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Otan está pronta para confronto direto com a Rússia, diz chefe de comitê militar

A declaração, feita à TV Portuguesa no fim da semana passada, veio a público poucos dias depois de Alemanha e EUA anunciarem o envio de tanques para a Ucrânia

Otan: as afirmações do almirante foram feitas em uma entrevista à emissora portuguesa RTP (Sean Gallup/Reuters)
EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 30 de janeiro de 2023 às 14h12.

Última atualização em 30 de janeiro de 2023 às 14h21.

O presidente do Comitê Militar da Otan, o almirante Rob Bauer, da Marinha da Holanda, afirmou que a aliança ocidental está preparada para um conflito direto com a Rússia e defendeu que os países-membros mantenham uma "economia de guerra" em tempos de paz. As afirmações do almirante foram feitas em uma entrevista à emissora portuguesa RTP.

"Depois do início da guerra, fizemos grupos de batalha ao longo do flanco oriental. Tínhamos quatro no norte, nos três Estados bálticos e na Polônia, e reforçaram a presença deles. Os líderes [ da Otan ], em Madri, decidiram criar mais quatro grupos de batalha, na Eslováquia, Hungria, Romênia e Bulgária, e essencialmente reforçar esses grupos, torná-los um pouco maiores dar-lhes mais algum apoio bélico, estoques de munição e outras coisas. Creio que isso é uma mensagem importante para os russos, de que a nossa postura mudou e estamos preparados se eles tiverem a ideia de atacar a Otan", respondeu Bauer, ao ser questionado se a organização estaria pronta caso a Rússia avançasse contra o bloco.

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A declaração, feita à TV Portuguesa no fim da semana passada, veio a público poucos dias depois de Alemanha e EUA anunciarem o envio de tanques para a Ucrânia — anúncios feitos com cuidado por Berlim e Washington a fim de não escalar as tensões no Leste Europeu. Durante a entrevista, Bauer teve cuidado em classificar o envio dos tanques como uma ajuda defensiva a Kiev.

Economia de guerra

Na mesma entrevista, o almirante defendeu que os países-membros da Otan deveriam manter uma "economia de guerra em tempos de paz", para garantir a segurança do bloco no caso de uma futura agressão, considerando ensinamentos aprendidos com o conflito entre russos e ucranianos.

"O que vemos nos dois lados é um grande uso de munição. Há uma grande destruição, em termos de veículos, tanques, aeronaves e há muitas coisas que é necessário adquirir dos dois lados para prosseguir os combates em material e munição. Portanto, o desafio para os dois lados é que as indústrias de defesa no Ocidente e na Rússia têm de aumentar a produção", disse Bauer.

"Basicamente, temos hoje uma economia de 'apenas o suficiente no momento'. Tudo o que fazemos no Ocidente baseou-se nesta ideia. Ter armazenamentos não era inteligente, porque era dinheiro morto. E agora vemos que estamos utilizando mais munição do que esperávamos, e é preciso buscar munições em um armazém. Por isso estamos falando de estoques, de coisas que estão lá não porque você necessariamente vai precisar delas, mas uma vez que você precise, será com urgência."

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