Parlamentares acessam memorandos de conversas de Trump e Comey
Documentos ligados ao presidente e ao ex-diretor do FBI são supostamente parte central de investigação sobre interferência russa nas eleições
EFE
Publicado em 19 de abril de 2018 às 22h19.
O Departamento de Justiça dos Estados Unidos entregou nesta quinta-feira aos líderes de três comitês da Câmara dos Representantes os polêmicos memorandos nos quais o ex-diretor do FBI, James Comey, coletou detalhes das suas conversas com o presidente Donald Trump .
Em carta, à qual a Agência Efe teve acesso, o Departamento de Justiça notificou o envio dos memorandos a três legisladores republicanos: o presidente do Comitê Judicial, Bob Goodlatte; o líder do Comitê de Supervisão do Governo, Trey Gowdy; e o chefe do Comitê de Inteligência, Devin Nunes.
Trata-se de sete documentos que Comey redigiu desde janeiro de 2017, quando Trump tomou posse, até maio desse mesmo ano, momento no qual foi demitido pelo presidente depois que se negou a jurar-lhe "lealdade" na investigação sobre a suposta ingerência russa nas eleições de 2016, que ele liderava.
Esses sete documentos são supostamente uma parte central sobre a investigação da chamada trama russa, que, após a demissão de Comey, passou às mãos do promotor especial Robert Mueller.
Através de um amigo, Comey entregou um desses memorandos ao jornal "The New York Times" para revelar as supostas tentativas de Trump para fechar a investigação e provocar a nomeação, como finalmente ocorreu, de um promotor especial para garantir a neutralidade dos trabalhos.
Os três poderosos legisladores, aos quais o Departamento de Justiça entregou hoje os memorandos, estão investigando possíveis negligências no comportamento do Departamento de Justiça e do FBI antes das eleições de 2016, sob o governo de Barack Obama.
Na sua carta, o Departamento de Justiça notifica que aceitou os pedidos dos legisladores e explica que envia os memorandos em duas versões: uma com toda a informação de Comey e outra na qual se vetam aquelas partes que contêm dados confidenciais.
A versão que contém informação confidencial será enviada amanhã aos legisladores de maneira segura, segundo detalha o Departamento de Justiça.
Em entrevista hoje à emissora "CNN", Comey disse que apoiava a entrega dos memorandos ao Congresso e garantiu que sempre respalda qualquer esforço por transferência.
Entre outras coisas, nesses memorandos, Comey detalhou como Trump lhe pediu que pusesse fim à investigação sobre a Rússia e acabasse com a parte relativa ao ex-assessor de Segurança Nacional, Michael Flynn, que teve que pedir demissão devido aos seus comprovados contatos com o Kremlin.
Os memorandos de Comey também mostram supostamente como administrou a investigação sobre a candidata presidencial democrata Hillary Clinton pelo uso que fez de servidores particulares de e-mail para tratar assuntos oficiais quando era secretária de Estado (2009-2013).
Depois de meses de silêncio, Comey voltou à esfera pública com a publicação nesta semana do seu livro de memórias, intitulado "A Higher Loyalty: Truth, Lies, and Leadership".