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Promotores pedem pena "rigorosa" para Bo Xilai em julgamento

Julgamento do ex-dirigente chinês Bo Xilai foi concluído nesta segunda com um pedido dos promotores para uma pena "rigorosa"

O ex-dirigente chinês Bo Xilai: julgamento teve até o último momento características próprias de um melodrama (China Central Television (CCTV) via Reuters)
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Da Redação

Publicado em 26 de agosto de 2013 às 08h37.

Jinan - O julgamento pelos crimes de corrupção e abuso de poder do ex-dirigente chinês Bo Xilai foi concluído nesta segunda-feira com um pedido dos promotores para uma pena "rigorosa", após cinco dias de uma audiência que até o último momento teve características próprias de um melodrama.

A audiência terminou no Tribunal Intermediário de Jinan sem que tivesse sido emitido um veredicto, que será divulgado em uma data que ainda não foi determinada.

Em suas alegações finais, os promotores consideraram que foi comprovada a responsabilidade do ex-secretário-geral do Partido Comunista de Chongqing e reivindicaram que Bo seja "punido duramente", pois seus crimes são "extremamente graves" e ele não admitiu sua culpa.

"O acusado cometeu crimes extremamente graves e se negou a admitir sua culpa. Não há razões legais para um veredicto compassivo, ele tem que ser punido seriamente de acordo com a lei", afirmou a acusação, segundo uma transcrição divulgada pelo tribunal na internet.

O julgamento gerou uma enorme expectativa no país e foi o primeiro a ser parcialmente transmitido pela internet na China . Bo é acusado de aceitar subornos dos empresários Xu Ming e Tang Xiaolin no valor de US$ 3,5 milhões, e também pelo desvio de cinco milhões de iuanes (US$ 800 mil) de recursos públicos.

Concretamente, durante a audiência se soube que Xu pagou por um chalé comprado na França pela esposa de Bo, Gu Kailai, assim como várias passagens de avião, uma moto elétrica e as despesas do cartão de crédito do filho do casal, Bo Guagua.


Porém, as denúncias mais graves contra o ex-dirigente estão relacionadas com abuso de poder. Bo é acusado de ter tentado encobrir a autoria de Gu Kailai do assassinato em novembro de 2011 do empresário britânico Neil Heywood, em um escândalo que foi revelado quando o braço direito de Bo, Wang Lijun, buscou asilo em um consulado americano em fevereiro de 2012.

Bo negou as acusações a todo custo durante todo o julgamento.

O ex-dirigente afirmou que confessou os crimes contra sua vontade, enquanto ainda era investigado, porque tinha "a esperança de salvar minha permanência no Partido e continuar minha carreira política".

Nos dias anteriores, Bo classificou como "mentiras" os diferentes testemunhos e chegou a chamar sua esposa - que prestou um depoimento em vídeo - de "louca". Apresentou uma explicação digna do melhor melodrama sobre os motivos da fuga de Wang Lijun para o consulado americano de Chengdu.

"A verdadeira razão", segundo Bo, foi que "como ele mesmo (Wang) confessou, tinha sentimentos por Gu Kailai. Estava sendo consumido por esses sentimentos e não podia se controlar. Ele confessou isso a Gu Kailai por meio de uma carta".

Durante essa declaração, "eu apareci de repente", disse Bo, que acrescentou que seu antigo homem de confiança "conhece minha personalidade. Ele invadiu minha família, minhas emoções mais básicas. É a razão real pela qual tentou pedir asilo".


Gu e Wang "tinham uma relação muito especial", insistiu o antigo dirigente. "Eu estava muito incomodado".

Em sua última declaração perante o tribunal, imediatamente antes de o juiz Wang Xuguan encerrar a audiência, o ex-dirigente pediu desculpas por "não ter conduzido bem minha família e meus subordinados. Peço perdão ao partido e ao povo".

Além disso, admitiu que foi negligente na supervisão de Guagua e na hora de perceber as contribuições de Xu Ming em suas despesas.

Bo se declarou disposto a aceitar uma investigação sobre sua responsabilidade parcial na hora de impelir Wang Lijun a procurar asilo, mas rejeitou taxativamente as acusações de corrupção e da tentativa de encobrir a responsabilidade de sua esposa na morte de Heywood.

Apesar de não ter sido estipulada uma data para o veredicto, ele poderá ser anunciado em semanas ou dias.

As autoridades chinesas têm pressa para dar um fim a esse escândalo, o maior na política do país nas últimas décadas. A partir de outubro vai acontecer a reunião anual do Partido Comunista, onde se espera o anúncio de grandes reformas econômicas.

Ninguém dúvida que Bo será declarado culpado, mas a grande dúvida é sobre qual será sua sentença. Os promotores podem ter dado hoje uma pista.

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A audiência terminou no Tribunal Intermediário de Jinan sem que tivesse sido emitido um veredicto, que será divulgado em uma data que ainda não foi determinada.

Em suas alegações finais, os promotores consideraram que foi comprovada a responsabilidade do ex-secretário-geral do Partido Comunista de Chongqing e reivindicaram que Bo seja "punido duramente", pois seus crimes são "extremamente graves" e ele não admitiu sua culpa.

"O acusado cometeu crimes extremamente graves e se negou a admitir sua culpa. Não há razões legais para um veredicto compassivo, ele tem que ser punido seriamente de acordo com a lei", afirmou a acusação, segundo uma transcrição divulgada pelo tribunal na internet.

O julgamento gerou uma enorme expectativa no país e foi o primeiro a ser parcialmente transmitido pela internet na China . Bo é acusado de aceitar subornos dos empresários Xu Ming e Tang Xiaolin no valor de US$ 3,5 milhões, e também pelo desvio de cinco milhões de iuanes (US$ 800 mil) de recursos públicos.

Concretamente, durante a audiência se soube que Xu pagou por um chalé comprado na França pela esposa de Bo, Gu Kailai, assim como várias passagens de avião, uma moto elétrica e as despesas do cartão de crédito do filho do casal, Bo Guagua.


Porém, as denúncias mais graves contra o ex-dirigente estão relacionadas com abuso de poder. Bo é acusado de ter tentado encobrir a autoria de Gu Kailai do assassinato em novembro de 2011 do empresário britânico Neil Heywood, em um escândalo que foi revelado quando o braço direito de Bo, Wang Lijun, buscou asilo em um consulado americano em fevereiro de 2012.

Bo negou as acusações a todo custo durante todo o julgamento.

O ex-dirigente afirmou que confessou os crimes contra sua vontade, enquanto ainda era investigado, porque tinha "a esperança de salvar minha permanência no Partido e continuar minha carreira política".

Nos dias anteriores, Bo classificou como "mentiras" os diferentes testemunhos e chegou a chamar sua esposa - que prestou um depoimento em vídeo - de "louca". Apresentou uma explicação digna do melhor melodrama sobre os motivos da fuga de Wang Lijun para o consulado americano de Chengdu.

"A verdadeira razão", segundo Bo, foi que "como ele mesmo (Wang) confessou, tinha sentimentos por Gu Kailai. Estava sendo consumido por esses sentimentos e não podia se controlar. Ele confessou isso a Gu Kailai por meio de uma carta".

Durante essa declaração, "eu apareci de repente", disse Bo, que acrescentou que seu antigo homem de confiança "conhece minha personalidade. Ele invadiu minha família, minhas emoções mais básicas. É a razão real pela qual tentou pedir asilo".


Gu e Wang "tinham uma relação muito especial", insistiu o antigo dirigente. "Eu estava muito incomodado".

Em sua última declaração perante o tribunal, imediatamente antes de o juiz Wang Xuguan encerrar a audiência, o ex-dirigente pediu desculpas por "não ter conduzido bem minha família e meus subordinados. Peço perdão ao partido e ao povo".

Além disso, admitiu que foi negligente na supervisão de Guagua e na hora de perceber as contribuições de Xu Ming em suas despesas.

Bo se declarou disposto a aceitar uma investigação sobre sua responsabilidade parcial na hora de impelir Wang Lijun a procurar asilo, mas rejeitou taxativamente as acusações de corrupção e da tentativa de encobrir a responsabilidade de sua esposa na morte de Heywood.

Apesar de não ter sido estipulada uma data para o veredicto, ele poderá ser anunciado em semanas ou dias.

As autoridades chinesas têm pressa para dar um fim a esse escândalo, o maior na política do país nas últimas décadas. A partir de outubro vai acontecer a reunião anual do Partido Comunista, onde se espera o anúncio de grandes reformas econômicas.

Ninguém dúvida que Bo será declarado culpado, mas a grande dúvida é sobre qual será sua sentença. Os promotores podem ter dado hoje uma pista.

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