Polêmica na Itália por 'carta secreta' enviada a Berlusconi
Carta enviada pelo Banco Central Europeu estabelece medidas que o país deve implementar em troca do apoio para sair da crise
Da Redação
Publicado em 8 de agosto de 2011 às 11h15.
Roma - Uma "carta secreta" assinada pelo chefe do Banco Central Europeu (BCE) e enviada ao chefe de Governo da Itália, Silvio Berlusconi, que estabelece medidas para sair da crise, gera polêmica no país, que se sente sob o controle de poderes estrangeiros.
O texto, segundo revelou nesta segunda-feira o jornal Il Corriere della Sera, impôs condições muito concretas à Itália em troca do apoio do poderoso banco, que fez exigências para saldar a dívida italiana, principal alvo dos especuladores.
A carta é mais um "programa de Governo", afirma o jornal, uma vez que estabelece inclusive o calendário para a aplicação das medidas, mencionando inclusive "os instrumentos legislativos que debem ser utilizados", como decretos legislativos, para acelerar a colocação do plano em funcionamento.
O BCE está disposto a intervir nos mercados em defesa da Itália e da Espanha e a adquirir títulos de Estado para conter a temida especulação financeira, mas fixou uma série de condições específicas, segundo o jornal.
O Corriere indica ainda que o presidente francês Nicolas Sarkozy e a chanceler alemã Angela Merkel pressionaram para que a Itália adote imediatamente as medidas anunciadas na sexta-feira para acelerar o ajuste fiscal, comprometendo-se a alcançar o equilíbrio das contas em 2013, um ano antes do previsto, e após uma reforma constitucional.
Entre as exigências, de acordo com o jornal, estão realizar privatizações com urgência, entre elas as de empresas municipais, e iniciar uma reforma na política trabalhista.
A oposição pediu explicações ao Governo. "O que nos pedem exatamente o BCE e as instituições internacionais? Um Governo impotente e totalmente desacreditado e agora sob tutela deve ao menos esclarecer qual é a real situação", exigiu Pierluigi Bersani, chefe do Partido Democrata (PD, de esquerda).
Berlusconi e seu ministro de Finanças, Giulio Tremonti, manchados por escândalos sexuais e de corrupção, estão cada vez mais enfraquecidos.
"O Governo e a maioria conservadora italiana aceitaram nestes dias um 'governo técnico', o que poderia ser descrito como um defensor dos mercados", escreveu em um editorial Mario Monti, ex-comissário europeu e atual reitor da prestigiada Universidade de Bocconi, localizada em Milão.
As propostas do BCE - que chega a sugerir uma reforma no mercado de trabalho italiano, pedindo a modificação do modelo atual - foram aceitas pelo principal aliado do Governo, a Liga Norte.
"Temos que acordar com a zona do euro e realizar as reformas", afirmou nesta segunda-feira Umberto Bossi, líder e fundador do movimento populista.
Para o economista Guido Compagna, o Governo italiano "de fato está sob a tutela daqueles que se destacam na Europa".
Na próxima quarta-feira, o Governo se reunirá com as partes interessadas e, no dia seguinte, deverá anunciar as novas medidas econômicas ao Parlamento, excepcionalmente aberto no mês de agosto, temporada de férias na Europa.
O Parlamento, segundo vários analistas de mercado, perdeu toda sua "dignidade" ao adiar decisões econômicas importantes e defender a todo custo seus privilégios.
Roma - Uma "carta secreta" assinada pelo chefe do Banco Central Europeu (BCE) e enviada ao chefe de Governo da Itália, Silvio Berlusconi, que estabelece medidas para sair da crise, gera polêmica no país, que se sente sob o controle de poderes estrangeiros.
O texto, segundo revelou nesta segunda-feira o jornal Il Corriere della Sera, impôs condições muito concretas à Itália em troca do apoio do poderoso banco, que fez exigências para saldar a dívida italiana, principal alvo dos especuladores.
A carta é mais um "programa de Governo", afirma o jornal, uma vez que estabelece inclusive o calendário para a aplicação das medidas, mencionando inclusive "os instrumentos legislativos que debem ser utilizados", como decretos legislativos, para acelerar a colocação do plano em funcionamento.
O BCE está disposto a intervir nos mercados em defesa da Itália e da Espanha e a adquirir títulos de Estado para conter a temida especulação financeira, mas fixou uma série de condições específicas, segundo o jornal.
O Corriere indica ainda que o presidente francês Nicolas Sarkozy e a chanceler alemã Angela Merkel pressionaram para que a Itália adote imediatamente as medidas anunciadas na sexta-feira para acelerar o ajuste fiscal, comprometendo-se a alcançar o equilíbrio das contas em 2013, um ano antes do previsto, e após uma reforma constitucional.
Entre as exigências, de acordo com o jornal, estão realizar privatizações com urgência, entre elas as de empresas municipais, e iniciar uma reforma na política trabalhista.
A oposição pediu explicações ao Governo. "O que nos pedem exatamente o BCE e as instituições internacionais? Um Governo impotente e totalmente desacreditado e agora sob tutela deve ao menos esclarecer qual é a real situação", exigiu Pierluigi Bersani, chefe do Partido Democrata (PD, de esquerda).
Berlusconi e seu ministro de Finanças, Giulio Tremonti, manchados por escândalos sexuais e de corrupção, estão cada vez mais enfraquecidos.
"O Governo e a maioria conservadora italiana aceitaram nestes dias um 'governo técnico', o que poderia ser descrito como um defensor dos mercados", escreveu em um editorial Mario Monti, ex-comissário europeu e atual reitor da prestigiada Universidade de Bocconi, localizada em Milão.
As propostas do BCE - que chega a sugerir uma reforma no mercado de trabalho italiano, pedindo a modificação do modelo atual - foram aceitas pelo principal aliado do Governo, a Liga Norte.
"Temos que acordar com a zona do euro e realizar as reformas", afirmou nesta segunda-feira Umberto Bossi, líder e fundador do movimento populista.
Para o economista Guido Compagna, o Governo italiano "de fato está sob a tutela daqueles que se destacam na Europa".
Na próxima quarta-feira, o Governo se reunirá com as partes interessadas e, no dia seguinte, deverá anunciar as novas medidas econômicas ao Parlamento, excepcionalmente aberto no mês de agosto, temporada de férias na Europa.
O Parlamento, segundo vários analistas de mercado, perdeu toda sua "dignidade" ao adiar decisões econômicas importantes e defender a todo custo seus privilégios.