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Preocupada com EUA, China busca aproximação com a Índia

Primeiro-ministro chinês saiu a campo nesta semana para buscar uma aproximação com a Índia e uma intensificação das relações comerciais

Primeiro-ministro chinês, Li Keqiang, com o primeiro-ministro indiano, Manmohan Singh, durante a cerimônia de recepção no palácio presidencial (Adnan Abidi/Reuters)
DR

Da Redação

Publicado em 22 de maio de 2013 às 11h20.

Nova Délhi - Efusivo e sorridente, o primeiro-ministro chinês, Li Keqiang, saiu a campo nesta semana para buscar uma aproximação com a Índia e uma intensificação das relações comerciais entre as duas economias que crescem mais rápido na Ásia.

"A China tornará realidade os sonhos de vocês", disse Li, em sua primeira viagem oficial ao exterior, durante banquete na terça-feira com empresários chineses e indianos em Mumbai, última parada da sua visita à Índia.

A iniciativa chinesa ocorre num momento de crescente preocupação em Pequim com a "guinada diplomática" dos EUA com relação ao leste da Ásia.

Mas a reação indiana foi fria, por causa de um recente atrito fronteiriço com a China e da amizade de Pequim com o rival Paquistão, onde Li chega na quarta-feira. Outra preocupação de Nova Délhi é com o crescente déficit na relação comercial bilateral, e com a inundação de produtos chineses baratos, que prejudicam os industriais locais.

Embora a Índia tenha relações amistosas com os EUA e seja uma grande compradora das armas norte-americanas, os dois países não mantêm uma aliança estratégia.

"Não gostaríamos de ver a Índia se tornar uma ferramenta de outros grandes países, especialmente os EUA, para contrabalançar, confrontar ou conter a China", disse Hu Shisheng, especialista em assuntos indianos do CICIR, entidade de estudos patrocinada pelo governo em Pequim.


"Queremos, no entanto, relações mais estreitas, para amparar a política equidistante de Nova Délhi. Não é realista esperar que a Índia seja mais próxima de um país do que do outro." Li, que viaja com executivos de 41 empresas chinesas, disse que os dois países, com economias em forte expansão, deveriam liberalizar o comércio bilateral e fazer mais negócios juntos, em vez de depender de terceiros para o desenvolvimento.

"Com uma longa fronteira e amplos interesses comuns, China e Índia não deveriam buscar cooperação de longe enquanto negligenciam o parceiro próximo", disse ele em discurso a empresários e diplomatas mais cedo na terça-feira.

Falante e tranquilo, Li repetidamente pegava o colega indiano Manmohan Singh pela mão, e contou que uma visita à Índia 27 anos atrás, quando ele era dirigente da Juventude Comunista, teve sobre ele a mesma influência que o subcontinente exerceu sobre Steve Jobs, o lendário cofundador da Apple.

Singh respondeu com sorrisos, mas mostrou-se firme na posição sobre a antiga disputa territorial entre os dois países. Ele disse que as relações não poderão melhorar se não houver paz na fronteira.

No passado, a Índia buscou dissociar a questão fronteiriça das relações como um todo. A diferença desta vez é que a visita de Li ocorre poucas semanas depois de soldados chineses instalarem um acampamento numa área reivindicada pela Índia.

O impasse, que só terminou em 3 de maio, após três semanas de negociações em alto escalão, causou indignação popular na Índia e ofuscou os preparativos para a visita de Li - situação que pode explicar a falta de acordos bilaterais significativos durante a passagem dele pela Índia.

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Nova Délhi - Efusivo e sorridente, o primeiro-ministro chinês, Li Keqiang, saiu a campo nesta semana para buscar uma aproximação com a Índia e uma intensificação das relações comerciais entre as duas economias que crescem mais rápido na Ásia.

"A China tornará realidade os sonhos de vocês", disse Li, em sua primeira viagem oficial ao exterior, durante banquete na terça-feira com empresários chineses e indianos em Mumbai, última parada da sua visita à Índia.

A iniciativa chinesa ocorre num momento de crescente preocupação em Pequim com a "guinada diplomática" dos EUA com relação ao leste da Ásia.

Mas a reação indiana foi fria, por causa de um recente atrito fronteiriço com a China e da amizade de Pequim com o rival Paquistão, onde Li chega na quarta-feira. Outra preocupação de Nova Délhi é com o crescente déficit na relação comercial bilateral, e com a inundação de produtos chineses baratos, que prejudicam os industriais locais.

Embora a Índia tenha relações amistosas com os EUA e seja uma grande compradora das armas norte-americanas, os dois países não mantêm uma aliança estratégia.

"Não gostaríamos de ver a Índia se tornar uma ferramenta de outros grandes países, especialmente os EUA, para contrabalançar, confrontar ou conter a China", disse Hu Shisheng, especialista em assuntos indianos do CICIR, entidade de estudos patrocinada pelo governo em Pequim.


"Queremos, no entanto, relações mais estreitas, para amparar a política equidistante de Nova Délhi. Não é realista esperar que a Índia seja mais próxima de um país do que do outro." Li, que viaja com executivos de 41 empresas chinesas, disse que os dois países, com economias em forte expansão, deveriam liberalizar o comércio bilateral e fazer mais negócios juntos, em vez de depender de terceiros para o desenvolvimento.

"Com uma longa fronteira e amplos interesses comuns, China e Índia não deveriam buscar cooperação de longe enquanto negligenciam o parceiro próximo", disse ele em discurso a empresários e diplomatas mais cedo na terça-feira.

Falante e tranquilo, Li repetidamente pegava o colega indiano Manmohan Singh pela mão, e contou que uma visita à Índia 27 anos atrás, quando ele era dirigente da Juventude Comunista, teve sobre ele a mesma influência que o subcontinente exerceu sobre Steve Jobs, o lendário cofundador da Apple.

Singh respondeu com sorrisos, mas mostrou-se firme na posição sobre a antiga disputa territorial entre os dois países. Ele disse que as relações não poderão melhorar se não houver paz na fronteira.

No passado, a Índia buscou dissociar a questão fronteiriça das relações como um todo. A diferença desta vez é que a visita de Li ocorre poucas semanas depois de soldados chineses instalarem um acampamento numa área reivindicada pela Índia.

O impasse, que só terminou em 3 de maio, após três semanas de negociações em alto escalão, causou indignação popular na Índia e ofuscou os preparativos para a visita de Li - situação que pode explicar a falta de acordos bilaterais significativos durante a passagem dele pela Índia.

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