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Operação tenta salvar 70 mil ovos de tartarugas

Ovos serão transportados por quase mil quilômetros até praias não atingidas pelo vazamento de petróleo

Tartaruga morta pelo óleo em praia do Mississippi (AFP/Joe Raedle)
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Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 04h10.

Miami - Uma das maiores operações para salvar tartarugas marinhas da história será realizada nos próximos dias no Golfo do México, com a retirada de 70.000 ovos destes animais de praias sujas de petróleo na Flórida e no Alabama, informaram as autoridades.

Para evitar que as crias se contaminem ao nascer com o petróleo das praias, os ovos serão transportados em caminhões de uma conhecida empresa de correio privado 1.000 km até a região de Cabo Cañaveral, no Atlântico, e colocados em um depósito para ser incubados sob condições similares às de um ninho na areia, informaram funcionários de entidades ambientais.

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"O período de incubação dura entre 50 e 60 dias e quando estiverem no ponto de eclosão, os ovos serão levados às praias do centro-leste da Flórida durante a noite para que (as tartaruguinhas) possam entrar no mar", disse Patricia Behnke, encarregada de conservação de espécies de hábitat na Comissão de Conservação da Vida Silvestre da Flórida (FWC), à AFP.

As praias da Flórida reúnem a maior concentração de ninhos de tartaruga dos Estados Unidos. As tartarugas dão cria entre abril e setembro, e um grande número de ninhos fica na região noroeste deste estado do sul dos EUA, alcançada pelo gigantesco vazamento de petróleo da companhia petrolífera britânica BP.

"Há 700 ninhos de tartaruga na Flórida e a área afetada, e o número de ovos em cada um está entre os 100 e os 128", disse Behnke, elevando o total de crias resgatadas eventualmente para 70.000.

"Um plano como este não tem absolutamente nenhum precedente e é algo que os cientistas não queriam nunca ter que fazer", mas "as crias enfrentariam um alto risco e muito provavelmente não sobreviveriam" ao contato com o petróleo, disse a agente.


O plano de coleta de ovos de tartarugas, que se realiza escavando na areia praticamente com as mãos para não danificá-los, estará em pleno funcionamento em meados de julho e que se estenderá por quatro meses, explicou.

"Temos pessoas que trabalham como voluntários e vão diariamente muito cedo à praia pra revisar os ninhos e qualquer que seja o número de ovos, os colocam" em um recipiente especialmente acondicionado com areia e outros elementos de proteção, na qual são transportados fora da área, informou.

Trabalham na operação de salvamento, além da FWC, o Serviço federal de Pesca e Vida Silvestre (USFWS) e a agência oceânica e meteorológica americana (NOAA).

A NOAA admitiu, por sua vez, que a maciça operação não é odeal porque muitos ovos poderiam sofrer danos por falta de condições adequadas, mas afirmou que não fazê-lo poderia implicar em perder quase uma geração inteira - quase todos os filhotes de tartarugas marinhas deste ano - na região norte do Golfo.

O maior número de tartarugas resgatadas corresponderá à espécie tartaruga-cabeçuda, a maior tartaruga marinha de casco duro do mundo, que na idade adulta alcança mais de 80 kg.

Grupos de proteção de animais disseram esta semana que 430 tartarugas, algumas delas de espécies em risco de extinção, morreram até o momento por causa do vazamento de petróleo da BP, iniciado em 20 de abril, e que se tornou o maior desastre ecológico da história dos Estados Unidos.

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