desde a invasão da Ucrânia pela Rússia em fevereiro de 2022, Kremlin se aproximou da Coreia do Norte. O país é o único, além da Rússia e da Síria, a reconhecer a independência de duas regiões separatistas apoiadas pela Rússia no leste da Ucrânia - Donetsk e Luhansk. Os norte-coreanos também culpam os americanos pelo conflito, alegando que a “política hegemônica” do Ocidente justificava uma ofensiva russa na Ucrânia para se proteger.

A principal relação comercial entre Rússia e Coreia do Norte está baseada na exportação do petróleo de Moscou para Pyongyang. Segundo informações da ONU, os primeiros envios deste tipo foram registrados em 2020, apesar das sanções internacionais. Recentemente, autoridades russas e norte-coreanos disseram que vão discutir acordos políticos para empregar até 50 mil trabalhadores norte-coreanos. A ideia é que essas pessoas trabalhem na construção civil para reconstruir áreas devastadas pela guerra.

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