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Otan pede contribuição com fundos para sair do Afeganistão

Segundo Anders Fogh Rasmussen, manter a segurança nos atuais tempos de "austeridade econômica" é "um dos desafios mais urgentes" para a Aliança

Anders Fogh Rasmussen: "Temos que preparar o terreno para quando nossas economias melhorem, porque a segurança é base para a prosperidade", assinalou o secretário-geral  (Odd Andersen/AFP)
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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2012 às 20h01.

Bruxelas - A Otan fez uma chamada a todos seus membros, nesta terça-feira, para que mantenham uma despesa militar suficiente e não ponham em risco a segurança por conta dos cortes orçamentários, em um momento no qual a Aliança prepara-se para uma mudança radical com sua saída do Afeganistão.

"Necessitamos de uma despesa inteligente e suficiente. Sei que a prioridade em muitos países é adequar os orçamentos, mas também temos que preparar o terreno para quando nossas economias melhorem, porque a segurança é base para a prosperidade", assinalou o secretário-geral, Anders Fogh Rasmussen, após a primeira jornada da reunião realizada com os ministros de Defesa do bloco.

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Segundo Rasmussen, manter a segurança nos atuais tempos de "austeridade econômica" é "um dos desafios mais urgentes" para a Aliança.

A mensagem é dirigida, sobretudo, aos membros europeus da organização, os que mais cortaram o investimento em Defesa e que receberam pedidos explícitos de Washington para que forneçam mais.

As carências europeias ficaram em evidência na operação desenvolvida no ano passado na Líbia, quando necessitaram de ajuda dos Estados Unidos.

Segundo fontes da Otan, a despesa militar americana representou em 2011 77% do total da Aliança Atlântica e só 4 países da organização alcançam uma despesa em Defesa de 2% de seu Produto Interno Bruto (PIB).


Hoje, os vinte e oito aliados repassaram os progressos obtidos em sua iniciativa da "Defesa Inteligente", desenhada precisamente para aumentar a cooperação em matéria militar e reduzir o impacto dos cortes da despesa.

A estratégia, estipulada em maio na última cúpula da organização, conta com mais de 20 projetos multinacionais com os quais se pretende garantir que a Otan mantenha as munições inteligentes, aviões de vigilância e equipes de reabastecimento em voos.

O ministro francês de Defesa, Jean-Yves Le Drian, também pediu para acelerar essa estratégia, em entrevista coletiva realizada nesta terça.

Uma das grandes preocupações dos aliados é manter a "disponibilidade" e garantir que não interrompam seus exércitos uma vez que termine a operação de combate no Afeganistão, onde trabalharam unidos durante quase uma década.

Com esse objetivo, Rasmussen explicou que o bloco está estudando novos usos para seus limitados fundos comuns, algo que poderia dar prioridade ao treino conjunto ou a aquisição de material que possa ser usado por vários países.

Em 2014, quando terminará a retirada de tropas do Afeganistão, fontes da Aliança qualificam como um "momento crucial" para o futuro da organização.

Na quarta-feira, os ministros da Defesa repassarão a situação no país e recalcarão o compromisso com o calendário previsto, disse Rasmussen.


Os ministros darão atenção especial ao forte aumento dos ataques contra as tropas aliadas, perpetrados por soldados e policiais afegãos.

Este tipo de ações tiraram a vida de 53 soldados da Otan neste ano e "minaram a confiança" entre as forças internacionais e seus parceiros afegãos, como admitiu na semana passada o secretário-geral.

Além disso, segundo fontes diplomáticas, teme-se que o problema possa crescer conforme a Otan for retirando suas tropas do país e deixe no Afeganistão um operacional centrado quase exclusivamente em formar e dar apoio às forças de segurança do governo.

Os ministros também devem respaldar as grandes linhas políticas sobre as que se assentará essa missão, cujos detalhes serão discutidos ao longo do próximo ano.

Embora não figure na agenda, a tensa situação entre Turquia e Síria foi o assunto central da reunião ministerial.

Rasmussen assegurou que a Aliança tem "todos os planos necessários preparados" para defender a Turquia de ataques sírios.

O político dinamarquês, no entanto, insistiu que a Otan espera que "não seja necessário" atuar e defendeu uma solução política ao conflito.

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