Procurador venezuelano diz que denúncia de Ortega não é válida
A ex-procuradora venezuelana abandonou seu país após ser acusada de traição pelo governo
EFE
Publicado em 23 de agosto de 2017 às 16h15.
Caracas - O novo procurador-geral da Venezuela , Tarek Saab, disse nesta quarta-feira que as denúncias da sua antecessora, Luisa Ortega, que assegura ter "muitas" provas de corrupção contra os principais dirigentes chavistas e contra o presidente Nicolás Maduro, não têm validade.
"Estamos falando de uma ex-procuradora-geral que obviamente foi removida do cargo por ter cometido faltas graves contra a moral, contra a ética", declarou Saab após reiterar suas denúncias contra a ex-funcionária por supostamente liderar uma rede de extorsão durante seus 10 anos no cargo.
Durante uma declaração a jornalistas em Caracas, o procurador-geral venezuelano criticou que Ortega tenha esperado uma década para tornar públicas suas denúncias contra altos dirigentes da chamada revolução bolivariana, da qual se distanciou nos últimos meses por uma suposta ruptura da ordem constitucional.
"Dez anos depois e fora do país decide vir falar do que não fez, do que foi cúmplice (...) Carece de toda validade o que possa dizer uma ex-procuradora-geral que em quase 10 anos não impulsionou uma ação contra nenhum das pessoas das quais ela agora fala", destacou Saab.
A ex-procuradora venezuelana abandonou seu país após ser acusada de traição pelo governo e destituída pela plenipotenciária Assembleia Nacional Constituinte (ANC), integrada unicamente por oficialistas, que designou Saab para seu lugar.
"Agora é uma turista mundial, é preciso ver quem suporta logisticamente todas essas viagens com um séquito a cada dia maior", afirmou o novo procurador em alusão às visitas que Ortega fez à Colômbia e ao Brasil, segundo ela, para entregar provas de vários delitos que envolvem o Executivo venezuelano.
Saab indicou que a ex-funcionária deveria ter apresentado essas provas perante a Justiça venezuelana, mas ela disse que no país não há possibilidade que estas denúncias prosperem, uma vez que o Poder Judiciário está subordinado ao governo.
O procurador-geral considera que sua antecessora "tem o repúdio nacional" na atualidade e procura fazer "propaganda para difamar" com as suas recentes viagens, "como uma promotora da vergonha e da ignomínia".
Ortega atribuiu sua destituição e a perseguição política que diz sofrer na Venezuela "ao afã de esconder os fatos de corrupção" dos quais, segundo assegura, tem "muitas provas", e às investigações que preparava sobre os subornos pagos pela Odebrecht a várias autoridades.
"Tenho provas no caso Odebretch que comprometem Maduro, Diosdado Cabello, Jorge Rodríguez e outros", garantiu Ortega na cerimônia de abertura de uma reunião de procuradores dos países do Mercosul em Brasília, onde disse que queria denunciar perante o mundo a situação de "corrupção desmedida" na Venezuela.