Oposição venezuelana descarta retomada de diálogo com Maduro
O principal delegado de Maduro, Jorge Rodríguez, anunciou na terça-feira que Celli viajará à Venezuela para tratar de reativar a negociação
AFP
Publicado em 11 de janeiro de 2017 às 20h03.
A oposição venezuelana descartou nesta quarta-feira uma retomada do diálogo com o governo do presidente Nicolás Maduro, congelado desde dezembro passado, mas se mostrou disposta a conversar com o enviado do Papa Francisco.
"O diálogo não pode ser concebido como uma maneira de fazer o país perder tempo", declarou Jesús Torrealba, secretário-executivo da coalizão opositora Mesa da Unidade Democrática (MUD).
Alegando que o governo não cumpriu com os acordos acertados, os delegados opositores suspenderam sua participação, em 6 de dezembro passado, quando deveria ocorrer a terceira rodada de negociações para superar a crise política e econômica.
Na próxima sexta-feira vence o prazo proposto pelo Vaticano e a União das Nações Sul-Americanas (Unasul) - facilitadores do diálogo - para se criar as condições que permitam a retomada do diálogo.
Os facilitadores haviam exortado os poderes públicos a se "abster de tomar decisões" passíveis de torpedear os contatos, mas as tensões acabaram se aprofundando.
A maioria opositora do Parlamento declarou esta semana Maduro em "abandono do cargo", ao responsabilizá-lo pela crise, e exigiu a convocação de eleições presidenciais.
Esta decisão é considerada ilegal pelo chavismo, que pediu sua anulação pelo Supremo Tribunal e uma ação penal contra os deputados que aprovaram a medida.
Apesar de rejeitar os contatos diretos com o governo, Torrealba contemplou a possibilidade de um encontro com o enviado do Papa, monsenhor Claudio María Celli.
"Se por alguma razão aqui chegar na próxima sexta um representante do Vaticano, monsenhor Celli ou qualquer outro, vamos recebê-lo com os braços abertos".
O principal delegado de Maduro, Jorge Rodríguez, anunciou na terça-feira que Celli viajará à Venezuela para tratar de reativar a negociação.
"Nos entrevistamos com monsenhor Celli em sua residência e ele nos manifestou que o papa Francisco persiste em acompanhar o diálogo na Venezuela", declarou Rodríguez, que se reuniu com o religioso na sexta-feira passada, em Roma.
A MUD exige a convocação de eleições, mas o chavismo nega discutir este tema na mesa de negociações.
"Não discutimos e nem vamos discutir (...) antecipar qualquer data para as eleições presidenciais", afirmou Rodríguez.
As eleições estão previstas para dezembro de 2018.