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ONU denuncia novas restrições de países latinos para receber venezuelanos

Para tentar conter a onda migratória, países como o Equador e o Peru aumentaram suas exigências para receber imigrantes venezuelanos

Venezuela: países que fazem fronteira com a Venezuela tem recebido milhares de imigrantes nos últimos meses (Nacho Doce/Reuters)
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AFP

Publicado em 23 de agosto de 2018 às 11h56.

Última atualização em 23 de agosto de 2018 às 16h33.

A ONU pediu nesta quinta-feira aos países latino-americanos que continuem acolhendo os refugiados venezuelanos , e denunciou as novas exigências nas fronteiras implementadas pelo Equador e Peru.

Em um comunicado conjunto, o Alto Comissário das Nações Unidas para os Refugiados, Filippo Grandi, e o diretor-geral da Organização para as Migrações, William Lacy Swing, pediram um apoio maior da comunidade internacional à medida que o êxodo aumenta.

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Também se declararam "preocupados diante de vários acontecimentos recentes que afetam os refugiados e imigrantes que procedem da Venezuela".

As duas agências da ONU se referiam, em particular, aos novos requisitos de passaporte e entrada nas fronteiras do Equador e do Peru, bem como as modificações introduzidas nas autorizações temporárias de residência para os venezuelanos no Peru.

A Colômbia, que recebeu mais de um milhão de venezuelanos nos últimos 16 meses, e regularizou temporariamente 820.000 deles, denunciou a medida tomada por seus vizinhos, alegando que favorece as migrações clandestinas.

Por outro lado, mais de 400.000 venezuelanos entraram no Peru nos últimos dois anos, no âmbito da política de portas abertas que inicialmente ofereceu as autoridades ante a crise social e econômica que a Venezuela está vivenciando.

O Peru decidiu então exigir um passaporte para os venezuelanos que fugiam de seu país natal, quando detectaram sua entrada com falsas cédulas.

As tensões migratórias também estão aumentando em outros países da América Latina, como o Brasil, onde houve violentos distúrbios entre migrantes e a população da cidade de Pacaraima, em Roraiam, no final de semana.

Em função da situação, o governo brasileiro anunciou que mais de mil venezuelanos que permanecem no estado de Roraima serão distribuídos por outras cidades do Brasil.

Desde o início do ano, 820 venezuelanos foram transferidos para outras cidades brasileiras, incluindo São Paulo e Manaus.

Segundo a OIM e o ACNUR, dos 2,3 milhões de venezuelanos que vivem no exterior, mais de 1,6 milhão fugiram desde 2015, quando o país mergulhou em uma grave crise econômica e política.

Noventa por cento deles se refugiaram em países da região.

Segundo a ONU, os mais vulneráveis, como adolescentes, mulheres, pessoas que buscam familiares e crianças desacompanhadas, "não têm capacidade de atender aos requisitos de documentação e, portanto, correm maior risco de exploração, tráfico e violência".

"Reconhecemos os crescentes desafios enfrentados pela chegada em grande escala dos venezuelanos", admitiu Grandi admitiu, enfatizando "que é essencial que qualquer nova medida continue a permitir que aqueles que precisam de proteção internacional, que precisam de segurança, possam fazer seu pedido de asilo".

Reunião de 13 países

O Equador, país de passagem para muitas pessoas tentando chegar ao Peru, Chile ou Argentina, convidou os ministros das Relações Exteriores de 13 estados da região - incluindo a Venezuela - para uma reunião em 17 e 18 de setembro para discutir este importante fluxo de pessoas.

Na quarta-feira, a Colômbia anunciou que proporá à ONU a designação de um enviado especial para coordenar uma resposta regional à crise causada pela migração incomum de venezuelanos em todo o continente, informou o ministro das Relações Exteriores, Carlos Holmes Trujillo.

A autoridade venezuelana antecipou que o governo levará a proposta para a próxima Assembléia Geral das Nações Unidas.

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