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ONU reconhece que mantém contato com os talibãs há alguns anos

Segundo o chefe da legação das Nações Unidas, "as autoridades afegãs estão a par dos contatos"

Talibãs: os talibãs ganharam terreno em diferentes pontos do país (Majid Saeedi/Getty Images/Getty Images)
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EFE

Publicado em 1 de dezembro de 2016 às 13h49.

Cabul - A missão da ONU no Afeganistão, Unama, reconheceu nesta quinta-feira que mantém conversas com os talibãs há alguns anos, depois que o escritório político dos insurgentes no Catar assegurou que se reunirá em breve com o chefe da legação das Nações Unidas, Tadamichi Yamamoto.

"A Unama tornou público nos últimos anos que mantém conversas com todas as partes, inclusive os talibãs, em assuntos de paz, sobre a necessidade de adotar todas as medidas para proteger os civis e temas humanitários", disse à Agência Efe o diretor de Comunicação da missão, Liam McDowall.

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O diplomata, que evitou mencionar diretamente a possível reunião de Yamamoto, comentou que "as autoridades afegãs estão a par dos contatos da Unama em Doha" e acrescentou que continuarão aconselhando "todas" as partes do conflito.

"A Unama é uma missão política e, como tal, utiliza seus bons ofícios com todas as partes para apoiar a restauração da paz no Afeganistão e melhorar a qualidade de vida dos afegãos", acrescentou McDowall em resposta escrita.

Durante a visita de uma delegação de seis jornalistas e analistas afegãos ao escritório talibã no Catar, um evento sem precedentes que foi concluído hoje após três dias de debates, o líder insurgente Shuhabuddin Delawar anunciou que Yamamoto deve visitá-los em breve.

O líder talibã afirmou que, de fato, todos os chefes da Unama, desde a sua criação em 2002, visitaram o escritório no Catar, segundo o relato divulgado nas redes sociais por um dos integrantes da delegação visitante, o analista e professor universitário Fayiz Muhammad Zaland.

Quanto à possível ressurreição do processo de paz com o governo afegão, Delawar comentou que, para seu grupo, a paz é uma "prioridade" sobre a guerra, mas criticou o fato de o governo afegão carecer de um plano que permita "iniciar e continuar" um diálogo.

"Agora, de novo por iniciativa dos talibãs, se abre uma oportunidade para considerar o estabelecimento de um movimento entre afegãos para o início, a continuação e o sucesso de um diálogo de paz", destacou o integrante do escritório político, segundo Zaland.

No entanto, o líder insurgente reiterou que para avançar em um processo que ponha fim ao conflito iniciado após a queda de seu regime com a invasão americana em 2001, é "imprescindível" que Washington retire suas tropas do Afeganistão.

O Executivo afegão e os talibãs mantiveram uma primeira e última reunião oficial em julho de 2015, mas o processo acabou suspenso dias depois com a divulgação da morte do fundador do movimento insurgente, o mulá Omar, que tinha acontecido dois anos antes.

Desde o fim da missão de combate da Otan em dezembro de 2014, os talibãs ganharam terreno em diferentes pontos do país e já controlam cerca de um terço do território afegão, segundo dados dos EUA.

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