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Oposição da Venezuela teme medidas que limitam eleições

Suprema Corte ordenou que os principais partidos opositores se "renovem" sob condições descritas como impossíveis de cumprir

Nicolás Maduro: medidas chegam no momento em que o índice de aprovação de Maduro paira na casa dos 20% (Marco Bello/Reuters)
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Reuters

Publicado em 17 de fevereiro de 2017 às 10h52.

Caracas - O governo da Venezuela está adotando medidas que podem excluir alguns partidos políticos de oposição de eleições futuras, o que pode abrir caminho para o governista Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV) se manter no poder apesar da revolta generalizada com a economia.

A Suprema Corte, fiel ao presidente socialista, Nicolás Maduro, ordenou que os principais partidos opositores se "renovem" por meio de petições cujas condições são tão rígidas que os líderes partidários, e até uma autoridade eleitoral, as descreveram como impossíveis de cumprir.

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Já autoridades do PSUV desdenham das queixas. Eles dizem que os candidatos anti-Maduro poderão concorrer pela coalizão Mesa de Unidade Democrática (MUD), que foi dispensada da coleta de assinaturas, ainda que as maiores legendas da oposição sejam barradas.

Mas autoridades socialistas de destaque também estão tentando proibir a MUD, acusando-a de fraude eleitoral. Críticos do governo ressaltam essa atitude e a ordem de "renovação" como sinais de que os governistas estão buscando concorrer, na prática, sem adversários nas eleições estaduais e na presidencial de 2018.

Investidores de posse dos títulos altamente rentáveis da Venezuela contavam que Maduro fosse substituído por um governo mais simpático com o empresariado em 2019.

A perspectiva de os partidos de oposição serem impedidos de participar das eleições pode causar preocupação em Washington, onde o governo do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, colocou o vice de Maduro, Tareck El Aissami, em uma lista negra nesta semana e pediu a libertação do líder opositor preso Leopoldo López.

Os oponentes de Maduro afirmam que sua estratégia é semelhante à do presidente de esquerda da Nicarágua, Daniel Ortega, que obteve uma terceira vitória eleitoral consecutiva tranquila em novembro depois que uma alta corte tirou o líder do principal partido rival da corrida - o veredicto só manteve no páreo um candidato visto por muitos como aliado disfarçado de Ortega.

"O regime está preparando eleição de estilo nicaraguense sem partidos políticos e com falsos candidatos de oposição escolhidos pelo governo", disse o parlamentar e ex-presidente do Congresso Henry Ramos no Twitter, insinuando que Caracas irá tentar usar aliados disfarçados como se fossem parte da oposição.

As medidas chegam no momento em que o índice de aprovação de Maduro paira na casa dos 20 por cento devido à revolta com a escassez crônica de alimentos, que provoca saques rotineiros em supermercados e obriga muitos venezuelanos a pular refeições.

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