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Preços das matérias-primas batem recordes

Crescimento chinês impulsionou subida média de 30% nos preços; para especialista, alta é a causa das revoltas no mundo árabe

Estimulados pela economia chinesa, os preços das matérias-primas mantiveram ascensão em 2010 (AFP)
DR

Da Redação

Publicado em 17 de maio de 2011 às 14h58.

Paris - Estimulados pela economia chinesa, os preços das matérias-primas mantiveram a sua ascensão em 2010, registrando novos recordes, embora esta progressão possa se reverter este ano, segundo um relatório da Cyclope, a 'bíblia' dos mercados mundiais.

"Os preços nunca estiveram tão altos. Assistimos a um verdadeiro impacto, o maior desde os anos 70", advertiu Philippe Chalmin, professor de História Econômica da Universidade Paris-Dauphine e coordenador do informe divulgado nesta terça-feira.

Esta "maldição das matérias-primas" é, segundo Chalmin, a causa das revoluções que sacodem o mundo árabe desde o início do ano.

Embora os preços tenham subido 30% no total, segundo o índice Cyclope, as altas mais fortes foram registradas pela borracha (+89%), pelo algodão (+65%), pelo minério de ferro (+62%), pelo estanho (+50%) e pelo níquel (+49%).

O cobre, consumido pela China em grande escala, acaba de superar os 10.000 dólares a tonelada (+46%), um recorde.

Os preços dos cereais também dispararam em 2010, em particular o milho (+15%) e o trigo na Europa (+26%). Só o preço do arroz caiu, em 10%, graças ao aumento da produção.

"Não há risco de escassez, mas com certeza existe um aumento da demanda mundial e uma queda dos estoques. Tudo isto não é muito saudável", disse François Luguenot, especialista em produtos agrícolas que participou da elaboração do relatório.

O preço do café subiu 27%. Os principais produtores latino-americanos, como Brasil, Colômbia e México, atravessaram problemas meteorológicos, o que suscitou temores de uma queda da produção.

Em relação ao algodão, a libra superou o dólar em setembro de 2010 e agora já está cotada a 1,60 dólar/libra (+65% entre 2009 e 2010).

No setor energético, o petróleo se mostra estável rondando os 80 dólares o barril, com leves tensões nos últimos meses de 2010. Em troca, o mercado do carvão teve um final de ano tenso devido, sobretudo, às inundações que atingiram Queensland (Austrália), maior exportador mundial de carvão coque.

Os preços de quase todas as matérias-primas podem ter atingido o teto, segundo os especialistas.

"Em alguns mercados, como o do algodão e dos metais, enfrentamos preços irracionais em relação à demanda", ressaltou Chalmin, que considera que em 2011 pode haver uma correção.

A China, maior importadora de soja e de minério de ferro, poderá tentar conter a inflação galopante e a disparada dos preços do setor imobiliário com a redução de seu crescimento, o que reduziria seu apetite por matérias-primas, aliviando a tensão dos preços.

Já o dólar recuperou seu vigor frente à moeda europeia afetada pelas altas dívidas de alguns países da Zona do Euro.

"Um dólar mais forte derrubaria os preços, logicamente", disse Chalmin.

Mas a grande incógnita continua sendo a especulação.

Os fundos de "investidores institucionais preocupados em diversificar seu portfólio atingiram mais de 300 bilhões de dólares em 2010", indica o relatório, ressaltando que a regulação dos mercados deixa "bastante a desejar".

A regulação dos preços das matérias-primas e sua volatilidade são, com a reforma do sistema monetário internacional, umas das principais preocupações da França durante sua Presidência do G20.

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Paris - Estimulados pela economia chinesa, os preços das matérias-primas mantiveram a sua ascensão em 2010, registrando novos recordes, embora esta progressão possa se reverter este ano, segundo um relatório da Cyclope, a 'bíblia' dos mercados mundiais.

"Os preços nunca estiveram tão altos. Assistimos a um verdadeiro impacto, o maior desde os anos 70", advertiu Philippe Chalmin, professor de História Econômica da Universidade Paris-Dauphine e coordenador do informe divulgado nesta terça-feira.

Esta "maldição das matérias-primas" é, segundo Chalmin, a causa das revoluções que sacodem o mundo árabe desde o início do ano.

Embora os preços tenham subido 30% no total, segundo o índice Cyclope, as altas mais fortes foram registradas pela borracha (+89%), pelo algodão (+65%), pelo minério de ferro (+62%), pelo estanho (+50%) e pelo níquel (+49%).

O cobre, consumido pela China em grande escala, acaba de superar os 10.000 dólares a tonelada (+46%), um recorde.

Os preços dos cereais também dispararam em 2010, em particular o milho (+15%) e o trigo na Europa (+26%). Só o preço do arroz caiu, em 10%, graças ao aumento da produção.

"Não há risco de escassez, mas com certeza existe um aumento da demanda mundial e uma queda dos estoques. Tudo isto não é muito saudável", disse François Luguenot, especialista em produtos agrícolas que participou da elaboração do relatório.

O preço do café subiu 27%. Os principais produtores latino-americanos, como Brasil, Colômbia e México, atravessaram problemas meteorológicos, o que suscitou temores de uma queda da produção.

Em relação ao algodão, a libra superou o dólar em setembro de 2010 e agora já está cotada a 1,60 dólar/libra (+65% entre 2009 e 2010).

No setor energético, o petróleo se mostra estável rondando os 80 dólares o barril, com leves tensões nos últimos meses de 2010. Em troca, o mercado do carvão teve um final de ano tenso devido, sobretudo, às inundações que atingiram Queensland (Austrália), maior exportador mundial de carvão coque.

Os preços de quase todas as matérias-primas podem ter atingido o teto, segundo os especialistas.

"Em alguns mercados, como o do algodão e dos metais, enfrentamos preços irracionais em relação à demanda", ressaltou Chalmin, que considera que em 2011 pode haver uma correção.

A China, maior importadora de soja e de minério de ferro, poderá tentar conter a inflação galopante e a disparada dos preços do setor imobiliário com a redução de seu crescimento, o que reduziria seu apetite por matérias-primas, aliviando a tensão dos preços.

Já o dólar recuperou seu vigor frente à moeda europeia afetada pelas altas dívidas de alguns países da Zona do Euro.

"Um dólar mais forte derrubaria os preços, logicamente", disse Chalmin.

Mas a grande incógnita continua sendo a especulação.

Os fundos de "investidores institucionais preocupados em diversificar seu portfólio atingiram mais de 300 bilhões de dólares em 2010", indica o relatório, ressaltando que a regulação dos mercados deixa "bastante a desejar".

A regulação dos preços das matérias-primas e sua volatilidade são, com a reforma do sistema monetário internacional, umas das principais preocupações da França durante sua Presidência do G20.

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