Presidente da Coreia do Sul sofre impeachment por unanimidade
Novas eleições serão realizadas no país em até 60 dias
EFE
Publicado em 10 de março de 2017 às 06h45.
Última atualização em 10 de março de 2017 às 12h57.
Seul - O Tribunal Constitucional da Coreia do Sul confirmou nesta sexta-feira por unanimidade a cassação da presidente do país, Park Geun-hye, aprovada originalmente pelo parlamento por causa de sua ligação com a trama de corrupção da "Rasputina".
Com a cassação, Park, que os promotores consideram suspeita no caso, perdeu sua imunidade e a Coreia do Sul é obrigada a realizar novas eleições presidenciais em até 60 dias.
A Justiça considerou que Park participou, ao lado de sua amiga Choi Soon-sil, conhecida como "Rasputina", na criação de duas fundações que foram usadas para extorquir fundos para grandes empresas e disse que violou a lei ao filtrar seus documentos confidenciais a Choi e permitir que ela interferisse nos assuntos de Estado.
Os oito juízes do Tribunal Constitucional ratificaram desta forma a cassação de Park, que assumiu a presidência em fevereiro de 2012, aprovada no início de dezembro do ano passado pelo parlamento sul-coreano.
Embora não tenha considerado ter sido o motivo para sua cassação, a mais alta corte do país achou provas de que Park negligenciou suas obrigações como chefe de Estado durante o naufrágio, em abril de 2014, do MV Sewol que deixou mais de 300 mortos, a maioria estudantes do ensino médio.
A decisão, que foi transmitida ao vivo por todas as emissoras de TVs e rádios do país, foi tornada pública em um ambiente marcado pelo forte dispositivo de segurança ativado em Seul para evitar confrontos entre os seguidores e opositores de Park Geun-hye.
Mais de 21,6 mil agentes isolam a máxima instância judicial sul-coreana, a Casa Azul, a sede da presidência e outros edifícios governamentais da capital por causa das manifestações contrárias e favoráveis a Park convocadas para hoje.
Milhares de simpatizantes dos dois lados tomaram a Avenida Sejong para celebrar ou condenar o veredicto, e alguns partidários de Park tentaram romper a força os cordões policiais.
Desde que o escândalo começou a sacudir o país, no ano passado, a avenida foi palco de enormes manifestações que pediam a saída de Park e que chegaram a reunir mais de 2 milhões de pessoas.
Especialistas apontam que as eleições presidenciais, onde o favorito é o candidato liberal Moon Jae-in, devem ser realizadas no dia 9 de maio.
O veredicto de hoje representa a primeira destituição de um chefe de Estado e a primeira antecipação do pleito na Coreia do Sul, desde que o país voltou a realizar eleições democráticas em 1987 após o mandato de duas juntas militares (uma das quais liderou o general Park Chung-hee, pai de Park Geun-hye).
A maioria dos sul-coreanos mostrou ser favor a cassação de Park, segundo diversas pesquisas divulgadas pela agência nacional "Yonhap", que apontam um apoio popular de 70% para a decisão de hoje.