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Os fatores que impedem Dilma de demitir o ministro dos Transportes

Conflitos com a base aliada e o dedo do ex-presidente Lula estão entre as explicações

Lula e Alfredo Nascimento: demissão do ministro esbarra no ex-presidente (Agência Brasil)
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Da Redação

Publicado em 6 de julho de 2011 às 16h15.

São Paulo – As denúncias da revista Veja sobre um esquema de cobrança de propinas no Ministério dos Transportes causaram o afastamento de vários servidores do órgão, incluindo o diretor do Departamento Nacional de Infraestrutura em Transportes, Luiz Pagot, que será exonerado do cargo ao voltar de férias. No entanto, o ministro Alfredo Nascimento (PR) foi poupado de uma demissão sumária.

Agora, ele terá de dar explicações ao Congresso Nacional assim como aconteceu com o ministro da Ciência e Tecnologia, Aloizio Mercadante, no episódio do dossiê dos aloprados. O caso Antonio Palocci ensinou aos políticos que o silêncio pode ser insustentável nessas ocasiões.

Dada a gravidade das denúncias, fica a pergunta: Por que a presidente Dilma ainda não demitiu o ministro dos Transportes? Ao adiar a decisão e dar tempo para Alfredo Nascimento tentar explicar o que ocorria em sua pasta, a presidente da República sabe que corre um sério risco de aumentar ainda mais o desgaste político do seu governo. A oposição, é claro, faz barulho com ameaça de CPI.

O que estaria, então, por trás dessa “titubeada” de Dilma Rousseff? Por que a presidente fez a opção pelo caminho mais difícil? Veja a seguir quatro explicações.

1 Alfredo Nascimento é da cota de Lula

Demitir Alfredo Nascimento seria colocar para fora do governo Dilma o segundo ministro indicado pelo ex-presidente Lula. O primeiro foi Antonio Palocci, que caiu após a divulgação de que ganhou milhões de reais em prestação de consultoria a empresas privadas, inclusive durante a campanha eleitoral de 2010.

2 O suplente de Alfredo Nascimento no Senado também é da cota de Lula

Enquanto estiver no Ministério dos Transportes, Alfredo Nascimento, do PR, deixa a sua vaga no Senado livre para o petista João Pedro, do Amazonas, algo que já acontecera entre abril de 2007 e abril de 2009. João Pedro é sindicalista e um grande amigo do ex-presidente Lula. Há quem diga, inclusive, que Nascimento só era ministro de Lula para liberar o assento ao petista no Senado.

3Demissão do ministro poderia causar mais problemas na base aliada

Uma eventual demissão de Alfredo Nascimento significaria alguns problemas com a base aliada. O primeiro envolve o PT, que perderia a vaga no Senado atualmente ocupada por João Pedro. Sem função, Alfredo Nascimento, do PR, retomaria seu mandato no Congresso. Além disso, a saída dele dos Transportes e sua substituição por alguém do PMDB ou do PT geraria revolta no PR. Embora tenha uma ampla base no Congresso, a presidente Dilma já percebeu que não consegue aprovar facilmente suas propostas – vide Código Florestal – sem distribuir afagos aos aliados. O PR, fruto da fusão do PL com o Prona, tem 7 senadores e 40 deputados federais.

4Demitir Alfredo Nascimento é reconhecer que há corrupção no governo

Embora a saída de Antonio Palocci tenha significado a perda do principal ministro de Dilma, o caso ficou restrito a problemas de conflito de interesses anteriores ao início do atual governo. As graves denúncias não respingaram na imagem da presidente. Agora, uma eventual demissão de Alfredo Nascimento significaria a admissão de que há corrupção no atual governo. Está em jogo a credibilidade da nova gestão, que tenta criar a imagem de eficiência administrativa.

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São Paulo – As denúncias da revista Veja sobre um esquema de cobrança de propinas no Ministério dos Transportes causaram o afastamento de vários servidores do órgão, incluindo o diretor do Departamento Nacional de Infraestrutura em Transportes, Luiz Pagot, que será exonerado do cargo ao voltar de férias. No entanto, o ministro Alfredo Nascimento (PR) foi poupado de uma demissão sumária.

Agora, ele terá de dar explicações ao Congresso Nacional assim como aconteceu com o ministro da Ciência e Tecnologia, Aloizio Mercadante, no episódio do dossiê dos aloprados. O caso Antonio Palocci ensinou aos políticos que o silêncio pode ser insustentável nessas ocasiões.

Dada a gravidade das denúncias, fica a pergunta: Por que a presidente Dilma ainda não demitiu o ministro dos Transportes? Ao adiar a decisão e dar tempo para Alfredo Nascimento tentar explicar o que ocorria em sua pasta, a presidente da República sabe que corre um sério risco de aumentar ainda mais o desgaste político do seu governo. A oposição, é claro, faz barulho com ameaça de CPI.

O que estaria, então, por trás dessa “titubeada” de Dilma Rousseff? Por que a presidente fez a opção pelo caminho mais difícil? Veja a seguir quatro explicações.

1 Alfredo Nascimento é da cota de Lula

Demitir Alfredo Nascimento seria colocar para fora do governo Dilma o segundo ministro indicado pelo ex-presidente Lula. O primeiro foi Antonio Palocci, que caiu após a divulgação de que ganhou milhões de reais em prestação de consultoria a empresas privadas, inclusive durante a campanha eleitoral de 2010.

2 O suplente de Alfredo Nascimento no Senado também é da cota de Lula

Enquanto estiver no Ministério dos Transportes, Alfredo Nascimento, do PR, deixa a sua vaga no Senado livre para o petista João Pedro, do Amazonas, algo que já acontecera entre abril de 2007 e abril de 2009. João Pedro é sindicalista e um grande amigo do ex-presidente Lula. Há quem diga, inclusive, que Nascimento só era ministro de Lula para liberar o assento ao petista no Senado.

3Demissão do ministro poderia causar mais problemas na base aliada

Uma eventual demissão de Alfredo Nascimento significaria alguns problemas com a base aliada. O primeiro envolve o PT, que perderia a vaga no Senado atualmente ocupada por João Pedro. Sem função, Alfredo Nascimento, do PR, retomaria seu mandato no Congresso. Além disso, a saída dele dos Transportes e sua substituição por alguém do PMDB ou do PT geraria revolta no PR. Embora tenha uma ampla base no Congresso, a presidente Dilma já percebeu que não consegue aprovar facilmente suas propostas – vide Código Florestal – sem distribuir afagos aos aliados. O PR, fruto da fusão do PL com o Prona, tem 7 senadores e 40 deputados federais.

4Demitir Alfredo Nascimento é reconhecer que há corrupção no governo

Embora a saída de Antonio Palocci tenha significado a perda do principal ministro de Dilma, o caso ficou restrito a problemas de conflito de interesses anteriores ao início do atual governo. As graves denúncias não respingaram na imagem da presidente. Agora, uma eventual demissão de Alfredo Nascimento significaria a admissão de que há corrupção no atual governo. Está em jogo a credibilidade da nova gestão, que tenta criar a imagem de eficiência administrativa.

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