Palestinos mostram indiferença com eleições israelenses
Maior parte dos palestinos perderam fé em que possa acontecer um processo de paz com os israelenses para que termine a ocupação e eles consigam tão esperada independência
Da Redação
Publicado em 18 de janeiro de 2013 às 20h10.
Ramala - Após ter conquistado o reconhecimento da ONU como Estado observador, o povo palestino acompanha com indiferença as eleições gerais em Israel, acreditando que o governo que for eleito não mudará a situação da Palestina .
A maior parte dos palestinos perderam a fé em que possa acontecer um processo de paz com os israelenses para que termine a ocupação e eles consigam a tão esperada independência, por isso as eleições do país vizinho geram mais apatia do que expectativa.
"Para mim, todos os líderes israelenses são iguais, tanto de esquerda como de direita. Todos estão contra os palestinos. Desde a criação de Israel, a única coisa que sabem fazer é deter e matar palestinos. Para mim, tanto faz quem for eleito", declarou à Agência Efe Zaid Mohammed, proprietário de uma loja de verduras em Ramala.
As palavras de Mohammed são repetidas, mas de maneira diferente, por alguns palestinos tomados pelo pessimismo em um processo eleitoral no qual a questão palestina está praticamente ausente do debate.
"É bastante preocupante que, sendo Israel uma potência de quase 4 milhões de pessoas, seus cidadãos não se importem com um tema tão relevante nessas eleições", disse Xavier Abu Eid, porta-voz da Organização para a Libertação da Palestina (OLP).
Em sua opinião, isto "simplesmente mostra que a ocupação é corrompida".
Abu Eid considera que "com a exceção de um primeiro-ministro que foi assassinado (Yitzhak Rabin), o resto dos governos israelenses realizaram o mesmo programa de colonização", motivo pelo qual a população palestina "não vê diferenças entre as diferentes opções" que concorrem nas eleições legislativas marcadas para o dia 22.
O fato de que todas as pesquisas apontem o Likud Beiteinu (formado pelo atual primeiro-ministro Benjamin Netanyahu e seu parceiro de governo, Avigdor Lieberman) como vencedor é outro fator que marca o desinteresse e, também, a falta de esperança de que haja perspectivas de mudança.
"A política israelense vai rumo à extrema direita e, portanto, não há nenhuma esperança para nosso futuro. Essas eleições são iguais às passadas. Lieberman e Netanyahu sairão vitoriosos. Não haverá nenhuma mudança positiva", lamenta Ali Nader, um joalheiro de Ramala.
Segundo ele, os políticos israelenses "estão interessados somente em duas coisas: em sua economia e em acabar com o Irã. Não é do interesse deles o conflito árabe-israelense", uma política que "reflete os interesses dos EUA na região".
O pouco entusiasmo que gera a perspectiva de uma provável continuidade de Netanyahu à frente do Executivo israelense se soma à perda de fé palestina na esquerda israelense, habitualmente mais partidária de conseguir um acordo de paz e colocar fim à ocupação dos territórios palestinos.
"Sempre pensamos que a esquerda israelense era melhor que a direita, mas Barak quebrou os ossos dos palestinos, e Rabin também. Já não espero nada da esquerda israelense. Netanyahu não quer a paz, mas a esquerda também não. É só olhar as campanhas eleitorais: quase não mencionam a Palestina, somos irrelevantes para eles", afirma Anine Ayash, empresária de Ramala de 38 anos.
Sua opinião é compartilhada por Tony Shahan, vendedor de especiarias de 61 anos que acredita que "tanto a esquerda como a direita expressam a visão de Lieberman. É o único honesto, porque diz o que pensa: é um racista e quer expulsar os palestinos da Palestina. Essa é a verdadeira política de Israel".
Samih Hmoudeh, professor de Ciências Políticas da Universidade de Bir Zeit, opina que "a experiência mostrou aos palestinos que os políticos israelenses têm diferenças sobre assuntos internos, mas não sobre a questão palestina. Nenhuma quer dar seus direitos aos palestinos nem pagar o preço da paz: querem o bolo inteiro para si".
Com relação aos candidatos para essas eleições, os palestinos consideram que "todos estiveram de uma forma ou de outra no poder e nenhum mudou nada".
Outro fator para o desencanto palestino é o pouco peso das partidos árabes-israelenses no processo eleitoral: apesar de ter 20% da população, costumam obter menos de 10% das cadeiras, e nenhum partido se atreve a pactuar com eles.
"Náo há um voto árabe, não há uma força árabe em Israel", se queixa Nader, "os políticos árabes são frágeis e estão divididos", disse.
A indiferença dos palestinos mostra cada vez mais que o povo, explica Hmoudeh, acredita que a solução para a questão palestina não virá pelas mãos de Israel, mas terá que ser imposta pela comunidade internacional.
Ramala - Após ter conquistado o reconhecimento da ONU como Estado observador, o povo palestino acompanha com indiferença as eleições gerais em Israel, acreditando que o governo que for eleito não mudará a situação da Palestina .
A maior parte dos palestinos perderam a fé em que possa acontecer um processo de paz com os israelenses para que termine a ocupação e eles consigam a tão esperada independência, por isso as eleições do país vizinho geram mais apatia do que expectativa.
"Para mim, todos os líderes israelenses são iguais, tanto de esquerda como de direita. Todos estão contra os palestinos. Desde a criação de Israel, a única coisa que sabem fazer é deter e matar palestinos. Para mim, tanto faz quem for eleito", declarou à Agência Efe Zaid Mohammed, proprietário de uma loja de verduras em Ramala.
As palavras de Mohammed são repetidas, mas de maneira diferente, por alguns palestinos tomados pelo pessimismo em um processo eleitoral no qual a questão palestina está praticamente ausente do debate.
"É bastante preocupante que, sendo Israel uma potência de quase 4 milhões de pessoas, seus cidadãos não se importem com um tema tão relevante nessas eleições", disse Xavier Abu Eid, porta-voz da Organização para a Libertação da Palestina (OLP).
Em sua opinião, isto "simplesmente mostra que a ocupação é corrompida".
Abu Eid considera que "com a exceção de um primeiro-ministro que foi assassinado (Yitzhak Rabin), o resto dos governos israelenses realizaram o mesmo programa de colonização", motivo pelo qual a população palestina "não vê diferenças entre as diferentes opções" que concorrem nas eleições legislativas marcadas para o dia 22.
O fato de que todas as pesquisas apontem o Likud Beiteinu (formado pelo atual primeiro-ministro Benjamin Netanyahu e seu parceiro de governo, Avigdor Lieberman) como vencedor é outro fator que marca o desinteresse e, também, a falta de esperança de que haja perspectivas de mudança.
"A política israelense vai rumo à extrema direita e, portanto, não há nenhuma esperança para nosso futuro. Essas eleições são iguais às passadas. Lieberman e Netanyahu sairão vitoriosos. Não haverá nenhuma mudança positiva", lamenta Ali Nader, um joalheiro de Ramala.
Segundo ele, os políticos israelenses "estão interessados somente em duas coisas: em sua economia e em acabar com o Irã. Não é do interesse deles o conflito árabe-israelense", uma política que "reflete os interesses dos EUA na região".
O pouco entusiasmo que gera a perspectiva de uma provável continuidade de Netanyahu à frente do Executivo israelense se soma à perda de fé palestina na esquerda israelense, habitualmente mais partidária de conseguir um acordo de paz e colocar fim à ocupação dos territórios palestinos.
"Sempre pensamos que a esquerda israelense era melhor que a direita, mas Barak quebrou os ossos dos palestinos, e Rabin também. Já não espero nada da esquerda israelense. Netanyahu não quer a paz, mas a esquerda também não. É só olhar as campanhas eleitorais: quase não mencionam a Palestina, somos irrelevantes para eles", afirma Anine Ayash, empresária de Ramala de 38 anos.
Sua opinião é compartilhada por Tony Shahan, vendedor de especiarias de 61 anos que acredita que "tanto a esquerda como a direita expressam a visão de Lieberman. É o único honesto, porque diz o que pensa: é um racista e quer expulsar os palestinos da Palestina. Essa é a verdadeira política de Israel".
Samih Hmoudeh, professor de Ciências Políticas da Universidade de Bir Zeit, opina que "a experiência mostrou aos palestinos que os políticos israelenses têm diferenças sobre assuntos internos, mas não sobre a questão palestina. Nenhuma quer dar seus direitos aos palestinos nem pagar o preço da paz: querem o bolo inteiro para si".
Com relação aos candidatos para essas eleições, os palestinos consideram que "todos estiveram de uma forma ou de outra no poder e nenhum mudou nada".
Outro fator para o desencanto palestino é o pouco peso das partidos árabes-israelenses no processo eleitoral: apesar de ter 20% da população, costumam obter menos de 10% das cadeiras, e nenhum partido se atreve a pactuar com eles.
"Náo há um voto árabe, não há uma força árabe em Israel", se queixa Nader, "os políticos árabes são frágeis e estão divididos", disse.
A indiferença dos palestinos mostra cada vez mais que o povo, explica Hmoudeh, acredita que a solução para a questão palestina não virá pelas mãos de Israel, mas terá que ser imposta pela comunidade internacional.