Putin e Abe na Vegas do oriente
O que acontece em Vladivostok fica em Vladivostok. O ditado típico de Las Vegas se aplica, nesta sexta-feira, à cidade localizada a longínquos 9.000 quilômetros de Moscou. Vladimir Putin tenta transformar a península na Las Vegas do oriente, uma potência de cassinos e casas de apostas para atrair o mercado de investidores e apostadores da Ásia. Quando chegar à cidade, Putin […]
Da Redação
Publicado em 1 de setembro de 2016 às 20h00.
Última atualização em 23 de junho de 2017 às 18h48.
O que acontece em Vladivostok fica em Vladivostok. O ditado típico de Las Vegas se aplica, nesta sexta-feira, à cidade localizada a longínquos 9.000 quilômetros de Moscou. Vladimir Putin tenta transformar a península na Las Vegas do oriente, uma potência de cassinos e casas de apostas para atrair o mercado de investidores e apostadores da Ásia.
Quando chegar à cidade, Putin terá um encontro cercado de mistério com o primeiro ministro japonês, Shinzo Abe. Na mesa de negociações, tentará resolver o impasse entre os dois países sobre as ilhas Kuril, um território russo ao norte do Japão. Interesses econômicos também estão na pauta.
Putin tem na mão boas cartas para a rodada com o japonês. Sabendo que o país importa petróleo e gás do oriente médio, a 10.000km de distância, ele vai jogar pesado com a massiva produção russa a seu favor. Em junho foram 10,8 milhões de barris de petróleo por dia, 12% de todo óleo mundial e a maior produção e exportação de gás natural do planeta.
O japonês, por outro lado, não senta na mesa despreparado: tem nas mãos a expertise e a dominância do mercado de tecnologia. Não se pode fazer uma tela de LCD ou um chip de semi-condutores sem passar pelo Japão, que responde por servir 70% da produção mundial em 30 setores que valem, pelo menos, 1 bilhão de dólares cada. Essas cartas interessam a Putin. A investida de Abe tem ainda outra razão — o Japão teme que outro jogador, a China, comece a dominar a mesa, de olho nos recursos naturais da Rússia.
Para analistas políticos, Abe pode até pedir a concessão das ilhas, que foram anexadas pela Rússia durante a Segunda Guerra Mundial e até já impediram um acordo de paz entre os dois países, mas Putin não deve concordar. Sua popularidade aumentou muito quando reanexou a Crimeia e esse é um trunfo que ele não parece disposto a perder. Em dezembro, Putin deve ir a Tóquio para mais conversas e até uma revanche com Abe. Hoje, resta ver quem vai fazer a aposta mais alta.