Mundo

ONU: sentença contra Taylor adverte outros chefes de Estado

Esta é a primeira vez desde Nuremberg (1945-1946) que um tribunal internacional emite uma sentença contra um ex-chefe de Estado

Atualmente, o ex-presidente da Costa do Marfim Laurent Gbagbo e o ex-líder servo-bósnio Radovan Karadzic estão detidos e acusados por crimes contra a humanidade, o presidente do Sudão, Omar Hassan Ahmad al-Bashir, está igualmente acusado pela Justiça internacional (Peter Dejong/AFP)

Atualmente, o ex-presidente da Costa do Marfim Laurent Gbagbo e o ex-líder servo-bósnio Radovan Karadzic estão detidos e acusados por crimes contra a humanidade, o presidente do Sudão, Omar Hassan Ahmad al-Bashir, está igualmente acusado pela Justiça internacional (Peter Dejong/AFP)

DR

Da Redação

Publicado em 26 de abril de 2012 às 13h39.

Genebra - A sentença do Tribunal Especial de Serra Leoa contra o ex-presidente liberiano Charles Taylor por crimes de guerra e contra-humanidade na guerra civil de Serra Leoa (1991-2002) é "uma advertência clara" para outros chefes de Estado que estão cometendo crimes similares, declarou a ONU nesta quinta-feira.

"Esta é a primeira vez desde Nuremberg (1945-1946) que um tribunal internacional emite uma sentença contra um ex-chefe de Estado", declarou a alta comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Navi Pillay.

Segundo Navi, o fato de "um ex-presidente, que exerceu uma imensa influência em um país vizinho - onde milhares de pessoas foram assassinadas -, ter sido detido, julgado em processo internacional justo e declarado culpado por crimes graves" deve ser um sinal de alerta para outros líderes envolvidos em atos similares.

Atualmente, o ex-presidente da Costa do Marfim Laurent Gbagbo e o ex-líder servo-bósnio Radovan Karadzic estão detidos e acusados por crimes contra a humanidade, enquanto o presidente do Sudão, Omar Hassan Ahmad al-Bashir, está igualmente acusado pela Justiça internacional.

A alta comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos, por outro lado, também ressaltou que "é importante reconhecer que Taylor ainda pode recorrer e que sua culpabilidade não estará totalmente definida até o final do processo judicial".

No entanto, Navi considerou que a decisão do Tribunal Especial contra Taylor - por ter dado apoio logístico, moral e bélico às forças rebeldes de Serra Leoa realizar massacres - representa de maneira geral um novo passo no desenvolvimento da justiça internacional.

"Os dias em que os tiranos e os assassinos em massa podiam, mesmo que derrubados, ter uma vida de luxo em outras terras terminaram", defendeu.

O Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) também se manifestou sobre a sentença contra Taylor, assinalando que se trata de uma vitória para milhares de crianças que foram recrutados durante a guerra civil em Serra Leoa, algumas com menos de 15 anos.

O organismo precisou que as crianças que participaram desse conflito foram utilizadas como combatentes, escudos humanos, escravos sexuais e mão de obra nas minas de diamantes.

Após o final da guerra, aproximadamente 14 mil crianças foram libertadas e reintegradas à sociedade através de diferentes mecanismos. Segundo a Unicef, metade dessas crianças conseguiram retornar a suas famílias.

Acompanhe tudo sobre:ÁfricaGuerrasJustiçaONU

Mais de Mundo

Javier Milei converte empresa estatal de notícias em agência de publicidade do governo

Eleições na Venezuela: campanha de Maduro diz estar certa da vitória em eleições

Mulino assume o poder no Panamá desafiado pela economia e crise migratória

Suprema Corte dos EUA pede revisão de leis de redes sociais por tribunais inferiores

Mais na Exame