Mundo

Parlamento acelera debate de "abandono de cargo" de Maduro

Segundo o presidente do Legislativo, a paralisação do processo de referendo revogatório contra o mandato do governante rompeu a ordem democrática

Nicolás Maduro: a Venezuela vive uma forte luta de poderes desde que a oposição assumiu, em janeiro de 2016, a maioria do Parlamento (Carlos Garcia/Reuters)

Nicolás Maduro: a Venezuela vive uma forte luta de poderes desde que a oposição assumiu, em janeiro de 2016, a maioria do Parlamento (Carlos Garcia/Reuters)

A

AFP

Publicado em 9 de janeiro de 2017 às 08h59.

O Parlamento da Venezuela, controlado pela oposição, debaterá nesta segunda-feira a declaração do presidente Nicolás Maduro em "abandono de cargo", na véspera do limite legal para que uma eventual destituição obrigue a convocação de eleições adiantadas.

"(Ponto) único: Debate sobre o exercício constitucional do cargo de Presidente da República por parte de Nicolás Maduro Moros e a necessidade de abrir uma solução eleitoral à crise", indicou a ordem do dia da sessão prevista para esta segunda-feira, divulgada no domingo.

A discussão na Assembleia Nacional será realizada na contagem regressiva de uma data emblemática, já que, se o mandato de Maduro for revogado depois da terça-feira, 10 de janeiro, seu vice-presidente, Tareck El Aissami, nomeado por ele nesta semana, assumirá o poder.

O novo presidente do Legislativo, Julio Borges, anunciou na quinta-feira que Maduro seria declarado em "abandono de cargo", ao alegar que a paralisação do processo de referendo revogatório contra o mandato do governante socialista, em outubro, rompeu a ordem democrática.

No entanto, especialistas como Pedro Afonso Del Pino consideram improvável que a medida leve à saída do poder do chefe de Estado.

"Abandonar o cargo não é exercer mal suas funções. Ocorre quando o presidente deixa de exercer o poder e isso não acontece aqui", disse à AFP o advogado constitucionalista.

A Venezuela vive uma forte luta de poderes desde que a oposição assumiu, em janeiro de 2016, a maioria do Parlamento, declarado em desacato pelo Tribunal Supremo de Justiça (TSJ) depois que juramentou três deputados cuja eleição foi anulada por suposta fraude.

Por isso, o TSJ considera "nulas" todas as decisões da câmara.

Em uma entrevista transmitida no domingo pela televisão privada Globovisión, Borges se mostrou disposto a tratar a exclusão destes parlamentares, mas advertiu que não aceitaria "uma chantagem permanente" do TSJ, acusado pela oposição de servir ao chavismo.

Maduro, enquanto isso, renovou suas acusações contra a oposição por supostos planos de golpe de Estado e colocou à frente de um "comando" para combatê-los El Aissami, que foi ministro do Interior do falecido ex-presidente Hugo Chávez entre 2008 e 2012.

"Rendam-se, porque chegou o Comando Nacional Antigolpe!", advertiu Maduro em seu programa televisivo semanal.

O grupo também é integrado por Diosdado Cabello, número dois do chavismo; Vladimir Padrino López, ministro da Defesa; Néstor Reverol, ministro do Interior; e Gustavo González López, diretor do Serviço de Inteligência.

Para líderes da oposição, a designação de El Aissami como vice-presidente foi um sinal de que o governo endureceu suas ações para enfrentar um ano de 2017 que anuncia problemas políticos e econômicos.

Acompanhe tudo sobre:GovernoNicolás MaduroVenezuela

Mais de Mundo

Netanyahu oferece quase R$ 30 milhões por cada refém libertado que permanece em Gaza

Trump escolhe Howard Lutnick como secretário de Comércio

Ocidente busca escalada, diz Lavrov após 1º ataque com mísseis dos EUA na Rússia

Biden se reúne com Lula e promete financiar expansão de fibra óptica no Brasil