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Por que a oposição aposta que esta semana será decisiva para o futuro da Venezuela

Posse de novo mandato presidencial está marcada para esta sexta-feira,10

Nicolás Maduro, presidente da Venezuela, durante evento em Miraflores no Dia de Reis (Juan Barreto/AFP)

Publicado em 8 de janeiro de 2025 às 06h01.

Sexta-feira, 10 de janeiro, poderá ser uma data-chave para o futuro da Venezuela. A oposição tentará, mais uma vez, colocar fim ao governo de Nicolás Maduro , acusado de fraudar eleições por seus rivais e por líderes internacionais. O dia poderá terminar com uma revolução ou com o início de mais um mandato para o chavismo, há 26 anos no poder.

Neste dia, está marcada a posse presidencial. Maduro planeja assumir seu terceiro mandato, após a Justiça eleitoral do país declará-lo como vencedor das eleições de julho de 2024. Já o candidato da oposição, Edmundo González Urrutia, também promete tomar posse neste dia, por considerar que venceu a disputa nas urnas.

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Um dia antes, na quinta, 9, haverá uma série de manifestações convocados pela oposição. A expectativa é que os protestos, assim como a pressão internacional, convençam os militares a deixarem de apoiar Maduro, o que ajudaria a encerrar o regime chavista. Maduro governa a Venezuela desde 2013, após suceder ao presidente Hugo Chávez, de quem era vice. Chávez comandou a Venezuela por 13 anos, até sua morte.

"Neste momento, muitos policiais e soldados estão mandando mensagens e tomando decisões, se querem ser tiranos que reprimem ou heróis que defendem seu povo", disse María Corina Machado, em entrevista coletiva na terça, dia 7.

Corina tentou disputar a Presidência da Venezuela em 2024, mas teve a candidatura barrada pelo governo. Ela disse considerar que o regime chavista enfrenta várias fraturas internas e que tem perdido apoio popular.

"Estamos aqui frente a um sistema que não é uma ditadura convencional hierárquica, mas um sistema onde há múltiplos grupos, todos tentando se salvar, o que é uma situação instável e perigosa", prosseguiu.

Machado disse ter confiança que a energia da mobilização civil vai ser suficiente para enfrentar a violência do regime. "O regime tem feito ameaças contra a sociedade, mas parece que as ameaças não estão surtindo efeito. As pessoas estão dizendo que vão para a manifestação", afirmou.

O governo Maduro ameaça prender Urrutia se ele voltar ao país, sob acusação de terrorismo. O alto comando das Forças Armadas, até o momento, ratificou em um comunicado a sua "lealdade, obediência e subordinação" ao atual presidente.

Analistas ouvidos pela agência AFP apontam que há uma baixa possibilidade de que os miltares abandonem Maduro, pois eles ocupam cargos em diversas secretarias e empresas estatais, como no setor de petróleo.

Sob o regime chavista, a Venezuela viveu uma forte crise econômica na década passada, com inflação que superou 65.374% anuais em 2019, ano em que o PIB encolheu 19,7%, segundo estimativa do Banco Mundial. Com isso, cerca de 7,7 milhões de venezuelanos deixaram o país na última década.

Maduro diz que as dificuldades econômicas foram geradas por ações externas, como as sanções aplicadas pelos Estados Unidos contra o país, e acusa a oposição de sabotar o país.

A economia teve melhora nos últimos anos, mas a inflação segue elevada, na faixa de 60% ao mês. Em 2018, o governo liberou o uso de dólares em transações, o que permitiu a parte das empresas e pessoas conseguirem se organizar com base em uma moeda mais estável.

Protestos na Venezuela após a eleição de Maduro

Eleição contestada

Maduro disputou um novo mandato em 2024, em uma eleição em que vários nomes da oposição foram barrados, e anunciou vitória.

O resultado, no entanto, não foi aceito pela oposição , pois o Conselho Nacional Eleitoral não apresentou os resultados detalhados de votação por sessão. Disse apenas que Maduro teve 51,2% dos votos, contra 44,2% de Edmundo González.

A oposição cobrou a liberação das atas de cada sessão eleitoral e fez um esforço para reunir os documentos. Conseguiu obter os registros de 79% das urnas do país, que foram depois analisadas pela agência americana Associated Press, especializada em dados eleitorais dos Estados Unidos. A agência apontou que González teria obtido 6,4 milhões de votos, ante 5,3 milhões de Maduro. O governo diz que esses dados são falsos e processou o candidato da oposição.

Países como Brasil, Estados Unidos e Argentina não reconheceram a vitória de Maduro e o pressionaram a mostrar as atas oficiais, o que não ocorreu. Nos meses seguintes à eleição, houve uma série de protestos contra o governo, que prendeu manifestantes e opositores e passou a acusá-los de terrorismo.

González, 75 anos, foi alvo de um mandado de prisão, por acusações como as de usurpar funções da autoridade eleitoral e falsificar documentos. Em setembro, ele se asilou na Espanha.

Neste começo de 2025, González voltou a agir de forma mais aberta. Ele visitou quatro países das Américas, incluindo Estados Unidos e Argentina, onde foi recebido pelos presidentes Donald Trump e Javier Milei, que lhe prometeram apoio.

"Minha intenção é ir à Venezuela tomar posse do mandato que os venezuelanos me deram quando me elegeram com 7 milhões de votos para servir como presidente", declarou González à imprensa, após se reunir com Milei, no dia 4 de janeiro.

Oposição seguirá

Mesmo que a estratégia não dê certo no dia 10, a oposição promete continuar lutando. Segundo Corina, já houve conversas com a equipe de Donald Trump, que tomará posse da Presidência dos EUA em 20 de janeiro, em busca de medidas que pressionem Maduro a deixar o poder.

Ela defende que isso ajudará os Estados Unidos a conter a imigração ilegal, já que milhares de venezuelanos foram para os EUA, e a criminalidade, pois acusa Maduro de ter ligação com o crime organizado.

"O bem-estar dos venezuelanos está completamente alinhada com as políticas e prioridades de Segurança Nacional dos Estados Unidos", defende.

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