Para japonesa, tsunami parou na porta de casa
Casa de Masako Sawasato não foi atingida, mas por pouco - seu jardim está cheio de escombros dos vizinhos
Da Redação
Publicado em 17 de março de 2011 às 14h26.
Ofunato, Japão - No porto pesqueiro de Ofunato, a casa de Masako Sawasato não foi alcançada pelo tsunami, mas faltou pouco: seu jardim está cheio de escombros das casas vizinhas, e três corpos apareceram nas imediações.
"Minha casa está intacta e minha familia continuará vivendo aqui, mas para meus amigos é muito difícil ficar ou conseguir recomeçar", declarou à AFP Masako Sawasato.
Quando o tsunami chegou, no dia 11 de março, ela estava dirigindo e percebeu rapidamente de precisava encontrar uma maneira de se salvar.
"A onda estava atrás de mim, e o trânsito estava lento. Por isso, decidi sair do carro e correr", contou.
Seu marido, que estava em casa, observava em estado de choque enquanto a muralha de água negra avançava em sua direção. Mas as águas do tsunami apenas lamberam as paredes de sua casa, a uma altura de poucos centímetros, e em seguida, se retiraram.
Três corpos foram encontrados muito próximos à casa, entre eles o de uma idosa que era amiga de Masako. Ela diz que ainda não conseguiu ter notícias de muitos de seus amigos, e que vários perderam parentes.
"Minha colega perdeu três filhos. Estou muito preocupada com ela", disse.
Mais de 600 pessoas foram hospitalizadas em Ofunato desde a catástrofe, a maioria pessoas mais velhas, feridas por causa do tremor e do tsunami, além de pessoas evacuadas que ficaram doentes depois de chegarem aos abrigos de emergência.
Em Ofunato, nenhum morador foi resgatado com vida dos escombros.
"Depois do terremoto, houve pessoas que sobreviveram com uma perna ou um braço machucados, mas o tsunami foi tão colossal que ninguém se salvou", lamentou o diretor do hospital da cidade, Yoshiharu Murata.
Os habitantes de Ofunato tiveram 13 minutos para escapar da onda gigante. O maremoto arrastou nesta localidade mais pessoas do que em cidades próximas ao epicentro do tremor, no mar.
Murata lembra que o hospital, construído em um ponto alto da cidade, ofereceu a seus refugiados a macabra oportunidade de contemplar como suas casas desapareciam submersas pela onda gigantesca.
"Todo mundo tinha experiência de tsunamis, mas este foi realmente gigantesco", indicou o diretor do hospital.
Sabako Otu, por sua vez, teve a sorte de estar no centro médico no momento da catástrofe.
"Minha mãe, que tinha recebido alta, deveria sair do hospital nessa hora. Se ela tivesse saído cinco minutos antes, teria sido arrastada pelo tsunami", afirmou.