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Por que ataques no Irã afetam os voos em Dubai?

País fica próximo de dois hubs da aviação internacional que conectam Oriente ao Ocidente

Movimentação de aviões na região do Irã nesta sexta, 19 (FlightRadar24/Reprodução)

Movimentação de aviões na região do Irã nesta sexta, 19 (FlightRadar24/Reprodução)

Rafael Balago
Rafael Balago

Repórter de macroeconomia

Publicado em 19 de abril de 2024 às 11h13.

Última atualização em 19 de abril de 2024 às 11h21.

Quando surgiram os primeiros relatos de ataques de Israel ao Irã, na madrugada de sexta, 19, postagens em redes sociais mostravam rotas de aviões fazendo desvios estranhos ao sobrevoar o país.

Logo depois, o Irã fechou os aeroportos de Teerã, Shiraz e Isfahan. Eles foram reabertos logo depois, às 4h45 na hora local, e os voos foram retomados.

O Irã fica perto de dois dos principais hubs da aviação mundial. Dubai fica a cerca de 160 km de distância, e o Catar, a 190 km, ambos separados do Irã pelo Golfo Pérsico.

Dubai e Catar se tornaram hubs de conexão de passageiros que viajam dos EUA e Europa rumo à China, Japão e outros países da Ásia, e são as bases das companhias Emirates, de Dubai, e Qatar Airways, que se expandiram muito nas últimas décadas e oferecem voos para todos os continentes.

Os voos que saem dos dois polos rumo aos EUA e Europa atravessam o Irã por ser uma rota mais direta. Assim, enquanto os ataques ao Irã eram realizados, aviões rumo a Orlando, Nova York e Moscou passavam pelo país.

Sem cruzar o Irã, a viagem rumo aos Estados Unidos e países da Europa pode ficar um pouco mais longa. Outras opções de rota são sobrevoar o Iraque, país vizinho, ou fazer uma rota mais demorada, via Egito e Arábia Saudita

Já os voos diretos do Brasil para a região costumam chegar pelo sul, sobrevoando a Arábia Saudita, sem passar pelo Irã.

De modo geral, drones de ataque e mísseis voam em altitudes mais baixas do que as dos voos comerciais e internacionais e, quando disparados, usam rotas que desviem de aeronaves no caminho, para garantir que cheguem até o local do ataque.

Irã derrubou avião comercial em 2020

Em janeiro de 2020, o encontro entre retaliações militares e a aviação comercial teve uma cena trágica. Militares do Irã abateram um avião da Boeing com 176 passageiros, pouco depois da decolagem em Teerã. A aeronave era da Ukraine International Airlines e transportava mutos estudantes iranianos e canadenses.

Três dias depois, autoridades do Irã admitiram que o avião foi abatido por engano. Os militares acreditaram que se tratava de uma ameaça e dispararam dois mísseis contra ele. Em abril de 2023, dez pessoas foram condenadas pela Justiça iraniana pelo erro.

Na época, o Irã vivia cenário parecido ao atual. Seu principal comandante militar, Qassim Suleimani, havia sido morto por um ataque de drone no Iraque, realizado pelos Estados Unidos. Em seguida, o Irã fez alguns ataques a bases americanas no Iraque, e esperava um revide. As tensões acabaram se reduzindo depois do abatimento acidental do Boeing, e, dois meses depois, começou a pandemia de Covid.

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