OMS destaca recuo, mas adverte que ebola ainda persiste
O número semanal de novos casos do ebola situou-se pela primeira vez em 7 meses abaixo de 100, mas a doença ainda não está erradicada, diz OMS
Da Redação
Publicado em 29 de janeiro de 2015 às 19h37.
Adis Adeba - O número semanal de novos casos do ebola situou-se pela primeira vez em sete meses abaixo de cem, um sinal de que a epidemia está retrocedendo, "embora ainda não tenha sido erradicada", anunciou nesta quinta-feira a Organização Mundial da Saúde ( OMS ).
A OMS confirmou a "desaceleração" da epidemia nos três países mais afetados: Guiné, Libéria, Serra Leoa, pela primeira vez desde junho de 2014.
A diminuição de casos foi particularmente sensível na Libéria, que reportou quatro novos na semana de 25 de janeiro, contra oito na semana anterior.
Em Serra Leoa foram contabilizados 65 novos casos contra 117. No entanto, na Guiné a tendência de queda parou, registrando 30 novos casos contra 20 da semana anterior.
A epidemia de febre hemorrágica provocada pelo ebola causou a morte de pelo menos 8.100 pessoas, principalmente na Guiné, na Libéria e em Serra Leoa, desde sua aparição em dezembro de 2013.
Mais de 22.000 pessoas foram contagiadas pela doença.
"A resposta ao ebola entrou numa segunda fase", tendendo a "acabar com a epidemia", destacou a OMS.
Na véspera da reunião da União Africana (UA) que tratará do tema, o coordenador especial da ONU para o combate a esta febre hemorrágica, o britânico David Nabarro disse que a epidemia do ebola não foi erradica.
"A quantidade de casos cai semana após semana e tende a zero, mas a doença ainda está presente em um terço das zonas dos três países afetados", disse Nabarro, presente na reunião de cúpula da União Africana que abordará o tema.
"Ainda temos focos ocasionais e surpresas com os novos casos", explicou Nabarro.
"Isto significa que a epidemia não foi erradicada e devemos continuar com nosso esforço, de forma mais intensa", completou.
Nabarro disse que está preocupado com chegada da temporada de chuvas e pediu a instalação de uma rede de "atores locais" antes que as precipitações dificultem o acesso a certas regiões.
O Centro Africano de Controle de Doenças que a União Africana decidiu criar em 2015 permitirá reagir com mais rapidez no caso de uma nova epidemia, destacou Nabarro.
"Levamos muito tempo para nos prepararmos. Precisamos de meios melhores de intervenção", disse o especialista ao comentar as lições da recente epidemia de ebola, a pior na história do vírus.
A comunidade internacional e a União Africana foram acusadas de passividade ante a epidemia que matou quase 9.000 pessoas em um ano, essencialmente em Guiné, Libéria e Serra Leoa.
A epidemia evidenciou o estado desastroso dos sistemas de saúde em alguns países africanos.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) destacou em 23 de janeiro a queda radical do número de pessoas contaminadas pelo vírus, mas advertiu que a situação continua sendo "extremamente preocupante" e que não era possível descartar um novo foco.
A febre hemorrágica do ebola, altamente contagiosa e com taxa de mortalidade que pode chegar a 90% dos enfermos, é transmitida por contato direto com sangue, secreções corporais (suor, excremento...), por via sexual e pelo contato com corpos contaminados.