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Partido de Peña Nieto vence legislativas mexicanas

O partido governista PRI conseguiu manter a maioria simples na Câmara, em eleições marcadas por protestos

Professores queimam material eleitoral em Oaxaca, México (Patricia Castellanos/AFP)
DR

Da Redação

Publicado em 8 de junho de 2015 às 23h09.

Chilpancingo - O partido governista PRI conseguiu manter a maioria simples na Câmara dos Deputados do México nas eleições intermediárias de domingo, apesar da queda de popularidade do presidente Enrique Peña Nieto e dos protestos registrados durante a votação.

A eleição, na qual um candidato independente tem grandes chances de vencer pela primeira vez um governo regional, foi marcada pelas ações de uma corrente radical dos professores e dos pais dos 43 estudantes desaparecidos de Ayotzinapa, que conseguiram bloquear locais de votação.

O governo mobilizou uma operação especial de segurança nos estados de Guerrero e Oaxaca, depois de uma semana de contundentes protestos, e conseguiu respirar depois que menos de 1% dos locais de votação do país foram afetados.

O presidente do Instituto Nacional Eleitoral, Lorenzo Córdova, informou que o PRI (Partido Revolucionário Institucional) venceu a eleição para a Câmara com entre 29,87% e 30,85% dos votos.

O resultado, inferior aos 31,9% das eleições de 2012, permite ao PRI superar o Partido Ação Nacional (conservador), que ficaria com entre 21,47% e 22,20% dos votos. O Partido da Revolução Democrática (esquerda) aparece com entre 11,14% e 11,81%.

À espera dos resultados definitivos, esperados para as 22H00 de Brasília, o PRI também se posicionava para tomar da esquerda o governo de Guerrero, estado onde desapareceram os 43 estudantes, e vencer em outros quatro estados, enquanyo o PAN venceia em dois, enquanto Michoacán, outro estado castigado pelo narcotráfico, voltou às mãos do PRD.

"A mensagem das urnas é que o governo não foi tão mal nos três anos que está no poder, que não existe tanto descontentamento, porque o PRI se mantém e os outros partidos não crescem", disse à AFP o analista político José Antonio Crespo.

Vitória de "El Bronco"

O PRI, que governou o México por mais de 70 anos até sua derrota em 2000, ficaria com entre 196 e 203 cadeiras das 500 das Câmara, mas pode garantir a maioria absoluta graças às alianças com o Partido Verde (41-48) e o Nova Aliança (9-12).

Peña Nieto sai ileso da eleição, apesar da recente queda de popularidade com os protestos contra o desaparecimento dos estudantes de Ayotzinapa em setembro do ano passado e os vários escândalos em seu governo, incluindo a revelação de que o presidente e sua esposa compraram mansões de empresários de empreiteiras.

O PRI também deve ser o vencedor no estado de Guerrero e em outros quatro estados, enquanto o PAN venceria em dois. O candidato independente Jaime Rodríguez "El Bronco" foi o vitorioso em Nuevo Léon (nordeste).

A novidade na votação foi a estreia da figura do candidato independente. Um deles, "El Bronco", um ex-prefeito de 57 anos, de fala franca e pinta de fazendeiro, prometeu iniciar "uma segunda revolução mexicana" no estado industrial de Nuevo León, onde foi confirmada sua vitória nesta segunda-feira, com 48,86% os votos.

"Nuevo León será o início desta segunda revolução mexicana que mudará a consciência e a atitude de muitos. Que bom que vamos dar seis anos de férias aos partidos que estavam governando!", comemorou Rodríguez na noite de domingo, diante de uma multidão na próspera capital do estado, Monterrey.

O político, que em setembro deixou a militância de mais de três décadas no PRI, acabou surpreendendo em eleições legislativas e locais que estrearam a figura da candidatura independente.

Para o analista político José Antonio Crespo, a vitória de "El Bronco" demonstra "o cansaço com os partidos" tradicionais por parte dos cidadãos de Nuevo León, cujo governador em fim de mandato, Rodrigo Medina (PRI), foi acusado de enriquecimento ilícito, mas poderia se estender a outras regiões do país.

Em Sinaloa (noroeste), dados preliminares indicam que Manuel Clouthier pode se tornar o primeiro deputado federal independente, enquanto em Guadalajara, a segunda cidade mais importante do México, o incipiente partido de esquerda Movimento Cidadão arrebatou a prefeitura, que estava nas mãos do PRI.

Para Luis Carlos Ugalde, ex-presidente do instituto federal eleitoral, a vitória de 'El Bronco' "é o mais relevante das eleições porque tem repercussões políticas de longo prazo".

Protestos

Uma corrente radical de professores e outros grupos tentaram boicotar as eleições locais e legislativas do México com o bloqueio de seções eleitorais e a queima de cédulas de votação no sul do país.

Os protestos se concentraram nos conflituosos estados de Guerrero e Oaxaca, apesar do forte dispositivo mobilizado pelo governo, com efetivos do Exército e da Polícia Federal, para garantir a realização das eleições.

No povoado de Tixtla, de 40.000 habitantes, a autoridade eleitoral de Guerrero teve de suspender a eleição, depois que pais e amigos dos 43 estudantes de Ayotzinapa, desaparecidos em setembro, impediram pela manhã a instalação de cerca de 20 seções eleitorais das 54 previstas.

Depois, enfrentaram com pedradas um grupo de pessoas armadas com pedaços de pau para impedir que continuassem seu protesto.

Mais tarde, o mesmo conselho eleitoral de Guerrero garantiu que os votos de Tixtla serão contabilizados e sua validade será determinada por um tribunal.

Essas eleições eram uma prova de fogo para Peña Nieto (2012-2018).

Apesar dos protestos, o Instituto Nacional Eleitoral (INE) - organizador das eleições - informou que 99,95% das urnas foram instaladas para que os 83 milhões de eleitores inscritos pudessem escolher seus 500 deputados (Câmara Baixa do Congresso federal), os governadores de nove dos 32 estados e quase 900 prefeituras.

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Chilpancingo - O partido governista PRI conseguiu manter a maioria simples na Câmara dos Deputados do México nas eleições intermediárias de domingo, apesar da queda de popularidade do presidente Enrique Peña Nieto e dos protestos registrados durante a votação.

A eleição, na qual um candidato independente tem grandes chances de vencer pela primeira vez um governo regional, foi marcada pelas ações de uma corrente radical dos professores e dos pais dos 43 estudantes desaparecidos de Ayotzinapa, que conseguiram bloquear locais de votação.

O governo mobilizou uma operação especial de segurança nos estados de Guerrero e Oaxaca, depois de uma semana de contundentes protestos, e conseguiu respirar depois que menos de 1% dos locais de votação do país foram afetados.

O presidente do Instituto Nacional Eleitoral, Lorenzo Córdova, informou que o PRI (Partido Revolucionário Institucional) venceu a eleição para a Câmara com entre 29,87% e 30,85% dos votos.

O resultado, inferior aos 31,9% das eleições de 2012, permite ao PRI superar o Partido Ação Nacional (conservador), que ficaria com entre 21,47% e 22,20% dos votos. O Partido da Revolução Democrática (esquerda) aparece com entre 11,14% e 11,81%.

À espera dos resultados definitivos, esperados para as 22H00 de Brasília, o PRI também se posicionava para tomar da esquerda o governo de Guerrero, estado onde desapareceram os 43 estudantes, e vencer em outros quatro estados, enquanyo o PAN venceia em dois, enquanto Michoacán, outro estado castigado pelo narcotráfico, voltou às mãos do PRD.

"A mensagem das urnas é que o governo não foi tão mal nos três anos que está no poder, que não existe tanto descontentamento, porque o PRI se mantém e os outros partidos não crescem", disse à AFP o analista político José Antonio Crespo.

Vitória de "El Bronco"

O PRI, que governou o México por mais de 70 anos até sua derrota em 2000, ficaria com entre 196 e 203 cadeiras das 500 das Câmara, mas pode garantir a maioria absoluta graças às alianças com o Partido Verde (41-48) e o Nova Aliança (9-12).

Peña Nieto sai ileso da eleição, apesar da recente queda de popularidade com os protestos contra o desaparecimento dos estudantes de Ayotzinapa em setembro do ano passado e os vários escândalos em seu governo, incluindo a revelação de que o presidente e sua esposa compraram mansões de empresários de empreiteiras.

O PRI também deve ser o vencedor no estado de Guerrero e em outros quatro estados, enquanto o PAN venceria em dois. O candidato independente Jaime Rodríguez "El Bronco" foi o vitorioso em Nuevo Léon (nordeste).

A novidade na votação foi a estreia da figura do candidato independente. Um deles, "El Bronco", um ex-prefeito de 57 anos, de fala franca e pinta de fazendeiro, prometeu iniciar "uma segunda revolução mexicana" no estado industrial de Nuevo León, onde foi confirmada sua vitória nesta segunda-feira, com 48,86% os votos.

"Nuevo León será o início desta segunda revolução mexicana que mudará a consciência e a atitude de muitos. Que bom que vamos dar seis anos de férias aos partidos que estavam governando!", comemorou Rodríguez na noite de domingo, diante de uma multidão na próspera capital do estado, Monterrey.

O político, que em setembro deixou a militância de mais de três décadas no PRI, acabou surpreendendo em eleições legislativas e locais que estrearam a figura da candidatura independente.

Para o analista político José Antonio Crespo, a vitória de "El Bronco" demonstra "o cansaço com os partidos" tradicionais por parte dos cidadãos de Nuevo León, cujo governador em fim de mandato, Rodrigo Medina (PRI), foi acusado de enriquecimento ilícito, mas poderia se estender a outras regiões do país.

Em Sinaloa (noroeste), dados preliminares indicam que Manuel Clouthier pode se tornar o primeiro deputado federal independente, enquanto em Guadalajara, a segunda cidade mais importante do México, o incipiente partido de esquerda Movimento Cidadão arrebatou a prefeitura, que estava nas mãos do PRI.

Para Luis Carlos Ugalde, ex-presidente do instituto federal eleitoral, a vitória de 'El Bronco' "é o mais relevante das eleições porque tem repercussões políticas de longo prazo".

Protestos

Uma corrente radical de professores e outros grupos tentaram boicotar as eleições locais e legislativas do México com o bloqueio de seções eleitorais e a queima de cédulas de votação no sul do país.

Os protestos se concentraram nos conflituosos estados de Guerrero e Oaxaca, apesar do forte dispositivo mobilizado pelo governo, com efetivos do Exército e da Polícia Federal, para garantir a realização das eleições.

No povoado de Tixtla, de 40.000 habitantes, a autoridade eleitoral de Guerrero teve de suspender a eleição, depois que pais e amigos dos 43 estudantes de Ayotzinapa, desaparecidos em setembro, impediram pela manhã a instalação de cerca de 20 seções eleitorais das 54 previstas.

Depois, enfrentaram com pedradas um grupo de pessoas armadas com pedaços de pau para impedir que continuassem seu protesto.

Mais tarde, o mesmo conselho eleitoral de Guerrero garantiu que os votos de Tixtla serão contabilizados e sua validade será determinada por um tribunal.

Essas eleições eram uma prova de fogo para Peña Nieto (2012-2018).

Apesar dos protestos, o Instituto Nacional Eleitoral (INE) - organizador das eleições - informou que 99,95% das urnas foram instaladas para que os 83 milhões de eleitores inscritos pudessem escolher seus 500 deputados (Câmara Baixa do Congresso federal), os governadores de nove dos 32 estados e quase 900 prefeituras.

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