Mundo

OIM preocupada com aumento da xenofobia no ocidente

Os fatores são a proximidade das eleições em alguns países ocidentais e a desaceleração da economia

William Lacy Swing, chefe da OIM: a imensa maioria de imigrantes trazem uma imensa contribuição para os países aonde chegam (Ali Burafi/AFP)

William Lacy Swing, chefe da OIM: a imensa maioria de imigrantes trazem uma imensa contribuição para os países aonde chegam (Ali Burafi/AFP)

DR

Da Redação

Publicado em 26 de janeiro de 2012 às 19h35.

Davos - A proximidade das eleições em alguns países ocidentais e a desaceleração da economia podem acentuar o sentimento anti-imigrantes nestes países, disse William Lacy Swing, chefe da Organização Internacional de Migrações (OIM).

À frente deste organismo intergovernamental, que reúne 146 Estados membros, Swing, entrevistado pela AFP na quarta-feira, manifestou sua preocupação abordada em um debate sobre "O futuro do capital humano" no Fórum Econômico Mundial de Davos.

AFP. Você compartilha do ambiente de pessimismo de Davos?

Swing. Minha preocupação principal, é o efeito que terá a desaceleração da economia no movimento das pessoas que procuram empregos, na formação universitária e outras coisas, com o aumento do sentimento anti-imigrantes. Com a desaceleração econômica, também na perspectiva de eleições importantes em uma quinzena de países. As pessoas serão confrontadas com as questões de imigração, é inevitável.

A questão da imigração ilegal é importante, mas é preciso perceber que grande parte dos imigrantes está aqui de forma totalmente legal, enquanto que o público geralmente pensa na questão dos imigrantes sem documentos. É compreensível, mas precisamos ver a contribuição positiva deles.

Nós tentamos trabalhar com os governos para definir as regras que vão limitar o número de pessoas que entram em um país ilegalmente, é um desafio, mas isso não é o mais importante.

AFP. O que é mais importante ?

Swing. O mais importante é reconhecer que isto é incontornável e a necessidade das migrações em grande escala em países desenvolvidos. Sem isso, alguns empregos não seriam preenchidos por causa da demografia e de outros fatores (...). Como facilitar a circulação de pessoas para esses empregos?


Não são os mais pobres que emigram. São os que têm dinheiro suficiente para emigrar. Alguns são emigrantes econômicos, outros querem realizar algum sonho, outros ainda procuram um melhor nível de educação que não podem ter em seus países. Muitos vêm para satisfazerem uma ambição e virão de qualquer maneira.

Existe um risco, mas a imensa maioria de imigrantes trazem uma imensa contribuição para os países aonde chegam: eles são muito motivados e enviam dinheiro para suas famílias.

AFP. Quais são os riscos?

Swing. É necessário se ocupar da imigração ilegal porque ela está ligada ao tráfico de humanos, e se você restringe os fluxos migratórios, você joga mais imigrantes nos braços de traficantes, um dos maiores grupos de criminosos de nosso tempo.

A OIM trabalha com os governos em programas de luta contra o tráfico de seres humanos, para reforçar as leis que punem os traficantes e dar assistência em todas as partes do mundo às vítimas do tráfico, que são acolhidas em nossos centros. A cada ano, contribuímos com o fluxo de 250 mil migrantes e nós ajudamos para que cerca de 30 mil migrantes clandestinos retornem.

Acompanhe tudo sobre:Crises em empresasDavosEleiçõesImigração

Mais de Mundo

'Todo mundo com Edmundo!': oposição esquenta campanha presidencial na Venezuela

Biden e Trump trocam ataques em atos de campanha

Muro 'anti-Haiti' vira bandeira eleitoral na República Dominicana

Grécia vai construir a maior 'cidade inteligente' da Europa, com casas de luxo e IA no controle

Mais na Exame