Premiê do Iraque anuncia vitória sobre Estado Islâmico em Mosul
Mais cedo, a TV estatal do país havia anunciado que Abadi faria uma "declaração histórica" após chegar em Mosul
Reuters
Publicado em 10 de julho de 2017 às 13h35.
Última atualização em 10 de julho de 2017 às 16h14.
Dubai - O primeiro-ministro do Iraque , Haider al-Abadi, declarou vitória sobre o Estado Islâmico em Mosul nesta segunda-feira, três anos depois de os militantes tomarem a cidade e transformá-la no bastião de um "califado" que disseram que iria dominar o mundo.
"Anuncio daqui o fim, o fracasso e o colapso do Estado terrorista de falsidade e terrorismo que o terrorista Daesh anunciou de Mosul", disse Haider al-Abadi em um discurso exibido na televisão estatal usando um acrônimo árabe para o Estado Islâmico.
Uma aliança de 100 mil efetivos de unidades do governo iraquiano, combatentes curdos peshmerga e milícias xiitas lançaram a ofensiva para recapturar a cidade dos militantes em outubro, com apoio aéreo e terrestre de uma coalizão liderada pelos Estados Unidos.
Vestindo um uniforme militar negro e flanqueado por comandantes das forças de segurança, Abadi agradeceu às tropas e à coalizão, mas alertou que há mais desafios pela frente.
"Temos mais uma missão à nossa frente, criar estabilidade, construir e desmontar células do Estado Islâmico, e isso exige um esforço de inteligência e de segurança, e a união que nos permite combater o Estado Islâmico", disse antes de hastear uma bandeira iraquiana.
O Iraque declarou feriado de uma semana para marcar a vitória. Pessoas celebraram nas ruas da capital Bagdá e cidades do sul.
Abadi chegou a Mosul no domingo para parabenizar os comandantes militares envolvidos em uma batalha de quase nove meses para reconquistar a localidade, muitas partes das quais foram reduzidas a escombros.
Era possível ouvir no início do dia tiros e explosões enquanto a coalizão liderada pelos Estados Unidos bombardeava as poucas posições restantes do grupo.
A coalizão disse em uma declaração que as forças iraquianas tinham o "firme controle" de Mosul, mas algumas áreas ainda precisavam ser limpas de dispositivos explosivos e de possíveis combatentes escondidos do Estado Islâmico.
Abadi tem se encontrado com autoridades militares e políticas em Mosul em um clima de festa que contrasta com o medo que se disseminou rapidamente quando algumas centenas de combatentes do Estado Islâmico tomaram a cidade e o Exército do país desmoronou em julho de 2014.
O líder do Estado Islâmico, Abu Bakr al-Baghdadi, chocou o Oriente Médio e potências ocidentais três anos atrás ao aparecer no púlpito da Grande Mesquita de Al-Nuri em plena luz do dia, declarando um califado e se colocando como líder do mundo muçulmano.
Um reinado de terror se seguiu, o que eventualmente alienou até muitos dos muçulmanos sunitas que apoiaram o grupo como um aliado contra a maioria xiita iraquiana. Os oponentes do Estado Islâmico foram executados e crimes como fumar um cigarro foram punidos com chicoteamentos públicos.
Desde a invasão liderada pelos EUA em 2003 que derrubou Saddam Hussein, os xiitas têm sido politicamente dominantes no Iraque, mas o país tem sofrido com conflitos étnicos.
Baghdadi fugiu da cidade e seu paradeiro exato é desconhecido. Há relatos de que ele está morto, mas autoridades iraquianas e ocidentais não conseguiram uma confirmação.
Mesmo que Baghdadi seja morto ou capturado, é improvável que isso detenha o Estado Islâmico, que agora deve ir para o deserto ou as montanhas do Iraque e desencadear uma insurgência.
Os militantes devem continuar tramando ataques contra o Ocidente e inspirando atos de violência de estilo "lobo solitário" de indivíduos ou grupos pequenos, como visto em incidentes recentes no Reino Unido, na França e em outros locais.
Mas a perda da segunda maior cidade do Iraque é um golpe duro para os extremistas.
"A recuperação de Mosul é um passo significativo na luta contra o terrorismo e o extremismo violento", disse o porta-voz do secretário-geral da ONU Antonio Guterres.
O Estado islâmico também está sob forte pressão em sua sede operacional na cidade síria de Raqqa.