ONU recruta 40 aéreas para distribuir vacinas a países pobres
As primeiras iniciativas fornecerão vacinas para cerca de 20% das populações locais, com prioridade para profissionais de saúde e outros grupos-chave
Bloomberg
Publicado em 17 de novembro de 2020 às 14h26.
Última atualização em 17 de novembro de 2020 às 14h27.
O Fundo das Nações Unidas para a Infância busca recrutar algumas das maiores operadoras do setor de aviação para ajudar a distribuir uma vacina contra o coronavírus aos países mais pobres do mundo.
O Unicef realizou uma teleconferência com cerca de 40 companhias aéreas na segunda-feira com o objetivo de discutir planos para o transporte aéreo global e identificar quais tarefas cada parte poderia realizar, de acordo com Glyn Hughes, responsável pelo segmento de carga da Associação Internacional de Transporte Aéreo (IATA na sigla em inglês), que ajudou a organizar a reunião.
O Unicef, que já é o maior comprador de vacinas do mundo, lidera esforços para comprar e distribuir vacinas contra a Covid-19 para 92 estados com fundos do programa de imunização GAVI, que reúne governos, a Organização Mundial da Saúde e o Banco Mundial. Outros 80 países de maior renda escolheram o Unicef para obter as vacinas a serem compradas, estendendo o plano para 70% da população mundial.
O chamado para as companhias aéreas foi motivado pelos resultados positivos de testes em fase final divulgados pela Pfizer e Moderna sobre suas duas vacinas, disse Hughes em entrevista. Nenhuma das duas ainda foi aprovada para uso, mas a atenção está voltada para como uma vacina eficaz pode ser distribuída, especialmente para países sem os recursos para compras em grande escala.
Companhias aéreas
Cerca de 30 das maiores companhias aéreas de carga foram convidadas a participar da teleconferência, disse Hughes. O grupo incluiu empresas de entrega expressa, como FedEx e United Parcel Service, e operadores de cargueiros exclusivos como Cargolux Airlines International.
Aéreas com grandes divisões de carga, como a Deutsche Lufthansa, também participaram, assim como companhias de voos comerciais com experiência no transporte de mercadorias especializadas, como a Virgin Atlantic Airways. Outros participantes incluíram aéreas regionais da África, América Latina e Sudeste Asiático, onde será concentrada grande parte do trabalho.
As primeiras iniciativas fornecerão vacinas para cerca de 20% das populações locais, com prioridade para profissionais de saúde e outros grupos-chave, provavelmente usando vacinas com requisitos de temperatura menos exigentes, disse Hughes. Em tempos normais, o Unicef fornece mais de 2 bilhões de vacinas por ano, que em 2019 eram avaliadas em quase US$ 1,7 bilhão.
Enorme déficit
A IATA estima que o equivalente a 8 mil aviões de carga 747 da Boeing, com capacidade de 110 toneladas, serão necessários para o transporte aéreo global de vacinas.
A indústria tem cerca de 2 mil cargueiros dedicados que geralmente transportam cerca da metade de todas as mercadorias transportadas por via aérea, enquanto 2,5 mil aviões de passageiros operam atualmente apenas com transporte de carga. Isso ainda deixa um enorme déficit que só pode ser preenchido com a abertura de mais rotas pelos governos, disse Hughes.
Embora operadoras de cargueiros estejam atualmente na movimentada temporada pré-natalina com o transporte de estoques para varejistas, Hughes disse que é vital que os aviões estejam prontos para o próximo ano em um momento em que alguns poderiam estar estacionados.
“A última coisa que queremos é que as aeronaves sejam enviadas novamente ao deserto”, disse.