Porcos, bilionários e um terceiro indicador de que a economia chinesa corre perigo
Quando produtores de aço e carvão anunciam que vão abater porcos, é porque a economia perdeu o vigor. Confira esse e outros dois sinais de que a China desacelerou
Da Redação
Publicado em 8 de julho de 2012 às 09h12.
São Paulo - Está todo mundo desconfiado. Em menos de um mês, a China baixou a taxa de juros duas vezes. O mais recente corte para estimular a economia, na última quinta-feira, ocorreu uma semana antes da esperada divulgação pelas autoridades chinesas do PIB do segundo trimestre. Coincidência? Para analistas internacionais - pegos de surpresa, aliás - é porque os números não serão bons.
É diante da expectativa de um desempenho abaixo dos 8,1% do primeiro trimestre - fraco para a gigante asiática, que não via números tão ruins desde o auge da crise de 2009 - que os efeitos do crescimento menos vertiginoso têm sido sentidos no país.
A queda da demanda por aço e carvão já fez duas empresas grandes anunciarem planos de investir em porcos, por exemplo.
Confira abaixo 3 indicadores de que as coisas não vão tão bem na terra da Grande Muralha.
1. Melhor investir em porcos que carvão ou aço
É bom ficar atento quando uma gigante do aço como a Wuhan – que tem projetos no Brasil com a EBX, de Eike Batista – anuncia que vai diversificar os negócios fora do mundo da siderurgia. Em porcos, para ser mais preciso. A Wuhan vai investir 4,7 bilhões de dólares nos próximos 5 anos, segundo o Financial Times, na criação de porcos, peixes e vegetais orgânicos, além de logística e química.
E assim como se vai do aço ao porco, vai-se do carvão ao suíno. Com o ritmo da produção industrial arrefecendo e um consequente esfriamento na demanda por energia, um grande grupo produtor de carvão, Shanxi Coking Coal Group, planeja construir um frigorífico capaz de abater 2 milhões de porcos por ano.
Afinal, os estoques de carvão só têm aumentado nos armazéns chineses. Nas usinas de Guangdong atingiram 20 dias, enquanto o aceitável são 15.
Melhor os porcos, aparentemente.
2. Cassino de Macau apresenta queda no ritmo de crescimento
A receita do cassino de Macau, região autônoma da China, caminha em conjunto ao humor dos bilionários chineses, entre outros fatores. Depois de um agressivo crescimento de 42% nas receitas em 2011, a estimativa este ano está em “apenas” – as aspas são para colocar o número em perspectiva, como tudo o mais na China - 11%.
Em maio, o crescimento já foi de módicos 7,3% comparado ao ano passado.
Claro que o fato do cassino enfrentar um novo concorrente conta, mas analistas alegam que um possível desânimo dos VIPS chineses deve ser contabilizado.
3. Produtores de equipamentos pesados fazem de tudo para vender
Um setor diretamente ligado ao boom chinês têm estado mais quieto há alguns meses. “Desde a segunda metade do ano passado tem havido menos trabalho”, disse Li Guanghao ao site do jornal chinês Caixin. Li é dono de uma empresa que presta serviços a construtoras em Pequim. “Em seguida havia menos e menos. Hoje, não há nenhum (trabalho)”, sentencia ele.
Restrições à parte a possíveis exageros na declaração, o fato é que as fabricantes de equipamentos tem se esforçado como nunca para despejar a maquinaria. E no caminho têm aceitado contratos de leasing com zero de entrada e primeiro pagamento para depois de 6 meses, o que tem sido visto como uma operação de alto risco que pode não ter final feliz.
Assim, o volume de recebíveis tem se ampliado a uma velocidade muito maior que o lucro de companhias como Sany e Zoomlion
Resta esperar que os demais compradores das máquinas não façam como Li Guanghao, que declarou que, se os negócios não retomarem o ritmo, vai devolver tudo que adquiriu, após pagar apenas a primeira parcela.
São Paulo - Está todo mundo desconfiado. Em menos de um mês, a China baixou a taxa de juros duas vezes. O mais recente corte para estimular a economia, na última quinta-feira, ocorreu uma semana antes da esperada divulgação pelas autoridades chinesas do PIB do segundo trimestre. Coincidência? Para analistas internacionais - pegos de surpresa, aliás - é porque os números não serão bons.
É diante da expectativa de um desempenho abaixo dos 8,1% do primeiro trimestre - fraco para a gigante asiática, que não via números tão ruins desde o auge da crise de 2009 - que os efeitos do crescimento menos vertiginoso têm sido sentidos no país.
A queda da demanda por aço e carvão já fez duas empresas grandes anunciarem planos de investir em porcos, por exemplo.
Confira abaixo 3 indicadores de que as coisas não vão tão bem na terra da Grande Muralha.
1. Melhor investir em porcos que carvão ou aço
É bom ficar atento quando uma gigante do aço como a Wuhan – que tem projetos no Brasil com a EBX, de Eike Batista – anuncia que vai diversificar os negócios fora do mundo da siderurgia. Em porcos, para ser mais preciso. A Wuhan vai investir 4,7 bilhões de dólares nos próximos 5 anos, segundo o Financial Times, na criação de porcos, peixes e vegetais orgânicos, além de logística e química.
E assim como se vai do aço ao porco, vai-se do carvão ao suíno. Com o ritmo da produção industrial arrefecendo e um consequente esfriamento na demanda por energia, um grande grupo produtor de carvão, Shanxi Coking Coal Group, planeja construir um frigorífico capaz de abater 2 milhões de porcos por ano.
Afinal, os estoques de carvão só têm aumentado nos armazéns chineses. Nas usinas de Guangdong atingiram 20 dias, enquanto o aceitável são 15.
Melhor os porcos, aparentemente.
2. Cassino de Macau apresenta queda no ritmo de crescimento
A receita do cassino de Macau, região autônoma da China, caminha em conjunto ao humor dos bilionários chineses, entre outros fatores. Depois de um agressivo crescimento de 42% nas receitas em 2011, a estimativa este ano está em “apenas” – as aspas são para colocar o número em perspectiva, como tudo o mais na China - 11%.
Em maio, o crescimento já foi de módicos 7,3% comparado ao ano passado.
Claro que o fato do cassino enfrentar um novo concorrente conta, mas analistas alegam que um possível desânimo dos VIPS chineses deve ser contabilizado.
3. Produtores de equipamentos pesados fazem de tudo para vender
Um setor diretamente ligado ao boom chinês têm estado mais quieto há alguns meses. “Desde a segunda metade do ano passado tem havido menos trabalho”, disse Li Guanghao ao site do jornal chinês Caixin. Li é dono de uma empresa que presta serviços a construtoras em Pequim. “Em seguida havia menos e menos. Hoje, não há nenhum (trabalho)”, sentencia ele.
Restrições à parte a possíveis exageros na declaração, o fato é que as fabricantes de equipamentos tem se esforçado como nunca para despejar a maquinaria. E no caminho têm aceitado contratos de leasing com zero de entrada e primeiro pagamento para depois de 6 meses, o que tem sido visto como uma operação de alto risco que pode não ter final feliz.
Assim, o volume de recebíveis tem se ampliado a uma velocidade muito maior que o lucro de companhias como Sany e Zoomlion
Resta esperar que os demais compradores das máquinas não façam como Li Guanghao, que declarou que, se os negócios não retomarem o ritmo, vai devolver tudo que adquiriu, após pagar apenas a primeira parcela.