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ONU pede que potências ajudem países da América do Sul com venezuelanos

A entidade negocia com países fora da América do Sul para realocar os imigrantes e desafogar os países que fazem fronteira com a Venezuela

Venezuela: 2,3 milhões de venezuelanos já deixaram o país (Guadalupe Pardo/Reuters)
EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 23 de agosto de 2018 às 11h21.

Genebra - As principais agências da ONU apelam para que países de fora da América do Sul passem a ajudar na crise de refugiados venezuelanos, em uma clara indicação que os países da região já não estão dando conta do fluxo. O êxodo, segundo a entidade, é um dos maiores da história da América Latina e chegaria a 2,3 milhões de venezuelanos.

O que as entidades querem é que países de fora da América do Sul se apresentem como possíveis locais para relocalização desses refugiados, o que permitiria desafogar parte dos países de fronteira da Venezuela.

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Negociações estão ocorrendo nos bastidores com governos europeus e norte-americanos para buscar locais para esses venezuelanos, da mesma forma que foi feito com os refugiados sírios que se acumulavam no Líbano, Jordânia e Turquia.

Além disso, as entidades solicitam um socorro financeiro, diante da pressão que o fluxo está causando para os países sul-americanos em termos de gastos públicos.

Em um comunicado emitido em Genebra nesta quinta-feira, 23, o Alto Comissariado da ONU para Refugiados e a Organização Internacional de Migrações solicitaram um "maior apoio por parte da comunidade internacional aos países e comunidades na região recebendo um número cada vez maior de refugiados e migrantes da Venezuela".

A estimativa das entidades é ainda de que esse fluxo pode ganhar força nos próximos meses, colocando locais de fronteira e cidades inteiras sob intensa pressão social, como já ocorreu no último fim de semana em Roraima. Apenas desde 2015, 1,6 milhão de venezuelanos deixaram o país, com 90% deles indo para os demais países sul-americanos.

No comunicado assinado pelo chefe dos dois órgãos da ONU, Filippo Grandi e William Lacy Swing, as entidades reconhecem os esforços feitos por Brasil, Colômbia, Peru, Equador e outros no recebimento dos refugiados. Mas admitem que estão "preocupados" com recentes políticas adotadas na região "afetando refugiados e migrantes da Venezuela".

"Isso inclui novos passaportes e exigências para cruzar a fronteira no Equador e no Peru, assim como mudanças nas autorizações de estadia temporária para venezuelanos no Peru", declararam as entidades.

"Reconhecemos os crescentes desafios associados com a chegada de grande escala de venezuelanos", disse Grandi. "É crítico que qualquer nova medida continue a permitir que aqueles em busca de proteção possam ter acesso à segurança e ao pedido de asilo", insistiu.

Swing, por sua vez, apelou para que os países da região continuem a manter suas fronteiras abertas. "Confiamos que essas demonstrações de solidariedade continuem no futuro", disse.

De acordo com eles, uma preocupação especial se refere às populações mais vulneráveis, como adolescentes, mulheres, crianças que cruzam as fronteiras sozinhas ou pessoas que estejam tentando encontrar suas famílias. Muitos deles podem não ter os documentos necessários para atender aos pedidos das autoridades e acabam em situações de risco, exploração, tráfico e violência.

"A atual situação reforça a necessidade urgente para aumentar o engajamento internacional e solidariedade em apoio aos planos de governos", apontaram as entidades.

De acordo com a ONU, a comunidade internacional se comprometeu no ano passado em dar um apoio "previsível e rápido" a regiões que estejam sob pressão por um fluxo de refugiados.

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