ONG diz que nova Constituição egípcia anula alguns direitos
Segundo a Human Rights Watch, o documento não encerra os julgamentos militares de civis nem protege a liberdade de expressão e de culto no país
Da Redação
Publicado em 30 de novembro de 2012 às 07h44.
Cairo - A minuta da nova Constituição, aprovada nesta sexta-feira pela Assembleia Constituinte egípcia , protege alguns direitos, mas derruba outros, ao não encerrar os julgamentos militares de civis nem proteger a liberdade de expressão e de culto, denuncia a ONG Human Rights Watch (HRW).
Em comunicado divulgado hoje, a HRW lembra que a redação da minuta foi controversa, já que vários membros da Assembleia Constituinte decidiram boicotá-la ao considerar que estava dominada pelos islamitas.
A ONG também destaca que o sinal verde ao projeto foi dado depois que o presidente egípcio, Mohammed Mursi, emitiu uma declaração constitucional na semana passada para imunizar suas resoluções perante a Justiça.
"A decisão dos líderes da Assembleia Constituinte de votar uma minuta com erros e contraditória não é a forma correta de garantir os direitos fundamentais e promover o respeito à lei", assinalou o vice-diretor da HRW para o Oriente Médio e o Norte da África, Joe Stork.
O grupo ressalta que, após a aprovação, a minuta deverá ser submetida nos próximos 15 dias a um plebiscito popular, que terá que ser supervisado pelos juízes, atualmente em greve em protesto contra o decreto do presidente.
Para HRW, enquanto a Constituição dá proteção aos cidadãos contra as detenções arbitrárias e as torturas, e garante a liberdade de movimento, associação e reunião, fracassa na hora de abolir os juízos militares a civis e mantém a parcela de poder do exército.
A organização ressalta que, em minutas anteriores da Constituição, se estipulava que "nenhum civil será julgado perante o sistema de justiça militar", mas que o projeto final estabelece em seu artigo 198 que os cidadãos podem ser processados em cortes militares por crimes que prejudiquem as Forças Armadas.
Quanto à liberdade de expressão, a Carta Magna a defende em seu artigo 45, mas não estabelece suas limitações legítimas nem como torná-la compatível frente aos parágrafos 31 e 44, que estabelecem que "nenhum indivíduo pode ser insultado" e a proibição de "insultar ao profeta", indica a organização.
Segundo HRW, os artigos 31 e 44 são "limites ilegítimos" e poderiam tornar difícil qualquer reforma do código penal atual que criminaliza o "insulto" e a difamação, acusações empregadas habitualmente para processar opositores das autoridades.
Quanto à liberdade de culto, o artigo 43 garante o direito a praticar uma religião e a estabelecer templos para os muçulmanos, cristãos e judeus, mas exclui outras crenças.
Outro assunto que incomodou a HRW são os direitos das mulheres, porque a minuta não menciona especificamente a proibição da discriminação por gênero.
Embora, por outro lado, tenha sido excluído um artigo que aparecia em versões anteriores que afirmava que a igualdade das egípcias deve ser conforme às disposições da lei islâmica.
Cairo - A minuta da nova Constituição, aprovada nesta sexta-feira pela Assembleia Constituinte egípcia , protege alguns direitos, mas derruba outros, ao não encerrar os julgamentos militares de civis nem proteger a liberdade de expressão e de culto, denuncia a ONG Human Rights Watch (HRW).
Em comunicado divulgado hoje, a HRW lembra que a redação da minuta foi controversa, já que vários membros da Assembleia Constituinte decidiram boicotá-la ao considerar que estava dominada pelos islamitas.
A ONG também destaca que o sinal verde ao projeto foi dado depois que o presidente egípcio, Mohammed Mursi, emitiu uma declaração constitucional na semana passada para imunizar suas resoluções perante a Justiça.
"A decisão dos líderes da Assembleia Constituinte de votar uma minuta com erros e contraditória não é a forma correta de garantir os direitos fundamentais e promover o respeito à lei", assinalou o vice-diretor da HRW para o Oriente Médio e o Norte da África, Joe Stork.
O grupo ressalta que, após a aprovação, a minuta deverá ser submetida nos próximos 15 dias a um plebiscito popular, que terá que ser supervisado pelos juízes, atualmente em greve em protesto contra o decreto do presidente.
Para HRW, enquanto a Constituição dá proteção aos cidadãos contra as detenções arbitrárias e as torturas, e garante a liberdade de movimento, associação e reunião, fracassa na hora de abolir os juízos militares a civis e mantém a parcela de poder do exército.
A organização ressalta que, em minutas anteriores da Constituição, se estipulava que "nenhum civil será julgado perante o sistema de justiça militar", mas que o projeto final estabelece em seu artigo 198 que os cidadãos podem ser processados em cortes militares por crimes que prejudiquem as Forças Armadas.
Quanto à liberdade de expressão, a Carta Magna a defende em seu artigo 45, mas não estabelece suas limitações legítimas nem como torná-la compatível frente aos parágrafos 31 e 44, que estabelecem que "nenhum indivíduo pode ser insultado" e a proibição de "insultar ao profeta", indica a organização.
Segundo HRW, os artigos 31 e 44 são "limites ilegítimos" e poderiam tornar difícil qualquer reforma do código penal atual que criminaliza o "insulto" e a difamação, acusações empregadas habitualmente para processar opositores das autoridades.
Quanto à liberdade de culto, o artigo 43 garante o direito a praticar uma religião e a estabelecer templos para os muçulmanos, cristãos e judeus, mas exclui outras crenças.
Outro assunto que incomodou a HRW são os direitos das mulheres, porque a minuta não menciona especificamente a proibição da discriminação por gênero.
Embora, por outro lado, tenha sido excluído um artigo que aparecia em versões anteriores que afirmava que a igualdade das egípcias deve ser conforme às disposições da lei islâmica.