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Parlamento líbio elege Mustafa Abu Shagur primeiro-ministro

Abu Shagur, nascido em 1951 na cidade líbia de Gerian, ao sul de Trípoli, e doutor em Engenharia Eletrônica, saiu como candidato independente


	Líbia: O novo primeiro-ministro tem doutorado no Instituto de Eletrônica da Califórnia nos Estados Unido
 (Francisco Leong/AFP)

Líbia: O novo primeiro-ministro tem doutorado no Instituto de Eletrônica da Califórnia nos Estados Unido (Francisco Leong/AFP)

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Da Redação

Publicado em 12 de setembro de 2012 às 20h52.

Trípoli - O Parlamento líbio elegeu nesta quarta-feira como novo chefe do governo transitório Mustafa Abu Shagur, o vice-primeiro ministro do governo atual, cuja prioridade é restabelecer a fragilizada segurança do país, abalada mais uma vez após a morte do embaixador dos EUA na Líbia ontem à noite.

Abu Shagur, nascido em 1951 na cidade líbia de Gerian, ao sul de Trípoli, e doutor em Engenharia Eletrônica, saiu como candidato independente frente aos candidatos dos dois principais partidos.

Após o primeiro turno, Abu Shagur superou o corte com 55 votos, junto ao ex-primeiro-ministro Mahmoud Yibril, candidato pela Aliança Força Nacional (AFN), primeiro grupo político no Congresso nacional, com 39 das 200 cadeiras, e que alcançou 86 votos.

Em terceiro lugar ficou o ministro de Eletricidade, Awad Barasi, recebido pela coalizão islamita Justiça e Construção, que com 17 legisladores é a segunda força política de um Parlamento dominado por deputados independentes (120).

No segundo turno, Abu Shagur se impôs por 96 votos, frente aos 94 que obteve Yibril, o que parece indicar que os simpatizantes do candidato islamita optaram em sua maioria por apoiar Abu Shagur, que se apresentava como prosseguimento do governo com experiência nos assuntos do Estado.

''Em primeiro lugar, represento a continuidade e tenho uma ampla experiência na administração do Estado, assim como um conhecimento dos desafios que o atual governo, no qual trabalho, enfrenta'', disse ontem Abu Shagur em um discurso perante os deputados, ainda como candidato.

O novo primeiro-ministro, doutorado no Instituto de Eletrônica da Califórnia nos Estados Unidos, e que atuou como professor em várias universidades, tem agora até 28 de setembro para nomear um novo Executivo de transição.


Entre suas prioridades estão a necessidade de resolver a questão da segurança e a estabilidade, além da estimulação da economia e do setor privado.

No entanto, sua tarefa não parece fácil, como ficou claro ontem à noite com o ataque ao consulado dos EUA em Benghazi e o posterior, a um grupo de militares, nos quais morreu o embaixador americano na Líbia, John Christopher Stevens.

O futuro primeiro-ministro, que classificou o embaixador morto como um ''querido amigo'', assegurou que o ataque terá consequências.

''Nunca há uma justificativa para esse tipo de ação. Precisa haver e haverá consequências. Aqueles que estiverem envolvidos, em qualquer nível, devem ser encontrados e castigados'', disse Abu Shagur em comunicado divulgado em seu perfil da rede social Facebook.

O ataque à embaixada começou com uma concentração de protesto contra um filme americano que satiriza o Islã, semelhante a outro que, horas antes, havia sido divulgado no Cairo, onde manifestantes salafistas invadiram na embaixada dos EUA, arrancaram a bandeira e içaram outra com a profissão de fé islâmica.

No entanto, a situação em Benghazi foi se agravando, inclusive pelos disparos dos agentes de segurança da missão diplomática contra os participantes da manifestação, por pensarem que estavam sendo atacados, segundo a versão do vice-ministro de Interior, Wanis al Sharf, que reconheceu que as forças de segurança tinham perdido o controle da situação.

''Nossa revolução não está completa simplesmente porque Kadafi se foi. Nossa revolução estará completa quando as instituições de nosso estado forem fortes, quando o armamento pesado estiver somente nas mãos do governo e nossas ruas sejam seguras para todos'', disse Abu Shagur.

Sua principal missão agora é restabelecer essa lacuna institucional e de segurança, herança do antigo regime e dos nove meses de conflito armado entre fevereiro e outubro de 2011, que deixaram o país sem polícia nem exército, embora repleto de armamentos fora do controle oficial.

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