Por que 2013 já é o ano dos protestos no mundo?
Brasil, Turquia, Egito e mais 20 países, pelo menos, tiveram manifestações nesse ano, segundo estudo da Economist Intelligence Unit
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Da Redação
Publicado em 5 de agosto de 2013 às 06h00.
Última atualização em 13 de setembro de 2016 às 15h30.
São Paulo – Nos últimos anos, o mundo vive um boom de protestos – da primavera árabe aos movimentos Ocuppy. A observação é do estudo Rebels without a cause (rebeldes sem causa, em tradução livre) elaborado pela Economist Intelligence Unit (EIU). Uma sequência de protestos está acontecendo há alguns anos, especialmente na Europa.Em 2013, o instituto de pesquisas observou manifestações em mais de 30 países – sejam elas iniciadas nesse ano, desdobramentos de protestos passados ou intermitentes. Para a EUI, a recente onda de protestos no mundo está relacionada a crise de 2008 e seus resultados. A agitação social tem relação direta com o crescimento econômico e o desemprego , segundo estudo. A insatisfação com a situação econômica é uma condição necessária para a instabilidade séria, mas, sozinha, não é o suficiente segundo o estudo. Apenas quando o sofrimento econômico é acompanhado por outras características estruturais da vulnerabilidade (como o nível de qualidade da renda, a governança, tensões étnicas, entre outros) passa a existir um risco elevado de instabilidade. A Economist Intelligence Unit divide os protestos em três tipos. Um deles é o protesto pela mudança de regime ou democratização, como as manifestações que configuraram a Primavera Árabe. Outra categoria é a dos chamados “tradicionais”, aqueles protestos que tem foco em pontos como austeridade fiscal, empregos e recursos naturais - esse último, especialmente na América Latina. Há também o “novo movimento social”,um tipo difícil de classificar, segundo o instituto de pesquisa, por não ter uma organização firme, que mobiliza rápido os manifestantes pelas redes sociais, tem relação com a ascensão econômica da classe média nos mercados emergentes e não tem uma ideologia definida.Veja os principais casos de manifestações em 2013, segundo levantamento da Economist Intelligence Unit.
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2 /23(REUTERS/Marcos Brindicci)
O país observou grandes protestos em 2012 e 2013, mas a reclamação lá é contínua. O protesto é classificado como tradicional pela EIU. O país tem uma tradição em protestos e greves são frequentes. Nos últimos nove meses, no entanto, uma série de manifestações contra o governo tem acontecido.
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3 /23(Anya Semeniouk / Wikimedia Commons)
Na Armênia, manifestações anti-regime ocorreram em fevereiro de 2011 e abril de 2013. Na primeira manifestação, o protesto era pela democracia, contra o baixo crescimento e a corrupção. Nesse ano, os protestos contestavam o resultado das eleições presidenciais.
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4 /23(Johannes Eisele/AFP)
Em 2011, o Azerbaijão já havia observado manifestações que questionavam a legitimidade do governo. Nesse ano, vários protestos de pequena escala ocorreram, tendo como foco críticas à corrupção no governo e ao abuso de poder.
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5 /23(Alex Almeida/Reuters)
No Brasil, os protestos começaram por causa do aumento das tarifas de transporte público e se transformaram em um movimento maior, que englobava esse tema e também refletia a revolta com relação à corrupção, baixa qualidade dos serviços públicos e custos de projetos para a Copa do Mundo.A EIU coloca os protestos no Brasil na categoria de “novo movimento social”.
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6 /23(Getty Images)
Cortes e o não pagamento de pensões de veteranos de guerra levaram a protestos em 2009, 2010 e 2012. Nesse ano, o motivo foi outro, a falta de acordo dos partidos no parlamento sobre um novo sistema de identificação – que fez com que bebês nascidos a partir de fevereiro de 2013 ficassem sem documentos.
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7 /23(REUTERS/Yannis Behrakis)
No Chipre, os protestos começaram nesse ano, impulsionados pelo colapso no setor financeiro, que devastou a economia cipriota e levou o país a adoção de medidas de austeridade.
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8 /23(Ed Giles/Getty Images)
No Egito, os protestos contra o regime concentraram-se em fevereiro de 2011 e junho/julho de 2013. Em 2011, as reclamações eram parte da primavera árabe e derrubaram o ditador Hosni Mubarak. Nesse ano, após protestos contra a centralização de poder, ocorreu uma intervenção militar para derrubar o presidente democraticamente eleito, Mohammed Morsi.
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9 /23(Wikimedia Commons)
O país registra, já desde 2011, protestos contra a recessão, a austeridade e o sistema financeiro e a corrupção. Isso levou à antecipação das eleições em 2011 e a queda do governo em 2013.
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10 /23(Getty Images)
A EIU classifica os protestos que acontecem na Espanha desde 2011 como mistos (parte tem foco tradicional e parte tem as características de “novo movimento social”. A motivação inicial era criar uma alternativa política. A insatisfação com as condições econômicas e com a austeridade é motivo chave para os protestos.
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11 /23(Reuters)
Na França, os protestos ocorrem desde 2009, tendo o enfoque tradicional, ou seja, anti-austeridade e anti-reformas. Em 2013, o maior protesto no país mobilizou as pessoas em oposição ao casamento gay.
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12 /23(Noah Seelam/AFP)
Desde 2011 ocorrem protestos no país, classificados pela EIU como “novo movimento social”. Inicialmente, eram protestos anti-corrupção, mas, em 2012 e 2013, eles deram lugar a protestos sobre a segurança das mulheres – e contrários a onda de estupros no país.
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13 /23(Gabriel Bouys/AFP)
Na Itália os protestos acontecem desde 2009 e misturam o enfoque tradicional com características dos novos movimentos sociais. Em 2013, veio a tona o Movimento 5 Stelle (movimento 5 estrelas). Fundado em 2009, obteve alguma expressão nas eleições.
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14 /23(Wikimedia Commons / Bakersdozen77)
Na Macedônia, os protestos ocorreram em 2010 e nesse ano, misturando o enfoque tradicional ao dos novos movimentos sociais. Os protestos tinham caráter anti-austeridade e algumas vezes, como em março de 2013, dimensão multi-étnica.
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15 /23(Getty Images)
As manifestações eclodiram em maio de 2013 na Malásia, com o caráter de tentar mudar o regime político do país. A oposição protestou contra os resultados das eleições gerais naquele mês, pedindo reforma eleitoral e mudança do governo.
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16 /23(José Manuel Ribeiro/Reuters)
Em Portugal os protestos também estão acontecendo desde 2009 – há uma ligação com a crise econômica, afinal, são protestos anti-austeridade. Manifestações proliferaram em 2013 e se misturaram a protestos do tipo “novo movimento social”, com foco no desemprego, por exemplo.
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17 /23(Wikimedia Commons)
Tradicionalmente, os protestos são raros em Singapura, mas, em 2013, ocorreram três manifestações. Duas foram sobre a política de imigração e o aumento no custo de vida. A terceira foi uma reação aos planos do governo de estreitar a regulação de sites de notícias. Esses protestos misturam características de manifestações tradicionais com as dos novos movimentos sociais.
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18 /23(AFP)
Apesar do president do país mostrar uma vida normal no país nas redes sociais, diversos protestos ocorreram na Síria em 2012 e 2013. O enfoque são pedidos de mudanças no regime político. A resposta violenta do governo aos protestos desencadeou uma guerra civil.
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19 /23(REUTERS/Fredrik Sandberg/Scanpix)
Protestos tradicionais eclodiram no país em maio de 2013. Não há uma agenda política/social identificada nos protestos, Segundo a EIU, mas há o envolvimento de assuntos como desemprego e imigração.
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20 /23(AFP)
A Tanzânia registrou manifestações entre janeiro e maio desse ano. Elas diziam respeito à construção de um gasoduto que os moradores gostariam que fosse usado para gerar energia no local e criar empregos. Os protestos no país tem o enfoque tradicional, Segundo a EIU.
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21 /23(Anis Mili/Reuters)
Na Tunísia, protestos contra o regime e o autoritarismo foram observados em dezembro de 2010, janeiro de 2011 e fevereiro de 2013, quando ocorreu uma continuidade dos movimentos da primavera árabe, com a influência de ideias anti-islâmicas e pró-democracia.
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22 /23(Osman Orsal / Reuters)
Na Turquia, a população se reuniu em junho contra a destruição do parque Gezi, de Istambul. O protesto logo se transformou em um movimento antigovernamental, especialmente de insatisfação com o estilo do primeiro ministro turco, Recep Tayyip Erdogan - de falta de consulta popular e pesada repreensão às manifestações. O local de maiores confrontos foi a Praça Taksim, em Istambul.
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23 /23(Patrick Baz/AFP)
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